sexta-feira, 3 de novembro de 2017

EXPERIÊNCIA E SABEDORIA - OSHO

Ventos de Paz

Deus é Amor
"Deus é Amor" é uma afirmação tântrica. Significa que, em nossa experiência, o amor é a única realidade que chega mais perto de Deus, do divino. Por que? Porque no amor, a unidade é sentida. Por isso existe tanto anseio por sexo. O anseio real é por unidade, mas essa unidade não é sexual. No sexo, dois corpos têm somente uma sensação ilusória de se tornarem um, mas eles não são um, eles estão apenas juntos. Mas por um simples momento, dois corpos esquecem de si mesmos um no outro e uma certa unidade física é sentida.
Este anseio não é ruim, mas ficar parado nele é perigoso. Esse anseio mostra um profundo impulso para sentir-se a unidade. No amor, em um plano superior, o eu interior se move, funde-se com o outro e existe uma sensação de unidade. A dualidade se dissolve.
Somente nesse amor não-dual, nós podemos ter um vislumbre de qual é o estado de um bhairava (termo sânscrito que que designa alguém que foi além - Shiva e Devi são conhecidos como Bhairavs - aqueles que foram além). Nós podemos dizer que o estado de um bhairava é o de amor absoluto, sem nenhum retorno - do ápice do amor não existe queda. Permanece-se no ápice.
Nós fizemos a morada de Shiva no Kailash. Isso é apenas simbólico: é o cume mais elevado, o cume mais sagrado. Nós fizemos dele a morada de Shiva. Nós poderemos ir lá, mas nós teremos de voltar, ele ainda não pode ser nossa morada.  Nós podemos ir em peregrinações. É uma tirthyatra - uma peregrinação (meditação), uma jornada. Nós podemos tocar, apenas por um momento, o cume mais alto; depois teremos de voltar. No amor, essa peregrinação sagrada acontece, mas não para todo mundo, porque quase ninguém vai além do sexo. Assim, nós continuamos vivendo no vale, no vale escuro.
Algumas vezes alguém se move para o ápice do amor, mas então cai de volta, porque é muito vertiginoso. Ele é tão alto e você tão baixo, é muito difícil viver lá. Aqueles que amaram, eles sabem o quanto é difícil estar constantemente no amor. A pessoa tem que voltar repetidas vezes.
 O que é Deus? - Osho
Deus não é uma pessoa. Isto é provavelmente o mais longo mal entendido da história. Sempre que uma mentira é repetida por séculos ela parece verdade, mas não é. Deus é presença, não uma pessoa. É por isso que toda adoração é sem sentido. O espírito de oração é necessário, a oração não. Não existe ninguém para rezar, não existe possibilidade de diálogo entre você e Deus.
Diálogo é possível apenas entre duas pessoas, e Deus não é uma pessoa mas uma presença - como a beleza, a alegria... o amor... Deus simplesmente significa piedade. Por causa disso é que Buda negou a existência de Deus. Ele quis enfatizar que Deus é uma qualidade, uma experiência - como o amor. Você não pode falar sobre o amor, você precisa vivê-lo.
Você não precisa criar templos ao amor, você não precisa criar estátuas ao amor, e se prostrar aos pés dessas estátuas, isso é um contrassenso. (...) O homem tem vivido sob a pressão de um Deus enquanto pessoa, e duas calamidades tem surgido em função disso: Uma é o chamado homem religioso, que acredita que Deus está em algum lugar no céu e você precisa rezar para ele, para persuadi-lo a realizar seus desejos e a saciar suas ambições, para lhe dar prosperidade neste mundo e no outro mundo também. 
E isso é puro desperdício. E no polo, oposto pessoas que veem a estupidez de tudo isso e se tornam ateístas; negam a existência de Deus. Eles têm um fundo de razão, mas ainda assim estão equivocados. Eles começaram negando não só a personalidade de Deus, mas também a experiência de Deus. Os teístas estão errados e os ateus estão errados; o homem precisa de uma visão nova, logo ele precisa sair dessas duas prisões.
Deus é a experiência definitiva do silencio, da graça, uma dimensão de celebração profunda incondicionada. Uma vez que você experimente Deus, acontece uma mudança radical em seu Ser. Então oração não é mais válida, a meditação se torna importante. Martin Buber dizia que orar é um diálogo entre você e Deus. Ainda existe uma relação entre eu - você, a dualidade persiste.
Buda está mais perto da verdade; você simplesmente salta para fora da mente, escorrega para fora da mente como uma cobra troca de pele. Você se torna profundamente silente. Não existe nenhum diálogo, nenhuma pergunta, nem monólogo tão pouco. Palavras desaparecem da sua consciência. Não existem desejos a serem cumpridos. 
A unicidade é aqui e agora. Nessa tranquilidade, nessa calma total, você se torna consciente da qualidade luminosa da existência. Então, as árvores, as montanhas, os rios, as pessoas, tudo subitamente resplandece com uma aura luminosa. Tudo é radiante, e tudo é a vida única se expressando sob infinitas formas. 
O florescimento da existência em um milhão de formas, em um milhão de flores. Esta experiência é Deus! E todo mundo faz parte, porque você pode saber disso ou não, você ainda assim faz parte disso. A única possibilidade que existe é reconhecer isso ou não. A diferença entre uma pessoa iluminada e outra que não é iluminada, não é uma qualidade, ambas são absolutamente iguais.
Existe apenas uma pequena diferença: a pessoa iluminada é ciente, e reconhece o final que permeia a totalidade, reconhece a essência sempre presente permeando tudo, vibrando, pulsando. Ela reconhece a batida do coração do universo. Ela reconhece que o universo não está morto, o universo é VIVO! Essa Vida é Deus! A pessoa que ainda não alcançou a iluminação ainda dorme, vive nos seus sonhos. É claro, quando você não está desperto para sua própria realidade, como você pode despertar para a realidade dos outros?
A primeira experiência precisa ser sua própria. Uma vez que você descubra a luz em você mesmo, você está apto a ver a luz em toda parte. Deus precisa ser desembaraçado de todos os conceitos de personalidade. Personalidade é uma prisão. Deus precisa ser desembaraçado de qualquer forma particular; só assim pode assumir qualquer forma. Ele precisa ser desembaraçado de qualquer nome particular, só então pode assumir todos os nomes.
Então, a pessoa vive em perfeita oração. (...) No entanto tudo o que ela diz é oração, tudo o que ela faz é oração e nessa oração ela cria seu templo. Ela está sempre se movendo nessa oração viva. Onde ela se senta se torna um lugar sagrado, tudo o que toca se transforma em puro ouro. Se permanece em silencio, seu silencio é ouro, se fala então seu som é ouro. Se está só, sua solitude é divina, se está com outras pessoas suas relações são divinas. O básico, o mais importante é estar desperto para seu Ser mais profundo, porque este é o segredo de toda a existência.
Meditação possui duas partes, o início e o fim. O início é chamado Dhyana, e o fim é chamado Samadhi. Dhyana é a semente, samadhi é a flor. Dhyana significa se tornar consciente de todos os trabalhos da mente, e todos os truques da mente - memórias, desejos, pensamentos, sonhos - estar consciente de tudo o que se passa dentro de você. 
Dhyana é se tornar consciente, e samadhi é quando o consciente se torna tão profundo, tão total que é como o fogo que consome a mente e todas as funções. Consome pensamentos, desejos, ambições, esperanças, sonhos. Consome todo o complexo que preenche a mente. Samadhi é a dimensão onde a consciência está presente, mas nada mais resta dentro de você.
A luz está presente mas não há mais objetos a serem iluminados. Comece com Dhyana, com a meditação e o final será Samadhi, o êxtase, e você saberá o que é Deus! Não é uma hipótese, é uma experiência. Você precisa VIVER! É o único modo de conhecê-Lo." Osho em I am That - Talks on the Isha Upanishad

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