A vida após a morte
Neste romance o
Espírito José Carlos conta sua história após cometer suicídio, acompanhando a
dor de outros Espíritos em semelhante situação. Acompanharemos também como é o
funcionamento de um hospital espiritual situado no Umbral e como ocorre o
socorro e tratamento.
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A vida após a morte
1 - Como pode haver algo depois da morte? Se
o corpo morreu, como pode restar alguma coisa de nós?
2 - As objeções daqueles que creem que não
há nada depois da morte,os "materialistas".
3 - No coração do homem, não há um temor
secreto diante do mistério de Deus e da eternidade: medos e feridas dos ateus?
4 - Mas a reencarnação, não é também uma
vida depois da morte? É possível ter várias vidas sucessivas?
5 - que é a vida eterna? Como viveremos? Que
relação podemos ter com aqueles que estão no céu?
6 -
O que podemos fazer por aqueles que morreram?
"Ele enxugará toda a lágrima de seus olhos:
já não haverá morte, porque o mundo velho passou".
Apocalípse 21,4
A vida após a morte? É uma questão que todo o mundo se coloca.
Talvez não hoje... mas um dia, necessariamente. Amanhã talvez, devido a um
conhecido, um amigo que está em vias de nos deixar. Alguns dizem: "Talvez
haja qualquer coisa, veremos quando estivermos lá. Por que me inquietar
agora?"
Outros passam a vida inteira preparando esse encontro do além,
preparando a eternidade, tal é sua importância. Mas sem dúvida todos sentimos
repugnância ao pensar na morte porque somos feitos para a vida. Eis porque é
muito útil esclarecer o que podemos saber sobre a vida depois da morte.
Entre as respostas tão diferentes que nos sãos propostas, o que crer? Em
quem acreditar? Os materialistas, os "ateus" dizem: "tudo
acaba com a morte, não há senão o mundo que continua a girar". Os
defensores da reencarnação dizem: "há várias vidas sucessivas, até que nos
tornamos o Grande Todo e que não respiramos mais a vida (nirvana)".
Os judeus, os muçulmanos e os cristãos acreditam que depois desta vida
há uma vida eterna de felicidade com Deus. Os cristãos, em particular, dizem
que nós ressuscitaremos com nosso corpo, como Jesus Cristo. Nesta brochura,
vamos dar um resumo claro destas questões e das respostas que podemos trazer
aqui legitimamente.
Jesus diz: Quando ao que diz respeito à ressurreição dos mortos, não lestes as palavras de Deus que diz: “Eu sou o Deus de Abrão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó”. Ele não é o Deus dos mortos, mas Deus dos vivos.
(Evangelho de S. Mateus, Capítulo 22 Versículo, 31 e 33
1 - Como pode haver algo depois da morte? Se
o corpo morreu, como pode restar alguma coisa de nós?
A primeira questão com efeito é saber como podemos continuar alguma
espécie de vida depois que nosso corpo morreu, que ele permanece na terra; e
logo este corpo terá desaparecido, todos os seus elementos se perdendo na terra
ou no ar. Nestes últimos anos muitos livros falam de experiências da "vida
depois da morte". Médicos americanos até mesmo publicaram teses sobre este
assunto.
De acordo com testemunhos recolhidos nesses livros certas pessoas
doentes, muitas vezes em fase pós-operatória, num estado muito crítico, morrem
e isso é constatado biologicamente. E depois de algum tempo percebemos que elas
retomam a vida. E elas foram interrogadas para saber o que experimentaram no
tempo em que pareciam mortas. Ficamos espantados ao constatar uma grande
semelhança.
Em geral essas pessoas experimentaram uma existência fora de seu corpo
que podiam contemplar como espectadores. E o que revela a maioria daqueles que
fizeram essa experiência é que eles tiveram uma confrontação com um ser
luminoso e misericordioso. A imagem e identidade deste ser variam, mas ela é tanto
menos precisa quanto as pessoas sejam pouco ou nada crentes. E, entretanto, a
confrontação com um julgamento misericordioso, com uma bondade, parece a mesma.
É preciso reconhecer no entretanto, seja qual for o interesse e o valor
destes testemunhos, que eles se relacionam com uma experiência "nas
fronteiras da vida e da morte". Com efeito, todas essas pessoas
recomeçaram a viver como nós e é por isso que elas podem falar. Assim, podemos
pensar que o Ser misterioso deste encontro "talvez lhes tenha dado um
aviso, feito uma interrogação, dado uma nova chance, um estímulo para viver a
bondade e o bem; mas se trata da retomada, da continuação idêntica da mesma
vida que essas pessoas tinham anteriormente entre nós".
Há, portanto, algo a talvez aceitar desses testemunhos: nos limites
extremos da vida do corpo pode se revelar de modo mais evidente que nosso corpo
não é tudo o que somos, que um fino ponto de nosso ser é capaz de se interrogar
sobre seu corpo, sobre sua vida, sobre seu destino. Será a alma?
Eis aí uma pergunta essencial.
Contrariamente ao que creem os materialistas, veremos por quais razões
ditas ou não ditas é certo que nossa existência "material biológica"
não pode exprimir tudo de nós mesmos. Não é lógico reduzir nossa vida aos
limites próprios da biologia naquilo que ela tem de mais profundo, nossas
aspirações mais verdadeiras, e o sentido que temos de um último destino. Isso
não é tão difícil de compreender. Tomemos um exemplo:
Um homem pode amar uma mulher com seu corpo. Mas é falso dizer que é
somente com seu corpo que ele pode amar. E aqueles que limitam o amor ao corpo
estão equivocados. O verdadeiro amor vai mais longe, é mais profundo. E é mais
duradouro. Amar de verdade é amar não somente com todo o seu corpo, mas de todo
o seu coração, com todo o poder de sua alma.
É amar ao outro pelo outro. É querer sua felicidade mais que tudo. É
esquecer-se para amar, e é amar para sempre.
Sim, "o amor é mais forte do que a morte" do
livro "O Cântico dos Cânticos" na Bíblia.
A felicidade também. O homem é feito para a felicidade; como seríamos
infelizes se não tivéssemos nenhuma ideia, nenhum desejo de felicidade! E se
experimentamos a felicidade, que mais desejaríamos? Não somente que continue a
ocasião que nos obteve a felicidade, mas que o fato de ser feliz dure sempre
qualquer que seja a razão. Há pois qualquer coisa em nós que vai além do corpo,
que é feita para desejar a felicidade sem fim, é o que os cristãos e muitos
outros chamam de alma.
E a morte é um obstáculo. Somos feitos para ser felizes, desejamos uma
felicidade eterna, e não que acabe com a morte. Esta felicidade sem fim, nós a
desejamos todos para nós mesmos, para aqueles que amamos, porque temos uma alma
não nos consolamos com a morte, temos como que um desejo natural, irreprimível
da eternidade, a alma não é feita para desaparecer na terra.
Eles têm objeções de ordem exterior e outras que são de ordem interior,
em si mesmas: as primeiras são de raciocínio objetivo, que se pode discutir, as
outras são reações interiores, feridas ou medos internos inteiramente pessoais
a cada um. Nem sempre temos consciência mas podemos acalmá-las, curá-las quando
essas feridas veem à luz.
A objeção principal dos materialistas é simples, eles declaram que não
há nada fora do mundo físico (físico-químico), o mundo que se pode observar
pelos sentidos e medir. E eles creem nisso como os outros creem em Deus, o que
é bastante surpreendente.
Esta objeção é considerada "científica", e ela tem sido
efetivamente a opinião daqueles que chamamos "cientistas".
Estes cientistas, na segunda metade do século XIX e primeira metade do
século XX, diziam não acreditar na ciência, e eles impressionavam as pessoas
menos instruídas buscando proteção senão na Ciência. Eles estavam persuadidos
de que o método científico iria explicar tudo. Eles rejeitavam como irracional
qualquer outra fonte de saber, de conhecimento ou de sabedoria.
Fora da ciência todo o resto era coisa vã, bolhas de sabão. Mais ou
menos como se um especialista em grego vos declarasse que tudo o que não
estivesse escrito em caracteres gregos não teria nenhuma significação. Não se
podendo medir a alma nem pô-la em equação, eles concluíam que ela não existe.
Estas teorias materialistas são ditas "reducionistas" porque
elas reduzem o homem a quantidades, cálculos, reações químicas, esquemas
fisiológicos. O pensamento, o amor, as vidas são reduzidas a ser somente a
"superestrutura" de reações físico-químicas. Com isso os cientistas
não eram menos que os outros suscetíveis a julgamentos "anticientíficos"
para salvaguardar suas teorias.
Assim os adversários do grande Pasteur, o sábio que descobriu os
micróbios e as vacinas, acreditavam na geração espontânea. Por que? Não pelas
verdadeiras causas científicas, mas pelo ateísmo, porque eles pensavam:
Se não há geração espontânea de animais pelo meio, onde os encontramos
habitualmente, seremos obrigados a crer na Criação e no Criador. Por outro
lado, o próprio Pasteur, tão exigente em matéria científica, acreditava na
existência da alma e da eternidade. Ele agradecia a Deus por suas descobertas
(por exemplo, em seu discurso durante a inauguração do Instituto Pasteur). E
ele escreveu a propósito da morte de um de seus filhos a mais bela declaração
de esperança. Encontrar-se na eternidade?
Porque é bem aí que está a questão. E ela está inteiramente fora da
química, da astronomia ou da física: meu filho que morreu está absolutamente
morto? Para sempre? Ou tem ou terá ele parte em uma felicidade viva onde eu
poderei encontrá-lo? E contemplar de novo seu sorriso. As promessas de Deus são
tão absurdas?
“Ele agradou a Deus
e foi por ele amado, assim (Deus) o transferiu do meio dos pecados onde
vivia. Tenho chegado rapidamente ao termo, percorreu uma longa carreira. Sua
alma era agradável ao Senhor, e é por isso que ele o retirou depressa do meio
da perversidade..., mas os justos viverão eternamente, sua recompensa está no
Senhor”.
(Livro da Sabedoria
Capítulo 4, Versículo 10 e 15: Capítulo 5, Versículo 15)
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3 - No coração do homem, não há um temor
secreto diante do mistério de Deus e da eternidade: medos e feridas dos ateus?
Muitos de nossos amigos ateus ou
pessoas que dizem que não há nada depois da morte têm objeções de uma outra
natureza do que dizer "não há nada fora das ciências físicas". Suas
dificuldades em crer na vida da alma e na eternidade do Céu, são de ordem muito
pessoal. Estas são questões que tocam a liberdade, a moral, a justiça, o amor
dos outros, nossa história pessoal. Vamos tentar mostrar que estas questões são
verdadeiras, mas que são muitas vezes colocadas de forma má por causa de nossa
história pessoal. Então não podemos ter a boa resposta; nós a rejeitamos por
antecipação porque temos medo. Não queremos escutar por medo de ouvir algo que
nos fará mal: tapamos os ouvidos. E, no entanto, se escutássemos a verdadeira
resposta, que alegria, que libertação!
Há ateus que não conseguem aceitar a ideia
de que há uma vida eterna; eu conheço isso muito intimamente porque seu pai,
sua mãe, sua amiga, seu marido... morreu descrente aparentemente. Então se diz:
esta pessoa amada, admirada, não pode ir para o Céu com Deus, se há um Deus,
porque ela não acreditava. Ou então, essa pessoa fez coisas que não estão
conforme ao que imagino ser a moral desejada por Deus. Em todos os casos
prefiro que não exista Deus nem vida eterna, porque eles seriam excluídos e
isso é triste demais. Mas o Evangelho (quer dizer a "Boa
Nova") de Jesus Cristo responde a isso:
“Ao homem é impossível, mas Deus tudo é possível” (Evangelho segundo S.
Mateus Capítulo 19, Versículo 26)
“Deus quer que todos sejamos salvos” (São Paulo, 1 Carta a Timóteo,
Capítulo 2 Versículo 4
“Com efeito de tal modo Deus amou o mundo que lhe deu seu filho único
para que todo o que nele crer tenha a vida eterna”. “Pois Deus não enviou o
filho ao mundo para condená-lo, mas para que o mundo seja salvo por ele”.
(Evangelho S. João Capítulo 3,16 e 17)
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