VAMOS AJUDAR NOSSOS IRMÃOS
BANGLADESH S.O.S
Eu
estou VIVO agora mesmo de um Espaço Amiga da Criança no campo de refugiados de
Katupalong em Cox's Bazar, Bangladesh, discutindo os efeitos da crise de
refugiados de Rohingya nas crianças que foram desenraizadas e forçadas a fugir
de suas casas. Também compartilharei algumas informações sobre o trabalho da UNICEF’ para fornecer suporte que salva vidas para essas crianças.
Nossos irmãos no Bangladesh
Os irmãos de Taizé vivem no Bangladesh desde
1974. Depois de alguns anos em Chittagong, foram para a capital, Dhaka. Desde
1987, estão em Mymensingh. Desde o início, apostaram muito nos jovens, pela
criação de pequenas escolas para os pobres - actualmente, existem sete; pela
procura de meios para ajudar os estudantes a prosseguirem os seus estudos; pela
organização de encontros regulares de oração e de reflexão em diferentes
regiões do país. Um dos irmãos ensina no grande seminário de Dhaka desde há
perto de trinta anos.
Uma preocupação importante, ao longo dos anos,
é o acompanhamento das pessoas deficientes através do «Centro comunitário para
os deficientes», e as peregrinações para pessoas com deficiências físicas ou
mentais, organizadas em diferentes partes do país.
Os nossos irmãos trabalham não apenas com os
Bengalis, mas também com pessoas de diferentes tribos, em particular nas
aldeias. Tentam promover a compreensão entre os cristãos de diferentes
confissões, e com pessoas de religiões diferentes. A vida dos irmãos em
Mymensingh encontra o seu ritmo perfeito na oração, três vezes por dia.
Todas as manhãs, seis dias por semana, entre as 6h e as 15h, pessoas
doentes e muito pobres vêm à nossa casa. Durante os anos que temos passado em
Mymensingh temos podido ajudar imensas pessoas extremamente pobres que, de
outro modo, não teriam a mínima hipótese de obter tratamento médico. Uma das
consequências da pobreza no Bangladesh é a de muita gente não ter dinheiro para
se tratar quando adoece. Muitos morrem de doenças que poderiam ser facilmente
tratadas, simplesmente porque não têm dinheiro para comprar os medicamentos ou
ir ao hospital.
Aqueles que vêm sabem que nós só podemos ajudar os mais pobres de entre
eles e que, mesmo sendo pobres, lhes pedimos uma pequena contribuição de acordo
com as suas possibilidades. Se não podem pagar todos os medicamentos pagam
apenas alguns ou então participam nas despesas da viagem. Às vezes, para eles,
é mais fácil fazerem-no com produtos da sua aldeia.
Tratar dos doentes é evidentemente algo de muito bonito, mas nem sempre
é fácil. Por exemplo, há pais que, quase curados, deixam o hospital antes da
cura completa porque sabem que fazem falta aos seus filhos e que estes não
podem esperar mais. Depois de alguns meses, ou mesmo semanas, têm que voltar de
urgência ao hospital e nós temos que começar tudo novo.
Monir
Entre os que temos podido ajudar está o Monir, um jovem de 19 anos.
Ganha a vida nas ruas a recolher papel velho, latas de conserva, ferro, etc. É
muito pobre e, como muitos dos pobres, quando apanha o comboio para ir de uma
cidade à outra viaja sobre o tecto. Se viajarem sobre o tecto não têm que pagar
bilhete. Uma noite, quando viajava em cima de um comboio, três heroinómanos
começaram a pedir a cada passageiro que lhes desse 30 takas do Bangladesh
(cerca de um quarto de dólar americano). Monir deu-lhes apenas 20 takas. Eles
ficaram furiosos e atiraram-no abaixo do comboio. Ele conseguiu não cair de
cabeça, mas fez uma fractura grave da perna ao entrar por um campo de arroz
adentro, onde esperou até ao amanhecer.
De manhã, um homem ouviu-o chorar. Levou-o à estação de comboios, onde
uma mulher que lá vive teve pena dele e tratou de conseguir que fosse admitido
no hospital público. Depois ele veio ter connosco para nos contar o que se
tinha passado, pois nós conhecemos quase todas as crianças e famílias que vivem
no bairro de lata perto da estação.
O hospital de Mymensigh é enorme, com cerca de 1000 camas, mas há muitas
pessoas a dormir também no chão. Monir tinha duas fracturas na perna e muitas
outras feridas. Quando as feridas ficaram curadas, os médicos operaram a perna.
Levou-lhe muito tempo até conseguir voltar a andar correctamente. Durante os
nove meses seguintes ajudámo-lo a pagar o tratamento numa casa para pobres com
deficiência. Mais tarde, conseguiu encontrar um emprego num restaurante, não
muito longe da sua aldeia natal. Vem de vez em quando visitar-nos a Mymensingh
e é sempre uma alegria enorme falar com ele!
Common prayer in Mymensignh
Abril de 2009
Um dos irmãos que vive na fraternidade do Bangladesh escreveu as
seguintes linhas, depois de ter viajado no norte do país: «Regressei ontem a
casa, depois duma viagem de uma dúzia de dias. Visitei cinco paróquias.
Primeiro estive em Dinajpur, na paróquia de Suihari, onde houve um encontro
ecuménico de três dias que reuniu uma centena de jovens de diferentes igrejas.
Depois visitei outras quatro paróquias, onde animo encontros com jovens
que recebem uma pequena bolsa de estudos... Em Chandpukur, «o lago da lua»,
começámos a reunir este ano um grupo de jovens, no qual participam cerca de
vinte estudantes. Estiveram reunidos sábado passado. O tema deste mês é o
chamamento de Cristo: «Vem e segue-me».
Os encontros decorrem sempre com muita simplicidade: introdução e tempo
de reflexão pessoal, partilha em pequenos grupos e reunião final com todos
juntos. Os jovens não estão habituados a este tipo de encontros nem a falarem
sobre a sua própria vida. Mas pouco a pouco há algo que cresce, encorajando-os
a caminhar na fé. Os jovens vêm todos de famílias simples e fazem parte de
grupos étnicos diferentes, como os Santals, os Uraos ou os Mahalis.»
Fevereiro de 2009
Um dos irmãos escreve: «Esta manhã trabalhámos muito ‘terra a terra’ no
grupo de paz de que sou animador há dois anos. Temos regularmente encontros com
orações inter-religiosas (algo muito simples, com momentos de silêncio), em que
partilhamos sobre o sentido dos conflitos e da paz no mundo em geral, entre as
pessoas e em nós próprios. Também vamos visitar escolas e falar com jovens e
crianças. Mas como poderemos encontrar algo concreto para fazermos?
Em frente ao edifício onde nos reunimos, há um terreno vazio onde
facilmente se acumula lixo, deixando o cheiro desagradável muito forte
espalhar-se por toda a rua, sobretudo na estação quente do ano. Por isso, no
grupo, alguém propôs que transformássemos a lixeira num jardim! Fomos à Câmara
Municipal e, depois de termos o sinal verde das autoridades, tirámos de lá as
vacas que vagueavam por ali e pusemos uma cerca. Esta manhã limpámos tudo e
agora podemos plantar árvores, para evitar que o local volte a ser o que era.
Podemos perguntar-nos o que é que isso tem a ver com a paz. A paz é uma
palavra, um conceito muito grande e profundo. A paz não depende da beleza. Mas
a beleza ajuda a construir qualquer coisa que vai no SENTIDO DA PAZ.»
Agosto de 2008
«Estamos a preparar duas peregrinações ecuménicas. Há jovens de
diferentes igrejas, em Dhaka e em Dinajpur, que assumem esta preparação
visitando famílias, procurando os deficientes nas famílias cristãs e outros
jovens para ajudar... Em Outubro e Novembro vamo-nos reunir durante dois dias
para tempos de oração e partilha. São novamente os mais fracos que ajudam os
cristãos divididos a estar juntos ao serviço dos outros.
Alguns jovens que vivem conosco irão uma vez por mês animar um tempo de
partilha e uma vigília de oração numa aldeia ou vila onde outros jovens (que nós
apoiamos para poderem estudar) ajudam crianças pobres. Talvez encontremos
nestes serões de comunhão uma nova forma de estar com os jovens. Na semana
passada enviámos jovens por dois dias a Rajshahi: houve uma oração e um
encontro com cristãos num dia e no dia seguinte uma oração inter-religiosa com
deficientes. Alguns dos jovens que vivem conosco tem maturidade para animar
estes pequenos encontros, mesmo sem a nossa presença. »
Julho de 2008: algumas viagens
«Acabo de chegar de uma visita a algumas famílias da região de Dinajpur.
Houve casamentos nas famílias de jovens que conhecemos bem, que trabalham conosco
em Mymensingh. Estava a chover e tudo decorreu num local cheio de lama... Foi
muito bem encontrar tantas pessoas! O Dipok, que está agora em Taizé, vem desta
região.
Em Khulna, depois de várias tentativas sem sucesso, tivemos finalmente
uma peregrinação de confiança com deficientes. Estavam cerca de 200 deficientes
cristãos, com as suas famílias, um grande grupo de jovens voluntários (muitos
deles tinham participado no encontro de Calcutá) e no sábado vieram mais 50
deficientes muçulmanos com as respectivas famílias. A oração inter-religiosa ao
meio-dia reuniu uma pequena multidão à volta de cânticos muçulmanos muito
bonitos, cantados por um jovem cego, e de testemunhos de mães muito pobres
(vindas de famílias onde o pai não está presente).
D. Theo esteve conosco e o bispo local veio para o final do encontro. Eu
viajei com os jovens voluntários: dez horas de autocarro! A oração com velas,
no sábado à noite, foi uma celebração muito festiva...»
Possibilidades para uma mudança histórica
Dois dos irmãos participaram recentemente num encontro com trinta
muçulmanos e trinta cristãos, reunidos pela Faculdade de Religiões do Mundo da
Universidade de Dhaka e pela Comissão Episcopal para o Diálogo Inter-religioso
da Igreja Católica do Bangladesh. Eles escrevem: «O tema foi uma carta escrita,
no ano passado, por 138 intelectuais e outros muçulmanos, dirigida ao Papa e a
diversos responsáveis cristãos.
A carta é muito bonita e abre possibilidades para uma mudança histórica
nas relações entre as duas maiores religiões do mundo. A conferência decorreu
com o mesmo espírito de abertura, poder-se-ia até dizer muito nobre, e
regressámos a casa animados e cheios de frescor. Como alguns participantes
disseram, há boas razões para já não nos sentirmos distantes uns dos outros...
Decidimos tentar traduzir imediatamente o que compreendemos em ações concretas
com os pobres. As pessoas são unânimes sobre a importância de não deixar este
momento desaparecer nos vapores de discursos bonitos.
Devemos estar atentos ao que se vai seguir. No contexto da grande
população do Bangladesh, isto foi muito pouco; mas os sinais contam e, se a boa
vontade permanecer e for gradualmente concretizada, então haverá algo de bonito
e importante. O Bangladesh é um país onde este tipo de iniciativas pode dar
frutos. Participaram vários bispos, católicos, anglicanos e metodistas, e
cristãos de diferentes origens. »
Uma visita a Barisal
«A nossa visita, de uma dezena de dias, à região de Barisal (no sudeste
do país, onde houve o ciclone no ano passado) correu bastante bem. Pudemos
cumprimentar muitas pessoas que conhecem bem os irmãos há muitos anos, desde o
início da nossa fraternidade no Bangladesh. Pude constatar que em geral as
pessoas receberam ajuda material depois do ciclone, através de várias
organizações caritativas. E parece que globalmente as coisas foram bastante bem
organizadas. Mas atualmente a situação económica no Bangladesh é realmente muito
má. Nestes últimos meses, a vida quotidiana tem-se tornado cada vez mais
difícil. Por vezes a situação é mesmo muito preocupante...
Nas últimas semanas, quando visitamos as famílias muito pobres que
conhecemos, às vezes constatamos que estas famílias que antes comiam duas vezes
por dia (refeições muito simples, sobretudo à base de arroz) se têm agora que
contentar com uma só refeição diária, pois tudo está caríssimo. Também vimos
algumas famílias que, nos últimos dias, nem sequer conseguiram tomar uma refeição
por dia. Os pais estão muito preocupados com as crianças. Desde a semana
passada, começamos a dar arroz a cerca de trinta famílias, que de outra forma
não teriam nada para comer. Faremos esta distribuição nos dois próximos meses,
até chegar ao mercado a nova colheita de arroz. Esperemos que entretanto a
situação possa melhorar! »
VAMOS AJUDAR - NÃO CUSTA NADA
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