DIA INTERNACIONAL DA MULHER
Mulheres
inspiram, expiram e transpiram até serem ouvidas
No Rio de Janeiro, o Evento “Mulheres que nos inspiram”
reuniu mulheres de diferentes áreas por mais Direitos, participação e poder. As
participantes mostraram que só querem Direitos Humanos fundamentais: RESPEITO,
LIBERDADE e IGUADADE.
Brasília e SP: atos em defesa de direitos marcam o Dia Internacional da
Mulher
Manifestantes promoveram atos em Brasília e em São Paulo para
marcar o Dia Internacional da Mulher e em defesa de direitos. Apesar da chuva
forte, milhares de mulheres que foram à Esplanada dos Ministérios protestar
pela igualdade de gênero, pela democracia e por direitos sociais, políticos e
reprodutivos.
Após concentração no pátio do Museu Nacional da República, elas
seguiram em passeata até a Alameda dos Estados, em frente ao Congresso
Nacional. A organização do ato Mulheres Unificadas do DF e Entorno estima que
cerca de 5 mil pessoas, maioria mulheres, participou do ato, organizado por
mais de 60 entidades ligadas à luta feminina.
Mulheres
fazem atos civilizadamente em defesa dos Direitos Sociais, Políticos e reprodutivos na
Esplanada dos Ministérios - Valter Campanato/Agência Brasil. Em nome da Marcha Mundial das
Mulheres.., uma das organizadoras do protesto, Thaisa Magalhães comemorou que
pelo segundo ano seguido conseguiram unificar “todos os movimentos de mulheres
feministas e de esquerda” para defender as pautas do movimento feminista não só
no dia 8 de março, mas o ano inteiro.
“Temos uma
preocupação muito grande com o avançar da falta de democracia no país, que
afeta especialmente as mulheres, pelo fato de elas estarem na ponta mais fraca
da economia e do mercado de trabalho, muitas em regime de trabalho sem carteira
assinada, por exemplo. A perda de direitos trabalhistas, como já vimos, e
projetos como a proposta de reforma da Previdência, fazem com que elas sejam as
que mais perdem”, disse.
Thaisa
também falou da importância do combate a violência contra a mulher. “Estamos
assistindo assustadas aqui no DF o crescimento do número de estupros e de
violência contra as mulheres e ao mesmo tempo uma diminuição no investimento
dos aparelhos de acolhimento das mulheres vítimas de violência”.
A
participação das mulheres na política também foi debatida no ato. A
pesquisadora Sheila Campos, da Rede de Novas Pesquisas sobre Feminismo e
Política da Universidade de Brasília e do movimento Partida Feminista, destacou
que apesar de serem mais de metade da população brasileira, as mulheres estão
longe de ocupar metade dos espaços de poder.
“Mulheres
precisam se incentivar e se apoiar para se candidatar e se eleger para cargos
públicos. Meninas e adolescentes precisam ser incentivadas a usar a sua voz,
seja como representantes nas escolas, no bairro, para que falem nos espaços
públicos. É preciso acabar com o mito de que mulheres não gostam de política e
que não devem ocupar os espaços públicos porque são violentos e elas não sabem
se defender. Nós temos todas as capacidades, todas.
O século
21 é prova disso. ”, disse. Para ela, as mulheres pagam um preço alto por não terem
representatividade política. “Afeta em termos de saúde, por exemplo, como é o
caso dos direitos reprodutivos. Você tem a votação de uma Emenda à
Constituição, como a PEC 181, que trata de temas como licença-maternidade para
mães de crianças prematuras, feita por homens, que vão decidir sozinhos sobre
os nossos corpos. Obrigar uma mulher a levar adiante uma gestação de uma
criança acéfala ou fruto de estupro é uma das maiores violências que se pode
cometer. E os homens que estão lá decidindo isso, não estão pensando nisso. ”
Saiba Mais
- Greve e
protestos marcam Dia Internacional da Mulher pelo mundo. Em nome da Frente de Mulheres
Negras do DF e Entorno, a ativista Joseane dos Santos ressaltou que os números
oficiais mostram uma realidade muito pior para as mulheres negras no Brasil:
ocupam os piores lugares da sociedade e enfrentam maior dificuldade para
acessar cidadania, moradia, emprego e renda. “Nos últimos dez anos o número de morte de mulheres negras aumentou 54%,
enquanto o número de mortes de mulheres brancas caiu 9%. O que é isso? Racismo.
Nós também ganhamos 51% a menos que as brancas no mercado de trabalho e a
mortalidade materna entre negras é 68% maior que entre as brancas. A cor
diferencia os dados. ”, disse.
Para ela é
fundamental que sejam feitas políticas públicas específicas para essas
mulheres. “Vivemos em situação de total vulnerabilidade. Precisamos enfrentar
condições mais difíceis para estudar e trabalhar e se eleger. Ao mesmo tempo,
não existe nenhuma política pública do governo brasileiro, nem nunca existiu,
voltada para as negras brasileiras. ”
Joseane, de forma humilde, também falou sobre o que classifica como “violência institucionalizada” contra
comunidades de periferia. “Nós, negros, somos maioria nas periferias e favelas
e sempre vivemos sob intervenção militar. ”
São Paulo
Em São
Paulo, o ato ocorreu na Avenida Paulista. A mobilização começou às 16h na Praça
Oswaldo Cruz e foi encerrada com uma batucada de mulheres em frente ao
escritório da Presidência da República, na mesma avenida, às 20h30. No ato,
grupos protestaram em defesa da democracia e contra a violência de gênero
e as reformas da Previdência e trabalhista.
Os
organizadores informaram que o ato reuniu 50 mil pessoas. A Polícia Militar não
estimou o número de participantes. A estudante Rafaela Carvalho, integrante do Movimento Olga Benário,
disse que que o ato tinha como objetivo alertar para a necessidade de melhoria
"da vida das mulheres, sobretudo, as mais pobres”.
“Lutamos
contra problemas como a falta de creche. Se a mulher não tem onde deixar os
filhos, não tem como trabalhar e, com isso, muitas vezes tem que se sujeitar à
uma situação de violência. Enfrentamos também muitos casos de meninas mais
jovens que precisam lidar com o assédio, que começa com o fiu-fiu. A gente
tenta, com o nosso trabalho, alcançar essas mulheres”, ressaltou Rafaela.
Da aldeia
Guarani, localizada no pico do Jaraguá, a indígena Sônia Ará participou do ato
e destacou os desafios de desconstrução do machismo nas comunidades tradicionais.
"No começo de tudo, as mulheres eram mais caladas. Hoje, a mulher tem
empoderamento de sair e falar de sua comunidade”, relatou.
Ela conta
que a aldeia que faz parte conta com uma organização de mulheres e que isso foi
mudando a posição feminina. “Deixei marido e filho em casa. Disse: 'Estou indo
pra marcha'. E a gente conquistou essa liberdade. Nós fazemos parte da vida dos
homens, mas eles não são nossos donos”, afirmou.
Mulheres protestam contra total violência
e em defesa da democracia no Dia Internacional da Mulher, na Avenida
Paulista
A
ativista Amelinha Teles, que resistiu à ditadura militar, participa todos os
anos dos eventos do dia 8 de março em São Paulo. “Este ato em 2018 tem uma
importância histórica porque é demonstração da força feminista contra os
retrocessos e perdas. É uma manifestação que também é celebração da luta
histórica. É mostrar que estamos aqui resistindo. Nós já recebemos salários
menores, temos menos visibilidade na política, somos o alvo da violência de gênero,
racista”, declarou.
Representante
do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Cláudia Garcez destacou que sua
participação no ato representava a experiência de auto-organização feminina em
uma ocupação na zona leste de São Paulo. “Na ocupação Tereza de Benguela, a
gente se organiza para o empoderamento das mulheres com os eixos saúde, geração
de renda, cultura e formação política”, ressaltou. No eixo geração de
renda, por exemplo, as mulheres produzem joias ecológicas com cápsulas de máquina
de café expresso. “O machismo nos afeta de forma estrutural e a gente está
lutando para desconstruir aos poucos”, disse.
Sônia
Coelho, da Marcha Mundial de Mulheres, uma das 90 entidades que organizaram o
movimento, destacou que a desigualdade afeta sobretudo a vida das mulheres.
"Nós ainda somos as maiores responsáveis pelo trabalho doméstico. Essas
reformas [trabalhista e da Previdência] aprofundam ainda mais a desigualdade
entre homens e mulheres na nossa sociedade”, afirmou.
Nenhum comentário:
Postar um comentário