quarta-feira, 16 de novembro de 2016

BLOGUEIRAS NEGRAS

25 NEGRAS MAIS INFLUENTES DA WEB 2014 # 25WEBNEGRAS
Fazer uma lista com 25 mulheres negras mais influentes na web no ano de 2014, tarefa ingrata uma vez que existe um número muito maior de mulheres incríveis para vigorar nesta listagem. Ingrata, mas realizada com todo o amor e carinho.
Consultamos as mais de 1400 mulheres negras na Comunidade do Blogueiras Negras e pedimos para que nos indicassem quem neste universo chamado internet as influenciou neste ano que termina. Diversos nomes surgiram, incluindo as moças que apareceram no nosso passado que continuaram “destruidoras mesmo” este ano, porém utilizamos o critério de não repetir nenhum nome e brindar quem lê com MAIS 25 mulheres incríveis e assim acumulamos referencias, inspiração, ativismo e beleza negra.
Continuamos levando em consideração a ausência de marcadores como machismo, elitismo, gordofobia, homofobia ou transfobia para as indicações e consequente escolha para vigorar na lista que permanece organizada não por grau de importância e sim aleatoriamente.
As mulheres abaixo fecharam 2014 com seus comentários, escritos, livros, poemas, música, visão e militância.  Já somos 50 nesta lista de mulheres negras influentes na web brasileira, que estas mulheres sejam inspiração para as próximas 25, 50, 100 que certamente virão não só na web como na vida.
Batuquemos!
1) ANDREZA DELGADO
Andreza Delgado é estudante de Letras, militante do movimento feminista e negro. Passou por mais um episódio bizarro promovido pela PM de São Paulo durante uma manifestação ao ser arrastada (enquanto ainda era menor de idade) em plena avenida Paulista e submetido a uma sessão de tortura psicológica regada a racismo e sexíssimo.
Para além do episódio Andreza é voz ativa nas redes sociais na luta pelos direitos das mulheres negras e no combate efetivo ao racismo. Com argumentação concisa e texto poderoso Andreza representa o grito preso na garganta de cada mulher negra oprimida pelo racismo, machismo, classicismo.
Dona de um estomago de ferro para debater com as piores figuras presentes na internet assuntos espinhosos não sabemos o que a torna mais corajosa, sua fala ou sua disposição para argumentar e mudar mesmo que uma por uma a mente dos racistas de plantão.
2) MARIA CLARA ARAÚJO
Para entender a dimensão do poder da palavra desta mulher você pode começar clicando aqui. Maria Clara Araújo tem 18 anos, é ativista assídua da causa trans* e vestibulanda. Pernambucana, residente em recife Recife é mulher negra transexual com orgulho e brilha demais no ativismo virtual em torno da vivência trans*. Participou de um curta no início do ano o (Trans) aparência e pretende levar sua militância para a futura área de trabalho, que provavelmente será a executando em expressões artísticas.  Enquanto isso Maria Clara nos brinda com falas coerentes e precisas em torno das suas vivencias e militância escrevendo para a Revista Capitolina (e se a Deusa permitir e todos os nossos desejos forem atendidos, em breve escreve para o Blogueiras Negras também).
3) ALINE MORENO, SHEYLA MELO, CARINA ROCHA E EVELIN PEREIRA – COLETIVO JUNTAS NA LUTA
Periferia de São Paulo, Guaianazes, Zona Leste, um grupo de mulheres inconformadas com a morte física, psicológica e social de milhares de mulheres, decorrentes do domínio sexista que explora a mulher para a submissão e servidão da sociedade de classes, se reúne para em ponderar outras mulheres através de ações diretas dentro e fora da cidade de São Paulo, este é o Coletivo Juntas na Luta que atua numa das regiões mais abandonadas quando o assunto são ações de em pondera-mento da mulher negra. Durante o ano de 2014 o coletivo realizou sempre aos sábados o seu Sarau Feminista Junte-se na Luta, debatendo assuntos como gênero, sexualidade, questões raciais e promovendo atividades culturais e educativas. Um microfone aberto para dar voz a periferia.
4) LUANA TOLENTINO
Luana Tolentino trabalhou dos 13 aos 17 anos como babá, empregada doméstica e faxineira. Hoje é historiadora, professora da Rede Estadual de Ensino de Minas Gerais, participante de grupos de pesquisa da UFMG e militante do movimento negro. Mais uma preta que desafiou as possibilidades do destino e segue dando esta oportunidade para outras meninas e mulheres em Minas Gerais.  Seus escritos estão espalhados pela internet em sites como o Viomundo, Geledes, Femmaterna , Revista Fórum, Pragmatismo Político e o Blogueiras Negras , além de suas publicações nas redes sociais não apenas inspiram outras mulheres negras a mudarem seus destinos como educam olhos racistas para a realidade e das possibilidades da mulher negra.
5) SUZANE JARDIM
Uma perfuração no pulmão, bacia, fêmur e 10 costelas quebrados, coma, meses na UTI. Ser jogada da janela do quarto andar de um prédio por ter se levantado contra o machismo e sobreviver apra continuar sambando na cara do patriarcado e de todo ‘ machinho escroto’ – termo que quase lhe custou a vida – com um humor único e um carinho inigualável. Esses são os feitos de Suzane Jardim, militante feminista no Coletivo Feminista Maria Bonita e Highlander (em 2014 comemorou 1 ano que sobreviveu).  
Uma mulher com mais qualidades do que seria possível descrever e que em meio a uma luta pessoal e particular consegue lutar pelas outras para que não passem por 1/3 daquilo que viveu. Como não se curvar diante de tamanha garra. Seus escritos no Blogueiras Negras e em seu perfil pessoal no facebook são uma lição de superação, feminismo e acima de tudo noção. Quem é Azalea Banks na fila do pão, lacradora mesmo é Suzane Jardim.
6) STEPHANIE RIBEIRO
Stephanie Ribeiro, sempre estudou em escolas públicas, bolsista de arquitetura e única aluna negra entre 200 alunos de arquitetura na PUC Campinas. Única aluna a receber um tratamento diferente. Stéphanie publicou no Blogueiras Negras um corajoso texto sobre a situação pela qual estava passando em maio de 2014 e não parou na denúncia de seu próprio caso. Stephanie é uma das vozes mais ativas na internet com relação ao combate ao racismo, o feminismo interseccional e a valorização e em ponderamento da mulher negra. Em seu perfil no facebook, no Twitter e em páginas como o Blogueiras Negras, Stéphanie dá seu recado e não leva desaforo pra casa, nem os dirigidos a ela, nem a qualquer outra pessoa subjugada a opressão machista, racista ou patriarcal.
Atualmente Stephanie também é colaboradora da Revista Capitolina, uma das fundadoras do Imprensa Feminista e escreve no Confeitaria.
7) LUANA HANSEN e DRIKA FERREIRA
Luana Hansen e Drika Ferreira tem levado o feminismo por onde passam com o seu som. Parceiras nos palcos e na vida Luana Hansen, DJ, MC, produtora e Drika Ferreira, atriz, assessora, apoiadora e backing vocal levam de Pirituba – Periferia da Zona Norte de São Paulo – pro mundo a voz de mulheres negras periféricas abordando assunto como violência doméstica e aborto em suas letras. Além de militantes feministas ambas lutam por uma maior participação das mulheres no universo do rap. Luana mantem em seu canal do YouTube o programa Mic’s Aberto gravado em seu estúdio profissional montado em sua casa (grande parte com material encontrado num Eco Ponto) pela mesma. Alguma dúvida de que ninguém para essas duas?
8)  THAÍZ  MUNIZ  – TURBANTE.SE 
Thaís Muniz é designer, diretora criativa & estratégica de projetos ligados a design, arte, cultura, moda e comportamento, com experiência em produção executiva, direção de arte e gestão de conteúdo para revista, TV, web e outros impressos. Entusiasta da cultura de rua, é amante de movimentos periféricos e independentes por considerá-los fonte de inovação genuína e inspiração.
É ela a responsável pelo projeto Turbantes  que experimenta através da estética dos turbantes a reflexão sobre o papel social de comunicação não verbal dos mesmos, suas inúmeras formas de usos e significados para as diferentes culturas e seu lugar de militância e em pondera-mento em múltiplas instancias, Thais também se desapropria do adorno enquanto campo de experimentos em arte e design, exercitando a criação em estamparia, garimpo têxtil, suas diferentes aplicações, e mescla de materiais, além de fomentar seu uso e sua popularização através de workshops, tutoriais e outras colaborações.
10) HAILEY KAAS
Hailey Kaas é militante Transfeminista – uma corrente feminista que busca discutir questões trans*. Através de seu Tumblr Gênero à Deriva e do site do coletivo Transfeminismo tem estado à frente da luta pelo direito das pessoas Trans a existência e ajudado a tornar menos ignorante um movimento que mais uma vez se pretende libertador, mas não está aberto as pautas de TODAS as mulheres.
Hailey milita e diversas causas desde as mais próximas de uma ideia político-indenitária como racismo, gordofobia, capacitismo e diversidade sexual, até as mais gerais como meio ambiente, questão indígena e mecanismo.
Alvo de inúmeros ataques de ódio que vão desde a deslegitima-cão de sua identidade como mulher até questionamentos sobre seu reconhecimento em ser afrodescendente e logo mulher negra, Hailey Kaas segue militando e brilhando sem que o rancor gratuito a afete em demasia. Somos mais você Hailey e só podemos dizer obrigada.
11) SHEU NASCIMENTO – NEGRA E LÉSBICA
Dar visibilidade e voz a mulheres negras e lésbicas, um desafio para qualquer militante da causa. Desafio ainda maior é realizar tal tarefa e desenvolver atividades de em pondera-mento em Jequié, interior da Bahia. Porém Sheu Nascimento o faz com primazia além de nos brindar com o blog e a fanpage Negra e Lésbica.  Luta, resistência e visibilidade de mulheres negras e lésbicas. Sheu dá continuidade ao que se iniciou com Audre Lorde em campos tão áridos quanto, pois, “sexíssimo e heterossexismo surgem da mesma fonte do racismo”.
12) ALILE DARA
Quem vê a fotografia de Alile logo de cara sente que a preta possui asas. Dona de um olhar único que vê beleza no que há de mais simples e apaixonante na vida. Alile fotografa sonhos, desejos, sutilezas e faz com que a gente alce voo através do seu olhar. Atualmente esse show de delicadeza pode ser visto e acompanhado na Capitolina, mas você também consegue acompanhar a maravilho-idade desta ariana torta no seu blog pessoal.
13/01) MONTSHO AYODELE – SINHÁ RAD
Do desconforto em ver feministas radicais brancas relativizando racismo em nome da sonoridade e tokenizando mulheres negras nasceu o Sinhá Rad, página no facebook com mais de 6.000 likes que com muito bom humor faz críticas necessárias e contundentes ao um movimento que se pretende libertador, mas se mantém racista e reprodutor daquilo que tenciona a combater que é o patriarcado. Por um feminismo onde não se relativize a pauta e a dor da outra, onde racismo não seja banalizado.  Enfim uma página onde pessoas preconceituosas e equivocadas se autônoma, como não amar? Sinhá Rad é um trabalho critico competentíssimo que é unanimidade nos nossos corações. Não está no seu? Que pena, no Sinhá Rad o choro é livre.
13/02) JAQUELINE FERNANDES E CHAIA DESHEN
Jaqueline Fernandes e Chaia Deshen estão à frente da Griô, uma produtora formada por mulheres, que consequentemente traz o recorte de gênero de maneira acentuada e dialoga com movimentos e coletivos que apostam na cultura livre. Inevitavelmente ficou conhecida como uma produtora militante, por dialogar com diversos movimentos sociais e entidades.  
A Griô criou e produz o Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha – Latinidades Afro-latinas. Este ano o latinidades contou com a presença a presença de Ângela Davis, conferência com Patrícia Hill Collins, conferência de Ana Maria Gonçalves e Paulina Chiziane além de todo debate  acerca do feminismo negro, sabedoria, ancestralidade, memória, política e sustentabilidade. Venhamos e convenhamos, trazer Ângela Davis para perto das pretas daqui não é para qualquer uma, desta forma nos curvamos a produção e dedicação das moças, sempre impecável alias.
14) JARID ARRAES
Mulher, negra, cearense, cordelista, escritora e colunista na Revista Fórum. Jarid Arraes leva questões de gênero e sexualidade por onde passa. Jarid produz, edita e distribui literatura de Cordel feminista, abordando temáticas como feminismo, diversidade sexual, racismo, direitos humanos e biografias de grandes personalidades políticas.
15) DENNA HILL, LUCIA UDEMEZUE, NINA VIEIRA, THAYS QUADROS – MANIFESTO CRESPO
De discussões sobre as diversas questões do universo da cultura afro-brasileira, suas produções artísticas e estéticas, nasceu o Manifesto Crespo. O Coletivo organizado por Denna Hill, Lúcia Udemezue, Nina Vieira e Thays Quadros busca reconhecer seu valor da cultura negra e fortalecer a memória e a autoestima de mulheres negras, numa luta pelo resgate das nossas origens – uma vez que o Brasil conta com a maior população originária da diáspora africana.
Através de atividades culturais e educacionais o Manifesto Crespo atinge não apenas as mulheres negras como envolve crianças na atmosfera negra com projetos como a Cotação de Histórias.
“Acreditamos que o corpo negro e sua cultura são fonte de infinita criatividade e beleza! ”
Nós também acreditamos, esta aí o Manifesto crespo como prova da infinita criatividade para nos colocar mais próximas de quem somos.
16) FABIANA LIMA
Fabiana Lima comanda o canal no You Tube Beleza que conta hoje com mais de 6.000 assinantes. Em seu canal Fabiana dá dicas sobre cabelo afro, cuidados com a pele e maquiagem, principalmente para mulheres negras. Mas os vídeos não falam apenas de beleza exterior, o Beleza de Preta ainda conta com pitadas de feminismo negro, comentários sobre obras e trajetórias de mulheres, como Alice Walker por exemplo quando em vídeo recente o texto “Cabelo oprimido é um teto para o cérebro” foi apresentado e debatido com os assinantes e espectadores do canal.
17) BLOCO DAS PRETAS
Com o objetivo de em ponderar a mulher negra e valorizar a cultura Afro nasce dentro do Coletivo de Estudantes Negros da UFMG o Bloco das Pretas. O Bloco é auto-gestionado e autônomo, e sua base é o respeito a ancestralidade.  Embora tenha nascido dentro da Universidade o grupo agrega mulheres negras que não estão inseridas na academia. Fazem parte do coletivo: Talita Caroline Botelho, Dandara Melina, Rayana Almeida, Miriam Alves, Graziele Fernandes, Kely Brito, Veridiane Vidal, Jacqueline Maia, Adriana Santana, Frois, Madelaine Iracema. O grupo utiliza o ativismo, com sarais, o afoxé, e outras intervenções como ação política. Em novembro deste ano o Bloco das Pretas lançou o seu franzino como alternativa para se manter.  Existe resistência negra e feminina em BH e chama Bloco das Pretas.
18) YASMIN THAYNÁ – Kbela
KBELA é uma experiência audiovisual sobre ser mulher e tornar-se negra. O filme começa a ser desenhado a partir do conto Mc K. Bela, que narra a história de uma menina negra, moradora da Baixada Fluminense, que passou por um processo de embranque-cimento durante a sua vida e decidiu se libertar deixando seu cabelo natural, sem nenhum tipo de interferência química. Essa foi a maneira que achou para se sentir bonita e poder olhar para si sem qualquer estranhamento.
“No início do ano de 2013, integrantes da Revista Cranta decidiram explodir o conto em poesia, gritos e imagens, buscando reconhecer em outros rostos novas possibilidades para K. Bela.  Foi realizada uma chamada pública na internet convocando atrizes e não atrizes negras para participar de um vídeo inspirado no conto Mc K.
Bela. Os critérios eram: topar participar de uma produção independente – leia-se sem grana – e ter alguma história parecida com a da K. Bela para contar. Em três dias, mais de 100 mulheres responderam à convocação contando suas histórias e manifestando interesse em participar do filme”, afirma Yasmin Thayná idealizada e produtora. K. Bela atingiu o valor necessário no financiamento coletivo e está sendo produzido lindamente.
19) MEL ADÚN
Produzir e publicar literatura negra, esse é o objetivo do Ogum’s Toques do qual Mel Adún faz parte e administra a página no facebook. Especializada em Nano Contos e sob o axé de Ogum, o grupo tem no veículo impresso a abertura de novos caminhos. Organizado por Guellwaar Adún, Mel Adún e Alex Ratts, a Ogums Toques conta com autores experientes como Miriam Alves, Éle Semog e Lia Vieira, e estreantes como Gabriela Ramos, Júlia Couto e Ari Sacramento. Um novo caminho para a literatura negra que pode ser acompanhado através do Blog ou da página no Facebook.
20) ALINE RAMOS – Que nega é essa
“Distantes de um cenário de igualdade social, a mulher negra carrega sobre seus ombros o peso do machismo, bem como do racismo. Metade das mulheres no Brasil são negras, mas quais são seus nomes, histórias e identidades? “
Esse é o mote para que Aline Ramos desafie o leitor a descobrir QUE NEGA É ESSA?, página no facebook que conquistou mais de 3.000 likes em poucos meses de existência e tenta colocar a mulher negra real no mapa. Que Nega é Essa ainda versa e explica bem explicadinho o que é e o tamanho da importância de um feminismo negro interseccional uma vez que só entendimento sobre este será capaz de promover e ampliar os debates acerca da mulher negra e todas as suas especificidades.
Se Jor Ben Jor cantou e nós continuamos perguntando, que nega é essa? É a gente quem diz que assim ela acaba nos conquistando.
21) LUCIANE BARROS
Criar os meios necessários para aumentar a autoestima das mulheres, trazer à consciência das relações étnico-raciais no Brasil e, a visibilidade / invisibilidade da presença das mulheres negras na moda, estes eram os objetivos de Luciane Barros ao criar O África Plus Size Fashion Week. Concentrado em moda plus size e inspirado na cultura Africana, O África incentiva a produção de moda que quebre estereótipos sobre diversidade das mulheres e suas formas. Mostrando que representatividade importa Luciane Barros brilhou demais com esta construção social.
22) CAPULANAS CIA DE ARTE NEGRA
Um grupo de mulheres negras fazendo arte em meio a periferia do Jardim Ângela. O último projeto intitulado Sangoma, tem como principal fonte de pesquisa a saúde das mulheres negras e resultou em uma belíssima peça de teatro de mesmo nome. Em 2014 não apenas trouxeram a realidade de nossas avós, tias, mães e nós mesmas para os palcos como trabalharam junto com Carmem Faustino e com grupos variados de mulheres negras para desenvolver uma vivência sobre saúde e violências e as relações e influências diretas que esses dois temas trazem para nossas vidas. Um trabalho carinhoso de desenvolvimento da afetividade, momentos de fala, escuta e troca, enriquecendo e contribuindo de forma direta e indireta para cada mulher negra que pode participar do projeto ou ver a peça. Impossível não se identificar e se apaixonar pelo trabalho dessas guerreiras. Peça e projeto, um dos pontos altos de 2014.
23) GABRIELA RAMOS, RENATA PEDREIRA, ALINE SILVA, TAMIRES FURTADO, JÉSSICA DANDARA, MONTSHO AYODELE
Com o objetivo de criar uma mobilização nacional contra o programa da rede globo “Sexo e as negas” e refletir sobre a representação da mulher negra na TV, Gabriela Ramos, Renata Pedreira, Aline Silva, Tamires Furtado, Jéssica Dandara e Montsho Ayodele reuniram mais de 30.000 likes na página ‘Boicote Nacional ao programa “Sexo e as negas” da Rede Globo’ .
Sexo e as Negas teve pior índice dentre todos os seriados que já ocuparam os fins de noite de terça-feira, apresentando uma mulher negra estereotipada e hiper-sexualizada, senso comum que lutamos para desconstruir. Houve quem chamasse de polêmica, nós chamamos de racismo e objetificação, levantar esse debate trouxe à tona a voz de todas as mulheres negras que não se sentiram representadas pela mulher negra personagem e boicotou junto com as moças a minissérie. Um homem cis branco tentando mais uma vez dizer quem é a mulher negra, falhou miseravelmente. As moças da página do Boicote mostraram apenas que a mulher negra tem poder de decisão e já não recua.
24) POR MAIS TURBANTES NAS RUAS
De um acampamento e de uma atividade escolar nasceu o desejo de fazer parte de forma mais efetiva na reflexão e construção sobre identidade negra na alma e nos corações de um grupo de estudantes de comunicação na UFS – Universidade Federal de Sergipe. Desejo este que se tornou mais do que um trabalho dentro de uma atmosfera acadêmica, saiu do âmbito teórico para fazer parte de uma construção efetiva e real. Assim é o projeto “Por mais turbantes nas ruas” onde mulheres negras sergipanas utilizam a vivencia e a oralidade para quebrar opressões e levar informação e mudança. Através de oficinas e workshops em escolas e a venda de turbantes celebram e valorizam nestes meios a cultura Afro.
25) TAMIRES GOMES SAMPAIO
Tamires Gomes Sampaio sempre estudou em colégios públicos da periferia de São Paulo, conseguiu uma bolsa de estudos através do Pro-Uni para se graduar no Mackenzie é hoje a primeira negra a assumir a diretoria do Centro Acadêmico do curso de Direito da universidade paulistana.
Um centro acadêmico que em 2012 foi o principal organizador de uma manifestação contra o uso do Enem como critério de classificação para ingressar no Mackenzie. A manifestação chegou a fechar uma das faixas da Rua da Consolação, no centro de São Paulo. Na ocasião, a justificativa dos estudantes era de que a adoção do exame contribuiria para a queda da qualidade do curso de Direito.
A manifestação não surtiu efeito, o ENEM continua sendo critério de seleção e ter Tamires como a primeira pessoa negra à frente do Centro Acadêmico é mais do que a prova de que não se reduz em nada a qualidade do curso e sim se aprimora.
Faixa Bônus
Suely Carneiro
Sueli Carneiro vigora na lista não por ter sido assunto durante o ano e sim pelo conjunto da obra nestes 17 anos à frente do Instituto da Mulher Negra, o Geledes. Fonte de formação e informação para muitas de nós, Sueli é Filósofa, doutora em Educação pela Universidade de São Paulo; coordenadora executiva de Geledés Instituto da mulher Negra; coordenadora da área de Direitos Humanos de Geledés; editora do Portal Geledés. É também diretora vice-presidente do Fundo Brasil de Direitos Humanos. É ativista do Movimento Feminista e do Movimento Negro do Brasil; autora de artigos sobre gênero, raça e direitos humanos em diversas publicações nacionais e internacionais.
PLUS ARRASANTE
CHARÔ NUNES
Ao editar e falar um pouco sobre cada uma dessas mulheres me deparei com um dilema, como deixar de fora desta lista a mais citada de todas elas? Dos nomes que pipocaram entre as indicações o nome de Charô Nunes foi o mais citado, mas havíamos entrado em conformidade que nenhuma moça que compusesse a coordenação do Blogueiras Negras voltaria a fazer parte das indicações. Tenho licença poética para discordar, criar uma categoria alternativa e incluir aquela que idealizou, organizou, mantem e produz esse espaço que acolheu a todas nós, desta forma incluo (arbitrariamente e sim, ela vai me matar) Charô Nunes a lista das mulheres guerreiras deste ano.
Não me cabe aqui dizer quem é Charô Nunes, muitas de nós o fizeram depois que a mesma recebeu ataques desonestos de um certo “mulatólogo” (que nem é profissão – RÁ). Todas fomos Charô por termos orgulho da pessoa que ela é, por sermos gratas a seu trabalho e por admirarmos seus escritos que tanto nos empoderam, seja no Blogueiras Negras ou nos Indigestivos Oneirophanta.
Se esta lista é para fechar o ano com coisas boas, só poderia deixar essa categoria para encerrar nossa lista e reafirmar que: Todas Somos Charô Nunes.

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