25 NEGRAS MAIS INFLUENTES DA WEB 2014 # 25WEBNEGRAS
MARIA RITA
CASAGRANDEDEZ 31, 2014
Fazer uma lista com 25 mulheres negras mais
influentes na web no ano de 2014, tarefa ingrata uma vez que existe um número
muito maior de mulheres incríveis para vigorar nesta listagem. Ingrata, mas
realizada com todo o amor e carinho.
Consultamos as mais de 1400 mulheres negras na
Comunidade do Blogueiras Negras e pedimos para que nos indicassem quem neste
universo chamado internet as influenciou neste ano que termina. Diversos nomes
surgiram, incluindo as moças que apareceram no nosso passado que
continuaram “destruidoras mesmo” este
ano, porém utilizamos o critério de não repetir nenhum nome e brindar quem lê
com MAIS 25 mulheres incríveis e assim acumulamos referencias,
inspiração, ativismo e beleza negra.
Continuamos levando em consideração a ausência de
marcadores como machismo, elitismo, gordofobia, homofobia ou transfobia para as
indicações e consequente escolha para vigorar na lista que permanece organizada
não por grau de importância e sim aleatoriamente.
As mulheres abaixo fecharam 2014 com seus
comentários, escritos, livros, poemas, música, visão e militância. Já
somos 50 nesta lista de mulheres negras influentes na web brasileira, que estas
mulheres sejam inspiração para as próximas 25, 50, 100 que certamente virão não
só na web como na vida.
Batuquemos!
1) ANDREZA DELGADO
Andreza Delgado é estudante de Letras, militante do movimento
feminista e negro. Passou por mais um episódio bizarro promovido pela PM de São
Paulo durante uma manifestação ao ser arrastada (enquanto ainda era menor de
idade) em plena avenida Paulista e submetido a uma sessão de tortura
psicológica regada a racismo e sexíssimo.
Para além do episódio Andreza é voz ativa nas redes sociais na luta
pelos direitos das mulheres negras e no combate efetivo ao racismo. Com
argumentação concisa e texto poderoso Andreza representa o grito preso na
garganta de cada mulher negra oprimida pelo racismo, machismo, classicismo.
Dona de um estomago de ferro para debater com as piores figuras
presentes na internet assuntos espinhosos não sabemos o que a torna mais
corajosa, sua fala ou sua disposição para argumentar e mudar mesmo que uma por
uma a mente dos racistas de plantão.
2) MARIA CLARA ARAÚJO
Para entender a dimensão do poder da palavra desta mulher você pode
começar clicando aqui. Maria
Clara Araújo tem 18 anos, é ativista assídua da causa trans* e
vestibulanda. Pernambucana, residente em recife Recife é mulher negra
transexual com orgulho e brilha demais no ativismo virtual em torno da vivência
trans*. Participou de um curta no início do ano o (Trans) aparência e pretende
levar sua militância para a futura área de trabalho, que provavelmente será a
executando em expressões artísticas. Enquanto isso Maria Clara nos brinda
com falas coerentes e precisas em torno das suas vivencias e militância
escrevendo para a Revista Capitolina (e se a Deusa permitir e todos os nossos desejos forem atendidos, em breve
escreve para o Blogueiras Negras também).
3) ALINE MORENO, SHEYLA MELO, CARINA ROCHA E EVELIN PEREIRA – COLETIVO JUNTAS NA LUTA
Periferia de São Paulo, Guaianazes, Zona Leste, um grupo de mulheres
inconformadas com a morte física, psicológica e social de milhares de mulheres,
decorrentes do domínio sexista que explora a mulher para a submissão e servidão
da sociedade de classes, se reúne para em ponderar outras mulheres através de
ações diretas dentro e fora da cidade de São Paulo, este é o Coletivo Juntas na Luta que atua numa das regiões mais abandonadas quando o
assunto são ações de em pondera-mento da mulher negra. Durante o ano de 2014 o
coletivo realizou sempre aos sábados o seu Sarau Feminista Junte-se na Luta,
debatendo assuntos como gênero, sexualidade, questões raciais e promovendo
atividades culturais e educativas. Um microfone aberto para dar voz a periferia.
4) LUANA TOLENTINO
Luana Tolentino trabalhou dos 13 aos 17 anos como babá, empregada
doméstica e faxineira. Hoje é historiadora, professora da Rede Estadual de
Ensino de Minas Gerais, participante de grupos de pesquisa da UFMG e militante
do movimento negro. Mais uma preta que desafiou as possibilidades do destino e
segue dando esta oportunidade para outras meninas e mulheres em Minas Gerais.
Seus escritos estão espalhados pela internet em sites como o Viomundo, Geledes,
Femmaterna , Revista Fórum, Pragmatismo Político e o Blogueiras Negras , além de suas publicações nas
redes sociais não apenas inspiram outras mulheres negras a mudarem seus
destinos como educam olhos racistas para a realidade e das possibilidades da
mulher negra.
5) SUZANE JARDIM
Uma perfuração no pulmão, bacia, fêmur e 10 costelas quebrados, coma,
meses na UTI. Ser jogada da janela do quarto andar de um prédio por ter se
levantado contra o machismo e sobreviver apra continuar sambando na cara do
patriarcado e de todo ‘ machinho escroto’ – termo que quase lhe custou a vida –
com um humor único e um carinho inigualável. Esses são os feitos de Suzane
Jardim, militante feminista no Coletivo Feminista Maria Bonita e Highlander (em 2014 comemorou 1 ano que sobreviveu).
Uma mulher com mais qualidades do que seria possível descrever e que em
meio a uma luta pessoal e particular consegue lutar pelas outras para que não
passem por 1/3 daquilo que viveu. Como não se curvar diante de tamanha garra.
Seus escritos no Blogueiras Negras e em seu perfil pessoal no facebook são uma lição de
superação, feminismo e acima de tudo noção. Quem é Azalea Banks na fila do pão,
lacradora mesmo é Suzane Jardim.
6) STEPHANIE RIBEIRO
Stephanie
Ribeiro, sempre estudou em escolas públicas, bolsista de arquitetura e única
aluna negra entre 200 alunos de arquitetura na PUC Campinas. Única aluna a
receber um tratamento diferente. Stéphanie publicou no Blogueiras Negras um
corajoso texto sobre a situação pela qual estava passando em maio de 2014 e não
parou na denúncia de seu próprio caso. Stephanie é uma das vozes mais ativas na
internet com relação ao combate ao racismo, o feminismo interseccional e a
valorização e em ponderamento da mulher negra. Em seu perfil no facebook, no Twitter e
em páginas como o Blogueiras
Negras, Stéphanie dá seu recado e não leva desaforo pra casa, nem os
dirigidos a ela, nem a qualquer outra pessoa subjugada a opressão machista,
racista ou patriarcal.
Atualmente
Stephanie também é colaboradora da Revista Capitolina, uma das fundadoras do Imprensa
Feminista e escreve no Confeitaria.
7) LUANA HANSEN e DRIKA FERREIRA
8) THAÍZ MUNIZ – TURBANTE.SE
Thaís
Muniz é designer, diretora criativa & estratégica de projetos ligados a
design, arte, cultura, moda e comportamento, com experiência em produção
executiva, direção de arte e gestão de conteúdo para revista, TV, web e outros
impressos. Entusiasta da cultura de rua, é amante de movimentos periféricos e
independentes por considerá-los fonte de inovação genuína e inspiração.
É ela a
responsável pelo projeto Turbantes que
experimenta através da estética dos turbantes a reflexão sobre o papel
social de comunicação não verbal dos mesmos, suas inúmeras formas de usos e
significados para as diferentes culturas e seu lugar de militância e em pondera-mento
em múltiplas instancias, Thais também se desapropria do adorno enquanto campo
de experimentos em arte e design, exercitando a criação em estamparia, garimpo
têxtil, suas diferentes aplicações, e mescla de materiais, além de fomentar seu
uso e sua popularização através de workshops, tutoriais e outras colaborações.
10) HAILEY KAAS
Hailey Kaas é militante Transfeminista – uma corrente feminista que
busca discutir questões trans*. Através de seu Tumblr Gênero à Deriva e do site do
coletivo Transfeminismo tem
estado à frente da luta pelo direito das pessoas Trans a existência e ajudado a
tornar menos ignorante um movimento que mais uma vez se pretende libertador,
mas não está aberto as pautas de TODAS as mulheres.
Hailey milita e diversas causas desde as mais próximas de uma
ideia político-indenitária como racismo, gordofobia, capacitismo
e diversidade sexual, até as mais gerais como meio ambiente, questão
indígena e mecanismo.
Alvo de inúmeros ataques de ódio que vão desde a deslegitima-cão de sua
identidade como mulher até questionamentos sobre seu reconhecimento em ser
afrodescendente e logo mulher negra, Hailey Kaas segue militando e brilhando
sem que o rancor gratuito a afete em demasia. Somos mais você Hailey e só
podemos dizer obrigada.
11) SHEU NASCIMENTO – NEGRA E LÉSBICA
Dar visibilidade e voz a mulheres negras e lésbicas, um desafio para
qualquer militante da causa. Desafio ainda maior é realizar tal tarefa e
desenvolver atividades de em pondera-mento em Jequié, interior da Bahia. Porém
Sheu Nascimento o faz com primazia além de nos brindar com o blog e
a fanpage Negra e Lésbica. Luta, resistência e visibilidade
de mulheres negras e lésbicas. Sheu dá continuidade ao que se iniciou com
Audre Lorde em campos tão áridos quanto, pois, “sexíssimo e heterossexismo surgem
da mesma fonte do racismo”.
12) ALILE DARA
Quem vê
a fotografia de Alile logo de cara sente que a preta possui asas. Dona de um
olhar único que vê beleza no que há de mais simples e apaixonante na vida.
Alile fotografa sonhos, desejos, sutilezas e faz com que a gente alce voo
através do seu olhar. Atualmente esse show de delicadeza pode ser visto e
acompanhado na Capitolina, mas você também consegue acompanhar a maravilho-idade
desta ariana torta no seu blog pessoal.
13/01) MONTSHO AYODELE – SINHÁ RAD
Do desconforto em ver feministas radicais brancas relativizando racismo
em nome da sonoridade e tokenizando mulheres negras nasceu o Sinhá Rad, página no facebook com mais de 6.000 likes que com
muito bom humor faz críticas necessárias e contundentes ao um movimento que se
pretende libertador, mas se mantém racista e reprodutor daquilo que tenciona a
combater que é o patriarcado. Por um feminismo onde não se relativize a pauta e
a dor da outra, onde racismo não seja banalizado. Enfim uma página onde
pessoas preconceituosas e equivocadas se autônoma, como não amar? Sinhá Rad é
um trabalho critico competentíssimo que é unanimidade nos nossos corações. Não
está no seu? Que pena, no Sinhá Rad o choro é livre.
13/02) JAQUELINE FERNANDES E CHAIA
DESHEN
Jaqueline Fernandes e Chaia Deshen estão à frente da Griô, uma
produtora formada por mulheres, que consequentemente traz o recorte de gênero
de maneira acentuada e dialoga com movimentos e coletivos que apostam na
cultura livre. Inevitavelmente ficou conhecida como uma produtora militante,
por dialogar com diversos movimentos sociais e entidades.
A Griô criou e produz o Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e
Caribenha – Latinidades Afro-latinas. Este ano o latinidades contou com a
presença a presença de Ângela Davis, conferência com Patrícia Hill Collins, conferência de Ana Maria Gonçalves e Paulina Chiziane
além de todo debate acerca do feminismo negro, sabedoria,
ancestralidade, memória, política e sustentabilidade. Venhamos e
convenhamos, trazer Ângela Davis para perto das pretas daqui não é para
qualquer uma, desta forma nos curvamos a produção e dedicação das moças, sempre
impecável alias.
14) JARID ARRAES
Mulher, negra, cearense, cordelista, escritora e colunista na Revista Fórum. Jarid Arraes leva questões de gênero e sexualidade por onde passa. Jarid produz, edita e distribui literatura de Cordel feminista, abordando temáticas como feminismo, diversidade sexual, racismo, direitos humanos e biografias de grandes personalidades políticas.
15) DENNA HILL, LUCIA UDEMEZUE, NINA VIEIRA, THAYS QUADROS – MANIFESTO CRESPO
De
discussões sobre as diversas questões do universo da cultura afro-brasileira,
suas produções artísticas e estéticas, nasceu o Manifesto Crespo. O Coletivo organizado por
Denna Hill, Lúcia Udemezue, Nina Vieira e Thays Quadros busca reconhecer
seu valor da cultura negra e fortalecer a memória e a autoestima de mulheres
negras, numa luta pelo resgate das nossas origens – uma vez que o Brasil conta
com a maior população originária da diáspora africana.
Através
de atividades culturais e educacionais o Manifesto Crespo atinge
não apenas as mulheres negras como envolve crianças na atmosfera negra com
projetos como a Cotação de Histórias.
“Acreditamos
que o corpo negro e sua cultura são fonte de infinita criatividade e beleza! ”
Nós
também acreditamos, esta aí o Manifesto crespo como prova da infinita
criatividade para nos colocar mais próximas de quem somos.
16) FABIANA LIMA
Fabiana
Lima comanda o canal no You Tube Beleza que conta hoje com mais de 6.000
assinantes. Em seu canal Fabiana dá dicas sobre cabelo afro, cuidados com a
pele e maquiagem, principalmente para mulheres negras. Mas os vídeos não falam
apenas de beleza exterior, o Beleza de Preta ainda conta com pitadas de
feminismo negro, comentários sobre obras e trajetórias de mulheres,
como Alice Walker por exemplo quando em vídeo recente o texto “Cabelo
oprimido é um teto para o cérebro” foi apresentado e debatido com os assinantes
e espectadores do canal.
17) BLOCO DAS PRETAS
Com o
objetivo de em ponderar a mulher negra e valorizar a cultura Afro nasce dentro
do Coletivo de Estudantes Negros da UFMG o Bloco das
Pretas. O Bloco é auto-gestionado e autônomo, e sua base é o
respeito a ancestralidade. Embora tenha nascido dentro da
Universidade o grupo agrega mulheres negras que não estão inseridas na
academia. Fazem parte do coletivo: Talita Caroline Botelho, Dandara
Melina, Rayana Almeida, Miriam Alves, Graziele Fernandes, Kely Brito, Veridiane
Vidal, Jacqueline Maia, Adriana Santana, Frois, Madelaine Iracema. O grupo
utiliza o ativismo, com sarais, o afoxé, e outras intervenções como ação
política. Em novembro deste ano o Bloco das Pretas lançou o seu franzino como
alternativa para se manter. Existe resistência negra e feminina em BH e
chama Bloco das Pretas.
18) YASMIN THAYNÁ – Kbela
KBELA é uma experiência
audiovisual sobre ser mulher e tornar-se negra. O filme começa a ser desenhado
a partir do conto Mc K. Bela, que narra a história de uma menina negra,
moradora da Baixada Fluminense, que passou por um processo de embranque-cimento
durante a sua vida e decidiu se libertar deixando seu cabelo natural, sem
nenhum tipo de interferência química. Essa foi a maneira que achou para se
sentir bonita e poder olhar para si sem qualquer estranhamento.
“No início do ano de 2013, integrantes da Revista Cranta
decidiram explodir o conto em poesia, gritos e imagens, buscando reconhecer em
outros rostos novas possibilidades para K. Bela. Foi realizada uma
chamada pública na internet convocando atrizes e não atrizes negras para
participar de um vídeo inspirado no conto Mc K.
Bela. Os critérios eram: topar participar de uma produção
independente – leia-se sem grana – e ter alguma história parecida com a da K. Bela
para contar. Em três dias, mais de 100 mulheres responderam à convocação
contando suas histórias e manifestando interesse em participar do filme”,
afirma Yasmin Thayná idealizada e produtora. K. Bela atingiu
o valor necessário no financiamento coletivo e está sendo produzido lindamente.
19) MEL ADÚN
Produzir
e publicar literatura negra, esse é o objetivo do Ogum’s Toques do
qual Mel Adún faz parte e administra a página no facebook. Especializada em
Nano Contos e sob o axé de Ogum, o grupo tem no veículo impresso
a abertura de novos caminhos. Organizado por Guellwaar Adún, Mel Adún
e Alex Ratts, a Ogums Toques conta
com autores experientes como Miriam Alves, Éle Semog e Lia Vieira, e estreantes
como Gabriela Ramos, Júlia Couto e Ari Sacramento. Um novo caminho para a
literatura negra que pode ser acompanhado através do Blog ou da página no Facebook.
20) ALINE RAMOS – Que nega é essa
“Distantes
de um cenário de igualdade social, a mulher negra carrega sobre seus ombros o
peso do machismo, bem como do racismo. Metade das mulheres no Brasil são negras,
mas quais são seus nomes, histórias e identidades? “
Esse é
o mote para que Aline Ramos desafie o leitor a descobrir QUE NEGA É
ESSA?, página no facebook que conquistou mais de 3.000 likes em
poucos meses de existência e tenta colocar a mulher negra real no mapa. Que
Nega é Essa ainda versa e explica bem explicadinho o que é e o tamanho da
importância de um feminismo negro interseccional uma vez que só entendimento
sobre este será capaz de promover e ampliar os debates acerca da mulher
negra e todas as suas especificidades.
Se Jor
Ben Jor cantou e nós continuamos perguntando, que nega é essa? É a gente quem
diz que assim ela acaba nos conquistando.
21) LUCIANE BARROS
Criar
os meios necessários para aumentar a autoestima das mulheres, trazer à
consciência das relações étnico-raciais no Brasil e, a visibilidade /
invisibilidade da presença das mulheres negras na moda, estes eram os objetivos
de Luciane Barros ao criar O África Plus Size Fashion Week. Concentrado em moda plus size e
inspirado na cultura Africana, O África incentiva a produção de moda
que quebre estereótipos sobre diversidade das mulheres e suas formas. Mostrando
que representatividade importa Luciane Barros brilhou demais com esta
construção social.
22) CAPULANAS CIA
DE ARTE NEGRA
Um grupo de
mulheres negras fazendo arte em meio a periferia do Jardim Ângela. O
último projeto intitulado Sangoma, tem como principal fonte de pesquisa a saúde
das mulheres negras e resultou em uma belíssima peça de teatro de mesmo
nome. Em 2014 não apenas trouxeram a realidade de nossas avós, tias, mães e nós
mesmas para os palcos como trabalharam junto com Carmem Faustino e com grupos
variados de mulheres negras para desenvolver uma vivência sobre saúde e
violências e as relações e influências diretas que esses dois
temas trazem para nossas vidas. Um trabalho carinhoso de desenvolvimento da
afetividade, momentos de fala, escuta e troca, enriquecendo e contribuindo de
forma direta e indireta para cada mulher negra que pode participar do projeto
ou ver a peça. Impossível não se identificar e se apaixonar pelo trabalho
dessas guerreiras. Peça e projeto, um dos pontos altos de 2014.
23) GABRIELA RAMOS, RENATA PEDREIRA,
ALINE SILVA, TAMIRES FURTADO, JÉSSICA DANDARA, MONTSHO AYODELE
Com
o objetivo de criar uma mobilização nacional contra o programa da rede
globo “Sexo e as negas” e refletir sobre a representação da mulher negra na TV,
Gabriela Ramos, Renata Pedreira, Aline Silva, Tamires Furtado, Jéssica Dandara
e Montsho Ayodele reuniram mais de 30.000 likes na página ‘Boicote Nacional ao programa “Sexo e as negas” da Rede Globo’ .
Sexo e
as Negas teve pior índice dentre todos os seriados que já ocuparam os fins
de noite de terça-feira, apresentando uma mulher negra estereotipada e hiper-sexualizada,
senso comum que lutamos para desconstruir. Houve quem chamasse de polêmica, nós
chamamos de racismo e objetificação, levantar esse debate trouxe à tona a voz
de todas as mulheres negras que não se sentiram representadas pela mulher negra
personagem e boicotou junto com as moças a minissérie. Um homem cis branco
tentando mais uma vez dizer quem é a mulher negra, falhou miseravelmente. As
moças da página do Boicote mostraram apenas que a mulher negra tem
poder de decisão e já não recua.
24) POR MAIS TURBANTES NAS RUAS
De um
acampamento e de uma atividade escolar nasceu o desejo de fazer parte de forma
mais efetiva na reflexão e construção sobre identidade negra na alma e nos
corações de um grupo de estudantes de comunicação na UFS – Universidade
Federal de Sergipe. Desejo este que se tornou mais do que um trabalho dentro de
uma atmosfera acadêmica, saiu do âmbito teórico para fazer parte de uma
construção efetiva e real. Assim é o projeto “Por mais turbantes nas ruas” onde mulheres negras
sergipanas utilizam a vivencia e a oralidade para quebrar opressões e levar
informação e mudança. Através de oficinas e workshops em escolas e a venda de
turbantes celebram e valorizam nestes meios a cultura Afro.
25) TAMIRES GOMES SAMPAIO
Tamires
Gomes Sampaio sempre estudou em colégios públicos da periferia de São Paulo, conseguiu
uma bolsa de estudos através do Pro-Uni para se graduar no Mackenzie é
hoje a primeira negra a assumir a diretoria do Centro Acadêmico do curso de
Direito da universidade paulistana.
Um
centro acadêmico que em 2012 foi o principal organizador de uma
manifestação contra o uso do Enem como critério de classificação para ingressar
no Mackenzie. A manifestação chegou a fechar uma das faixas da Rua da
Consolação, no centro de São Paulo. Na ocasião, a justificativa dos estudantes
era de que a adoção do exame contribuiria para a queda da qualidade do curso de
Direito.
A
manifestação não surtiu efeito, o ENEM continua sendo critério de seleção e ter
Tamires como a primeira pessoa negra à frente do Centro Acadêmico é mais do que
a prova de que não se reduz em nada a qualidade do curso e sim se aprimora.
Faixa Bônus
Suely Carneiro
Sueli Carneiro vigora na lista não por ter sido assunto durante o ano e
sim pelo conjunto da obra nestes 17 anos à frente do Instituto da Mulher Negra,
o Geledes. Fonte de formação e informação para muitas de nós, Sueli
é Filósofa, doutora em Educação pela Universidade de São Paulo;
coordenadora executiva de Geledés Instituto da mulher Negra; coordenadora da
área de Direitos Humanos de Geledés; editora do Portal Geledés. É também
diretora vice-presidente do Fundo Brasil de Direitos Humanos. É ativista do Movimento
Feminista e do Movimento Negro do Brasil; autora de artigos sobre gênero, raça
e direitos humanos em diversas publicações nacionais e internacionais.
PLUS ARRASANTE
CHARÔ NUNES
Ao
editar e falar um pouco sobre cada uma dessas mulheres me deparei com um
dilema, como deixar de fora desta lista a mais citada de todas elas? Dos nomes
que pipocaram entre as indicações o nome de Charô Nunes foi o mais citado, mas
havíamos entrado em conformidade que nenhuma moça que compusesse a coordenação
do Blogueiras Negras voltaria a fazer parte das indicações. Tenho licença
poética para discordar, criar uma categoria alternativa e incluir aquela que
idealizou, organizou, mantem e produz esse espaço que acolheu a todas nós,
desta forma incluo (arbitrariamente e sim, ela vai me matar) Charô Nunes a
lista das mulheres guerreiras deste ano.
Não
me cabe aqui dizer quem é Charô Nunes, muitas de nós o fizeram depois que a
mesma recebeu ataques desonestos de um certo “mulatólogo” (que nem é profissão
– RÁ). Todas fomos Charô por termos orgulho da pessoa que ela é, por sermos
gratas a seu trabalho e por admirarmos seus escritos que tanto nos empoderam,
seja no Blogueiras Negras ou nos Indigestivos
Oneirophanta.
Se
esta lista é para fechar o ano com coisas boas, só poderia deixar essa
categoria para encerrar nossa lista e reafirmar que: Todas Somos Charô Nunes.
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