Ventos de Paz
Deus é Amor
"Deus é Amor" é uma
afirmação tântrica. Significa que, em nossa experiência, o amor é a única realidade
que chega mais perto de Deus, do divino. Por que? Porque no amor, a unidade é
sentida. Por isso existe tanto anseio por sexo. O anseio real é por unidade,
mas essa unidade não é sexual. No sexo, dois corpos têm somente uma sensação
ilusória de se tornarem um, mas eles não são um, eles estão apenas juntos. Mas
por um simples momento, dois corpos esquecem de si mesmos um no outro e uma
certa unidade física é sentida.
Este anseio não é ruim, mas ficar
parado nele é perigoso. Esse anseio mostra um profundo impulso para sentir-se a
unidade. No amor, em um plano superior, o eu interior se move, funde-se com o
outro e existe uma sensação de unidade. A dualidade se dissolve.
Somente nesse amor não-dual, nós
podemos ter um vislumbre de qual é o estado de um bhairava (termo sânscrito que
que designa alguém que foi além - Shiva e Devi são conhecidos como Bhairavs -
aqueles que foram além). Nós podemos dizer que o estado de um bhairava é o de
amor absoluto, sem nenhum retorno - do ápice do amor não existe queda. Permanece-se
no ápice.
Nós fizemos a morada de Shiva no
Kailash. Isso é apenas simbólico: é o cume mais elevado, o cume mais sagrado.
Nós fizemos dele a morada de Shiva. Nós poderemos ir lá, mas nós teremos de
voltar, ele ainda não pode ser nossa morada. Nós podemos ir em
peregrinações. É uma tirthyatra - uma peregrinação (meditação), uma jornada.
Nós podemos tocar, apenas por um momento, o cume mais alto; depois teremos de
voltar. No amor, essa peregrinação sagrada
acontece, mas não para todo mundo, porque quase ninguém vai além do sexo.
Assim, nós continuamos vivendo no vale, no vale escuro.
Algumas vezes alguém se move para o ápice do amor, mas então cai de
volta, porque é muito vertiginoso. Ele é tão alto e você tão baixo, é muito
difícil viver lá. Aqueles que amaram, eles sabem o quanto é difícil estar
constantemente no amor. A pessoa tem que voltar repetidas vezes.
O que é Deus? - Osho
Deus não é uma pessoa. Isto é
provavelmente o mais longo mal entendido da história. Sempre que uma mentira é
repetida por séculos ela parece verdade, mas não é. Deus é presença, não
uma pessoa. É por isso que toda adoração é sem sentido. O espírito de oração é
necessário, a oração não. Não existe ninguém para rezar, não existe
possibilidade de diálogo entre você e Deus.
Diálogo é possível apenas entre duas
pessoas, e Deus não é uma pessoa mas uma presença - como a beleza, a alegria...
o amor... Deus simplesmente significa piedade. Por causa disso é que
Buda negou a existência de Deus. Ele quis enfatizar que Deus é uma qualidade,
uma experiência - como o amor. Você não pode falar sobre o amor, você precisa
vivê-lo.
Você não precisa criar templos ao
amor, você não precisa criar estátuas ao amor, e se prostrar aos pés dessas
estátuas, isso é um contrassenso. (...) O homem tem vivido sob a pressão
de um Deus enquanto pessoa, e duas calamidades tem surgido em função disso: Uma
é o chamado homem religioso, que acredita que Deus está em algum lugar no céu e
você precisa rezar para ele, para persuadi-lo a realizar seus desejos e a
saciar suas ambições, para lhe dar prosperidade neste mundo e no outro mundo
também.
E isso é puro desperdício. E no
polo, oposto pessoas que veem a estupidez de tudo isso e se tornam ateístas;
negam a existência de Deus. Eles têm um fundo de razão, mas ainda assim estão
equivocados. Eles começaram negando não só a personalidade de Deus, mas também
a experiência de Deus. Os teístas estão errados e os ateus estão errados;
o homem precisa de uma visão nova, logo ele precisa sair dessas duas prisões.
Deus é a experiência definitiva do
silencio, da graça, uma dimensão de celebração profunda incondicionada. Uma vez
que você experimente Deus, acontece uma mudança radical em seu Ser. Então
oração não é mais válida, a meditação se torna importante. Martin Buber
dizia que orar é um diálogo entre você e Deus. Ainda existe uma relação entre
eu - você, a dualidade persiste.
Buda está mais perto da verdade; você
simplesmente salta para fora da mente, escorrega para fora da mente como uma
cobra troca de pele. Você se torna profundamente silente. Não existe nenhum
diálogo, nenhuma pergunta, nem monólogo tão pouco. Palavras desaparecem da sua
consciência. Não existem desejos a serem cumpridos.
A unicidade é aqui e agora. Nessa
tranquilidade, nessa calma total, você se torna consciente da qualidade
luminosa da existência. Então, as árvores, as montanhas, os rios, as
pessoas, tudo subitamente resplandece com uma aura luminosa. Tudo é radiante, e
tudo é a vida única se expressando sob infinitas formas.
O florescimento da existência em um
milhão de formas, em um milhão de flores. Esta experiência é Deus! E
todo mundo faz parte, porque você pode saber disso ou não, você ainda assim faz
parte disso. A única possibilidade que
existe é reconhecer isso ou não. A diferença entre uma pessoa iluminada e
outra que não é iluminada, não é uma qualidade, ambas são absolutamente iguais.
Existe apenas uma pequena diferença:
a pessoa iluminada é ciente, e reconhece o final que permeia a totalidade,
reconhece a essência sempre presente permeando tudo, vibrando, pulsando. Ela
reconhece a batida do coração do universo. Ela reconhece que o universo não
está morto, o universo é VIVO! Essa Vida é Deus! A pessoa que ainda não alcançou a
iluminação ainda dorme, vive nos seus sonhos. É claro, quando você não está
desperto para sua própria realidade, como você pode despertar para a realidade
dos outros?
A primeira experiência precisa ser
sua própria. Uma vez que você descubra a luz em você mesmo, você está apto a
ver a luz em toda parte. Deus precisa ser desembaraçado de todos os
conceitos de personalidade. Personalidade é uma prisão. Deus precisa ser desembaraçado
de qualquer forma particular; só assim pode assumir qualquer forma. Ele precisa
ser desembaraçado de qualquer nome particular, só então pode assumir todos os
nomes.
Então, a pessoa vive em perfeita
oração. (...) No entanto tudo o que ela diz é oração, tudo o que ela faz é
oração e nessa oração ela cria seu templo. Ela está sempre se movendo nessa
oração viva. Onde ela se senta se torna um lugar sagrado, tudo o que toca se
transforma em puro ouro. Se permanece em silencio, seu silencio é ouro, se
fala então seu som é ouro. Se está só, sua solitude é divina, se está com
outras pessoas suas relações são divinas. O básico, o mais importante é
estar desperto para seu Ser mais profundo, porque este é o segredo de toda a
existência.
Meditação possui duas partes, o
início e o fim. O início é chamado Dhyana, e o fim é chamado
Samadhi. Dhyana é a semente, samadhi é a flor. Dhyana significa se
tornar consciente de todos os trabalhos da mente, e todos os truques da mente -
memórias, desejos, pensamentos, sonhos - estar consciente de tudo o que se
passa dentro de você.
Dhyana é se tornar consciente, e
samadhi é quando o consciente se torna tão profundo, tão total que é como o
fogo que consome a mente e todas as funções. Consome pensamentos, desejos,
ambições, esperanças, sonhos. Consome todo o complexo que preenche a
mente. Samadhi é a dimensão onde a consciência está presente, mas nada
mais resta dentro de você.
A luz está presente mas não há mais
objetos a serem iluminados. Comece com Dhyana, com a meditação e o final
será Samadhi, o êxtase, e você saberá o que é Deus! Não é uma hipótese, é uma
experiência. Você precisa VIVER! É o único modo de
conhecê-Lo." Osho em I am That - Talks on the Isha Upanishad
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