Mutação genética, o fator desconhecido que
pode ser a chave para entender a morte súbita de bebês
Problema é conhecido como 'morte
de berço' e acontece quando um recém-nascido aparentemente saudável morre sem
explicação.
Mal que causa morte
súbita costuma atingir recém-nascidos de dois a quatro meses de idade, e, em
geral, durante o sono
Foto: Getty Images /
BBCBrasil.com
O fenômeno, também
conhecido como "morte do berço", ocorre quando um recém-nascido
aparentemente saudável morre sem explicação. Em geral, esses casos acontecem
durante o sono, e os médicos ainda não encontraram uma causa científica que
explique o óbito.
Em um novo estudo
publicado na revista científica The Lancet, os cientistas demonstram uma
relação genética que pode ajudar a esclarecer essa questão. Segundo eles, a
descoberta pode mudar o rumo das pesquisas que buscam estratégias para evitar
esse tipo de morte - que até agora tinham se concentrado apenas em estudos
sobre as células do coração e do cérebro que controlam a respiração.
"Nosso estudo
é o primeiro que vincula a morte súbita dos bebês a uma fraqueza dos músculos
respiratórios que seria causada por questões genéticas", afirmou Michael
Hanna, neurologista do Hospital Nacional de Neurologia e Neurocirurgia em
Londres e autor do estudo. Hanna acredita que ainda é cedo para conclusões, mas é preciso continuar
a pesquisa nessa direção para confirmar e entender mais detalhes sobre como
seria essa relação.
A morte súbita de
bebês em geral atinge recém-nascidos de dois a quatro meses de idade.
Músculos mais
frágeis
A pesquisa liderada
por Hanna se concentrou em uma mutação rara do gene SCN4A, responsável por
codificar um receptor superficial importante das células. Receptores são
proteínas que permitem a interação de algumas substâncias com os mecanismos do
metabolismo celular. A expressão desse receptor nos músculos
respiratórios é fraca nos primeiros meses de vida, mas aumenta ao longo dos
dois primeiros anos.
Depois de analisar
amostras de tecido de 278 bebês que morreram sem causa aparente (e que foram
classificados como vítimas da síndrome da morte subida) e compará-los com o
material genético de 729 adultos saudáveis, os cientistas encontraram quatro
casos dessa mutação nos bebês e nenhuma nos adultos.
Ainda que apenas
quatro possam parecer pouco, neste caso o número é significativo: normalmente,
encontram-se apenas cinco casos dessa mutação rara a cada 100 mil indivíduos.
A mutação está relacionada a uma série de problemas neuromusculares
genéticos e a dificuldades respiratórias.
Uma das
recomendações de profissionais para evitar o fenômeno é colocar os bebês para
dormir de barriga para cima
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com
No caso dos bebês, os cientistas
acreditam que a mutação também enfraquece os músculos respiratórios que, por
conta disso, eles ficam mais vulneráveis a outros fatores externos, a uma
posição inadequada durante o sono no berço, ao fumo ou qualquer outra doença
menor.
Se um fator externo tiver impacto
negativo na respiração do bebê que tem esta mutação, ele terá uma capacidade
menor para se recuperar rapidamente, explicam os pesquisadores. Ainda
sem maiores conclusões, os autores do estudo reforçam a importância de seguir
as recomendações médicas para reduzir o risco do bebê sofrer uma morte subida.
Como prevenir a
'morte do berço'
- Colocar o bebê para dormir de barriga para cima;
- Colocá-lo no berço com os pés perto da borda;
- Utilizar um colchão firme, plano e impermeável - e em boas condições;
- Não fumar durante a gravidez, durante a amamentação, nem no mesmo
cômodo que o bebê;
- Não compartilhar a cama com o bebê se tiver consumido drogas ou se
estiver muito cansado (a);
- Nunca dormir com o bebê nos braços na poltrona ou no sofá;
- Não cobrir a
cabeça da criança quando ela estiver dormindo (cobrir somente até a altura dos
ombros).
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