Parte do problema com a palavra “deficiência” é que
ela sugere uma incapacidade de ver, ouvir, andar ou fazer coisas que muitos de
nós damos por certo. Mas o que acontece com as pessoas que não podem sentir,
falar dos seus sentimentos, controlar seus sentimentos, estabelecer relações
próximas, realizar-se, gente que perdeu a esperança, que vive na miséria e
amargura? Para mim, essas são as verdadeiras deficiências. ”
(Fred Rogers) Os conceitos que geralmente são
estabelecidos pela sociedade são: perfeição/imperfeição,
deficiência/eficiência, desvio/norma padrão. Assim o conceito da
deficiência construído historicamente tem sido a diferença baseada na
comparação do ideal estético, do previsível, do conhecido.
A diferença ameaça a ordem estabelecida,
e põem em risco as crenças, os valores e os conceitos. Esse confronto com o
desconhecido, com a diferença na maneira de ser, pensar, viver, agir e produzir
pode provocar no cotidiano das pessoas com deficiências, diferentes reações de
suas famílias, do contexto escolar e comunitário. E quem são essas pessoas
consideradas deficientes? São pessoas como nós, integrais em sua condição de
seres humanos, mas limitadas em seu
desempenho.
São os
cegos, surdos, mudos, paraplégicos, deficientes mentais, autistas, portadores
da síndrome de down, paralisia cerebral e outros. Porém antes de serem pessoas com necessidades especiais, eles são
filhos e foram ou ainda são crianças, com os mesmos desejos, sonhos e demandas
de toda criança. Os pais, ao serem informados que tiveram um bebê com uma
síndrome ou uma etiologia que tenha como consequência o atraso no seu
desenvolvimento, frequentemente enfrentam períodos difíceis devido a fatores
emocionais.
É natural
que diante do diagnóstico possa surgir um desequilíbrio
nos pais vivenciado através de reações como: choque, negação, tristeza, luto,
desespero, culpa e adaptação. Inicialmente, há um período de choque,
depois de tristeza ou ansiedade, para só depois tentarem se reorganizar emocionalmente na
direção da aceitação desse bebê. Com o tempo, os pais vão se adaptar para tentar ajudar
esse filho. Crianças com necessidades especiais são
aquelas que, por alguma espécie de limitação requerem certas modificações ou
adaptações a fim de que possam atingir seu potencial máximo.
São
crianças que requerem cuidados
adequados às suas diferenças. Podemos falar de cuidados inerentes a
sobrevivência, como a alimentação, e também de necessidades relacionadas ao seu
desenvolvimento em geral. Quando a família tem um filho com necessidades
especiais, o dia a dia deixa de ser uma mera rotina e se transforma em uma
sequência de desafios constantes.
As
atividades cotidianas se transformam em momentos de luta, derrota, vitória ou,
simplesmente, momentos de reflexão e humildade. Também pede atenção para
a socialização com outras crianças e
um acompanhamento mais rígido na dieta. Sentar, engatinhar, balbuciar um som ou
apenas um olhar direto nos olhos passa a ser gestos muito comemorados, pois
foram muito batalhados pela criança e pelos pais. Assim, as pequenas vitórias no
cotidiano recarregam a energia desses pais. O número de estudantes com algum
tipo de necessidade especial cresce a cada ano na rede regular de ensino.
Esse
crescimento tem ocorrido, pois a Constituição
Brasileira de 1988 garante o acesso ao Ensino Fundamental regular a
todas as crianças e adolescentes, sem exceção. E deixa claro que a criança com
necessidade educacional especial deve receber atendimento especializado
complementar, de preferência dentro da escola. “Desculpe,
não estamos preparados para receber seu filho”. Essa é a resposta
que muitos pais ouvem ao tentar matricular um filho com necessidades especiais
na escola regular. Realmente, muitas escolas privadas não podem manter os
custos do atendimento educacional especializado e as públicas não recebem
recursos e capacitação.
Mas recusar a matrícula é crime. A inclusão ganhou reforços com a Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, e com a Convenção da Guatemala, de 2001.
Esta última proíbe qualquer tipo de diferenciação,
exclusão ou restrição baseada na deficiência da pessoa. Sendo assim,
mantê-las fora do ensino regular é considerado exclusão e crime. Muitas pessoas
ainda entendem a Educação Especial como
uma modalidade que substitui a escolarização, voltada exclusivamente para
crianças com necessidades especiais. No entanto, aos poucos, essa confusão está
se esclarecendo.
A
Educação Especial é entendida como a modalidade de ensino que tem como
objetivo quebrar as barreiras que impedem a
criança de exercer a sua cidadania. O atendimento educacional
especializado é apenas um complemento da escolarização, e não substituto. Ninguém
nunca espera ter um filho com algum tipo de necessidade especial, mas a
realidade é que isso pode acontecer com qualquer casal. E a melhor maneira de
se preparar para uma situação como essa, se é que existe alguma forma de
preparação, é mudar paradigmas e
valores. O maior erro que os pais podem cometer na educação de uma criança especial é não
entender qual o real problema do seu filho. É preciso entender as particularidades de
cada um, aprendendo junto com seu filho.
O amor e carinho dos pais são
muito importantes e devem estar presente na educação dessa criança, assim
o apoio dos pais é necessário
para que a criança possa se sentir compreendida. Entenda
as limitações da criança, ela é especial e diferente. Entender
o problema dela, vai lhe ajudar a também compreender
como ela aprende. No começo parece complicado, mas com o passar dos anos
a educação de uma criança especial se torna simples, o dia a dia e o convívio
fazem pai e filho entrarem em sintonia.
O amor e
acolhimento são os principais ingredientes para que a sua dedicação a esse filho
seja bem-sucedida. Um sentimento comum entre os pais de crianças com limitações
é o que chamam de “amor responsável”.
Eles amam tanto seu filho que não querem que nada de mal aconteça
com ele. Tudo bem que todos os pais sentem isso, porém, o que acontece com
os pais de filhos especiais, é que eles sentem que são 100% responsáveis pela felicidade e
cuidado da criança. Uma forma dos pais perceberem se está exagerando no
cuidado e no senso de responsabilidade é fazer a si mesmo perguntas reflexivas como,
por exemplo:
- Estamos respeitando os limites de
nossos filhos?
- Estamos aproveitando intensamente cada
dia que passamos ao lado deles?
- Estamos dando valor ao que realmente
importa nesta vida?
Muitas
vezes, os pais produzem uma convivência tão impregnada
das limitações que têm dificuldade em favorecer que esse filho possa
levar a vida dele, que possa ser
feliz dentro de sua condição. As mesmas possibilidades dadas aos outros
filhos devem ser dadas ao filho especial, dentro de sua situação específica.
Portanto essa criança deve participar
da rotina da casa, organizar seus pertences, ajudar nas tarefas
cotidianas, brincar explorando livremente o ambiente; tudo isso prepara a criança para a autonomia e a
independência.
Fazer parte do contexto das relações familiares
significa para a pessoa com deficiência ser um sujeito ativo nos processos
cotidianos e decisões familiares, sendo aceito e valorizado como ser humano que
interage, do seu jeito, tanto no núcleo familiar, como também fora dele.
Até que a Morte (do
Relacionamento) os Separem!
Relacionamentos amorosos possuem um ciclo de vida muito parecido com o
nosso enquanto ser humano diariamente, se é o que achamos. Primeiramente, deve nascer, depois ser construído e
desenvolvido, para então se tornar firme e sólido. Assim como também
deve passar por cuidados e atenções continuamente, para que essa relação tenha uma
vida longa e saudável em todos os aspectos de vida.
Assim,
uma relação deve ser cuidada, cultivada e alimentada e
receber investimento contínuo recíproco, no tempo e limite certos, para poder
chegar a algum futuro saudável. Então, partindo da ideia que toda relação nasce
e cresce, devemos então entender que toda
relação morre ou pode morrer. Tanto sentimentalmente (em perdas de
certos encantos) como por vezes na concretude (separação).
Uma
relação amorosa pode acabar passando por uma angustia maior
do que o casal ou apenas um dos dois, consegue suportar, como decepções,
traições, agressões, mentiras, egoísmos orgulhos, ciúmes intensos.
Situações como estas podem ser a justificativa para determinar o fim, isto é, a
morte, daquela relação.
Esta
morte não precisa estar ligada somente a ideia de separação. Muitas vezes o
casal opta por continuar ou recomeçar
sua história e ficam juntos. Mas aquele impacto ou abalo vivido,
com certeza, alterou suas histórias e daqui por diante tendem a ser outro casal, logo
essa será uma nova história, pois aquela primeira acabou, morreu, restando
então o luto. E este luto, deve ser
vivido e assumido, para que possam ter uma chance real de um novo futuro, ou
viverão amargurando a frustração.
O luto é
uma reação sentimental ligada às perdas
importantes em nossas vidas. É uma fase transitória, mas com tempo
indeterminado de duração, pois sua vivência é sempre particular para cada
indivíduo e com certeza sua intensidade, impacto e tempo será determinado pela
ideia que aquela pessoa possui sobre perdas.
O luto de uma relação amorosa é
muito próximo da ideia que temos de luto, quando morre um ente querido, assim o
ser humano transita entre fases, etapas
reativas:
- Negação ou isolamento: que
envolve se isolar, não falar sobre, ou não admitir a ideia de perda, é um
mecanismo de defesa para se proteger da dor;
- Sentimento hostil: surge
a raiva, agressividade, hostilidade, inveja entre outros sentimentos
negativos, por não conseguir mais negar aquele fim;
- Negociação ou barganha: após
perceber que a hostilidade também não resolveu a dor da perda, começa
então, uma tentativa desesperada de negociação com a própria emoção ou com
quem achar ser o culpado de sua perda. Promessas, pactos, orações e outros
recursos são muito comuns;
- Depressão ou choro: este
é um momento de desolamento, tristeza, culpa e desgaste. A consciência já
não permite mais que se negue ou que camufle aquele fim e a dor é
percebida na realidade;
- Aceitação: neste momento os movimentos da pessoa são em
busca de uma superação, um desejo de lidar com aquela realidade e dor e
não mais lutar contra. As emoções se tornam mais contidas e a busca de paz
se torna o rumo;
- Esperança: após certo tempo na aceitação a pessoa passa
a apresentar uma ideia de continuidade vital, voltando a fazer planos,
desejar algo novo e acreditando que pode ter outro futuro. E este
movimento faz uma transição ou um fechamento do luto para uma nova
história.
Dessa
forma o fim de um relacionamento, como
muitos já devem ter vivenciado, é um momento bastante
difícil. É comum que a separação traga uma
dor que vai além da emocional. Muitas pessoas relatam, nesse
momento, sensações físicas como falta de ar, dores no peito, alterações no
apetite, no peso, no sono, entre outras.
Para
algumas pessoas de certa forma é difícil terminar um relacionamento,
porque tem medo da solidão de
uma certa maneira, querem alguém para preencher “o seu vazio”, sentem
fracassadas de uma certa maneira por acreditarem que para ser felizes ou
bem sucedidas precisam estar com o “status”
de casadas ou namorando, e há aqueles que se assustam com mudanças e não querem
reavaliar a sua vida.
É comum
que surja a sensação de confusão e de
não compreensão do motivo que levou àquela situação. O fim de um relacionamento
costuma acontecer quando ao menos uma das partes se depara com uma situação
que, ao seu ver, não poderia ser resolvida de outra forma. Sendo assim, o
término seria a única solução
viável.
Em
geral, a pessoa que foi abandonada costuma
sofrer mais, tendo em vista que aquele que tomou a iniciativa para o
rompimento tem como apoio o estímulo que o levou a tomar essa decisão, somado,
muitas vezes, a um sentimento de renovação e alívio diante daqueles problemas
que vinham lhe causando angústia. Entretanto, pode ser que mesmo aquele que tomou a iniciativa do término
experimente sentimentos negativos, como culpa e tristeza. Ambas as
partes passam a se questionar sobre o que poderiam ter feito de outra forma, a
buscar explicações para o término e a lamentar pelos bons momentos perdidos.
Na
tentativa de se livrar destes momentos, podem surgir sentimentos de raiva e ódio, numa tentativa de,
ao pensar, nos coisas ruins, de certa forma e amenizar a dor, trazendo a
sensação de alívio por não ter perdido nada de grande valor. É comum que os
pensamentos estejam voltados ao ex-companheiro, trazendo dúvidas sobre como ele
estaria se sentindo, como tem lidado com a nova situação, o que tem pensado a
respeito do relacionamento etc.
Algumas
vezes a dificuldade deste parceiro em aceitar
o rompimento pode ser confundida com amor. O fato dele não conseguir se
separar, não significa necessariamente que ama o outro, se é o que nós
compreendamos e de uma certa forma, pode significar posse ou outra dificuldade.
Somente
após um tempo de afastamento que estes questionamentos começam a diminuir
e, toda energia dedicada ao outro, pode ser
reinvestida em si próprio. Neste
momento, pode ser de grande valia voltar a realizar
atividades que tragam prazer, como fazer exercícios físicos, sair com
seus amigos, dedicar-se ao trabalho, enfim, encontrar formas de investir em si
mesmo.
Da mesma
forma podemos entender assim que o fim de uma relação é algo real e muito
possível sempre, e que se chegou ao fim, podemos superar com o tempo, admitindo
nossas dúvidas, dores e fraquezas e abrindo
assim as portas para construirmos novas possibilidades no tempo certo. Apesar
ser muito doloroso tem o outro lado, pois são nos períodos de crises que nós
conseguimos fazer as maiores mudanças em nossas vidas.
Os tipos
mais comuns de mudanças positivas do fim de um relacionamento são: aumento na
confiança, mudanças no auto percepção, mudança na relação que você tem com
as pessoas a sua volta e reaproximação com velhos amigos e da família. O término pode te levar a refletir sobre
a vida e a rever suas prioridades. Outro ganho que você pode obter
com o término é o crescimento
pessoal. Este crescimento obtido após a experiência poderá ajudar a
escolher melhor seu próximo parceiro e, ainda, a ser um parceiro melhor pra
quem você escolheu.
O fim de
um relacionamento só não pode se tornar motivo de escudo para afastar os outros pretendentes. Quando
isso acontece, pode significar que existem feridas abertas, que
independentemente de estar se envolvendo ou não com alguém, ainda assim a
pessoa estará perpetuando o seu próprio sofrimento. Nesses casos é importante o acompanhamento com o
psicólogo, pois depois de todas essas frustrações amorosas, a pessoa
pode ficar com medo de voltar a se decepcionar e sofrer.
Por esse
motivo ela fica mais desconfiada e arisca passando
a evitar relacionamento sério. Não dá abertura para o outro se
aproximar, ou apenas se relaciona fisicamente, cria barreiras para não se envolver
emocionalmente. A pessoa passa a agir dessa forma porque não quer se
sentir “fragilizada” novamente, ou mesmo quando se compromete numa
relação, a pessoa tenta manter certa distância do parceiro para não se sentir
vulnerável.
Demonstra
ser autossuficiente, não precisando da ajuda ou do carinho do outro. A
pessoa acredita que dessa forma está se “prevenindo” das coisas “ruins” do
relacionamento, mas na verdade ela está
deixando de viver, de aprender e aproveitar os momentos
maravilhosos que pode ter ao lado de alguém. O
sofrimento se torna muito maior por não encarar as feridas do passado.
Fica aprisionada aos seus medos, com receio de ser “atacada” a qualquer
momento. Cria uma armadura que a impede de relaxar e se sentir à vontade
com aquele com quem poderia ter uma história bacana.
É
importante entender o que deu “errado” nos
relacionamentos anteriores, mas não ficar tentando consertar o que já passou.
Avaliar e aprender com as experiências do passado é importante para não continuar a “repetir” os caminhos
que a levaram longe do seu objetivo ou de sua felicidade. O
amadurecimento e autoconhecimento podem nascer desses momentos de
reflexão, descobrindo um jeito novo de pensar e se comportar, em que haja
comunicação, respeito, cumplicidade afetiva e emocional entre o casal.
Se existe
uma palavra que eu possa dar a todas as pessoas que procuram conforto neste
momento tão difícil seria: Reconstrua-se.
Aproveite a vivência, mesmo que este rompimento não tenha sido sua
escolha, use este turbilhão emocional como
informações a seu próprio respeito. Creio que você pode aprender muito
sobre si mesmo. Talvez esteja tendo reações que nunca imaginou que seria de seu
feitio, talvez esteja tendo pensamentos e comportamentos que o faz não
reconhecer a si mesmo, mas você
pode crescer e sair renovado. Um psicólogo pode ajudar.
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