sábado, 31 de março de 2018

CIÊNCIA

Mutação genética, o fator desconhecido que pode ser a chave para entender a morte súbita de bebês
Problema é conhecido como 'morte de berço' e acontece quando um recém-nascido aparentemente saudável morre sem explicação.
Mal que causa morte súbita costuma atingir recém-nascidos de dois a quatro meses de idade, e, em geral, durante o sono
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com
O fenômeno, também conhecido como "morte do berço", ocorre quando um recém-nascido aparentemente saudável morre sem explicação. Em geral, esses casos acontecem durante o sono, e os médicos ainda não encontraram uma causa científica que explique o óbito.
Em um novo estudo publicado na revista científica The Lancet, os cientistas demonstram uma relação genética que pode ajudar a esclarecer essa questão. Segundo eles, a descoberta pode mudar o rumo das pesquisas que buscam estratégias para evitar esse tipo de morte - que até agora tinham se concentrado apenas em estudos sobre as células do coração e do cérebro que controlam a respiração.
"Nosso estudo é o primeiro que vincula a morte súbita dos bebês a uma fraqueza dos músculos respiratórios que seria causada por questões genéticas", afirmou Michael Hanna, neurologista do Hospital Nacional de Neurologia e Neurocirurgia em Londres e autor do estudo. Hanna acredita que ainda é cedo para conclusões, mas é preciso continuar a pesquisa nessa direção para confirmar e entender mais detalhes sobre como seria essa relação.
A morte súbita de bebês em geral atinge recém-nascidos de dois a quatro meses de idade.
Músculos mais frágeis
A pesquisa liderada por Hanna se concentrou em uma mutação rara do gene SCN4A, responsável por codificar um receptor superficial importante das células. Receptores são proteínas que permitem a interação de algumas substâncias com os mecanismos do metabolismo celular. A expressão desse receptor nos músculos respiratórios é fraca nos primeiros meses de vida, mas aumenta ao longo dos dois primeiros anos.
Depois de analisar amostras de tecido de 278 bebês que morreram sem causa aparente (e que foram classificados como vítimas da síndrome da morte subida) e compará-los com o material genético de 729 adultos saudáveis, os cientistas encontraram quatro casos dessa mutação nos bebês e nenhuma nos adultos.
Ainda que apenas quatro possam parecer pouco, neste caso o número é significativo: normalmente, encontram-se apenas cinco casos dessa mutação rara a cada 100 mil indivíduos. A mutação está relacionada a uma série de problemas neuromusculares genéticos e a dificuldades respiratórias.
Uma das recomendações de profissionais para evitar o fenômeno é colocar os bebês para dormir de barriga para cima
Foto: Getty Images / BBCBrasil.com
No caso dos bebês, os cientistas acreditam que a mutação também enfraquece os músculos respiratórios que, por conta disso, eles ficam mais vulneráveis a outros fatores externos, a uma posição inadequada durante o sono no berço, ao fumo ou qualquer outra doença menor.
Se um fator externo tiver impacto negativo na respiração do bebê que tem esta mutação, ele terá uma capacidade menor para se recuperar rapidamente, explicam os pesquisadores. Ainda sem maiores conclusões, os autores do estudo reforçam a importância de seguir as recomendações médicas para reduzir o risco do bebê sofrer uma morte subida.
Como prevenir a 'morte do berço'
- Colocar o bebê para dormir de barriga para cima;
- Colocá-lo no berço com os pés perto da borda;
- Utilizar um colchão firme, plano e impermeável - e em boas condições;
- Não fumar durante a gravidez, durante a amamentação, nem no mesmo cômodo que o bebê;
- Não compartilhar a cama com o bebê se tiver consumido drogas ou se estiver muito cansado (a);
- Nunca dormir com o bebê nos braços na poltrona ou no sofá;
- Não cobrir a cabeça da criança quando ela estiver dormindo (cobrir somente até a altura dos ombros).
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