terça-feira, 20 de setembro de 2016

FAÇA O SEU MELHOR

FAÇA O TEU MELHOR, NA CONDIÇÃO QUE VOCÊ TEM, ENQUANTO VOCÊ NÃO TEM CONDIÇÕES MELHORES PRA V0CÊ FAZER MELHOR AINDA
“Você está fazendo o teu possível ou o teu melhor? ” Para refletir
“Não é o melhor do mundo. É o teu melhor na condição que você tem enquanto não tem condições melhores para fazer melhor ainda. Pergunto de novo, mas não responda ainda, você está fazendo o teu possível ou o teu melhor? Porque se você ou eu podendo fazer o meu melhor, me contento com o possível, eu caio num lugar perigoso chamado ‘mediocridade’. Uma pessoa medíocre é aquela que é morna. Que está na média. Que não é quente e nem fria.
Lembra quando você chegava da escola com o boletim escrito: 6,0 em português, 5,5 em matemática, 4,0 em história… e você dizia: ‘deu para passar’. Medíocre – ’Deixa, eu toco a minha vida’ – Isso é mediocridade. Porque uma pessoa medíocre é aquela que podendo fazer o seu melhor se contenta em fazer só possível.
Mediocridade é falta de capricho. Capricho é você fazer o teu melhor na condição que você tem. Exemplo: minha mãe e eu moramos na mesma rua em São Paulo e às vezes eu passo na casa dela por volta de cinco da tarde e ela me olha e pergunta: ‘você ainda não almoçou, né? ’
 E completa – espera aí que eu vou fazer um negocinho pra você.  Ela poderia fazer qualquer coisa, mas faz um talharim, com azeite. Depois corta um tomate cereja e coloca por cima. Isso é capricho.
Eu no Paraná, quantas vezes, caipira, ia até a roça visitar alguém que morava numa casa de pau-a-pique e via o chão de terra todo varrido – capricho: fazer o melhor na condição que tem enquanto não tem condição de fazer melhor ainda para não ser medíocre. Na roça eu pedia para tomar um gole d’água e a mulher pegava uma carequinha de alumínio toda amassada, mas muito bem areada – passava areia em volta. ‘Ah, mas já é pobre mesmo’ – Êpa – É pobre, mas é limpinho. Tem gente que é pobre e limpinho não é. Isso é medíocre.
Tem gente que é medíocre e sua obra é medíocre: ‘ah, mas do jeito que me pagam; mas eu não tenho condição…’. Há pessoas que em nome da condição, degradam a ação. Ao invés de ter um trabalho que é concomitante, luta para melhorar as condições e vai fazendo o seu melhor com aquelas que tem”. – Mario Sergio Cortella.
Às vezes nos deixamos levar pelo imediatismo da vida e acabamos fazendo tudo às pressas. Sem amor, sem cuidado. Sem perceber que é possível ir bem mais longe, se decidirmos que nos dedicaremos para isso. O texto apresentado acima, pode parecer um tanto duro quando fala da nossa mediocridade, mas talvez seja necessário trazer o incômodo, a dureza que nos conduz a saída da zona de conforto.
"Os professores são os únicos adultos que encaram os jovens", afirma Mario Sergio Cortella em passagem por Caxias
Cortella é professor, filósofo e escritor e é tido como referência no meio educacional de todo país
Mario Sergio Cortella foi assessor e chefe de gabinete de Paulo Freire, é licenciado em filosofia, mestre e doutor em Educação. Foto: Roni Rigon/Agencia RBS


Uma das maiores referências do país em educação, Mario Sergio Cortella, passou por Caxias no início deste mês para falar com mais de quatro mil pessoas, entre elas professores, alunos e funcionários da Marcopolo. Defensor do ensino público, Cortella avalia o ensino politécnico como uma promessa de boa forma de educar e também entende que os professores são desrespeitados por serem os únicos com coragem de desafiar os jovens. 
Mario Sergio Cortella foi assessor e chefe de gabinete de Paulo Freire, é licenciado em filosofia, mestre e doutor em Educação. É professor da PUC/SP há 36 anos, com docência e pesquisa na pós-graduação em Educação e no Departamento de Teologia e Ciências da Religião, atuando também como comentarista da Rádio CBN e do Jornal da Cultura. 
Leia abaixo trecho da entrevista com o professor. Pioneiro: De que forma a família pode ser mais participativa em sala de aula?
Cortella: Não é a família que ajuda a escola a educar, é a escola que ajuda a família a fazer a escolarização da criança. Escolarização é um pedaço da educação. Educação é o acompanhamento das escolhas e capacidades do aluno. É a família que é auxiliada pela escola e não o inverso. A escola não consegue ter esse papel porque uma família tem dois ou três filhos, enquanto o professor tem de 30 a 40 alunos. 
Pioneiro: E o ambiente escolar se mostra atraente para o convívio de pais e filhos? Cortella: É difícil generalizar escolas. Cada professor é um, cada escola apresenta uma realidade. Pioneiro: E se dividirmos por escola pública ou privada?
Cortella: A escola privada no Brasil é muito restrita, sem significado até no ponto estatístico, porque 87% das pessoas que estão na educação básica frequentam escolas públicas. Numa sociedade, 13% não é algo que a gente dê relevância. Por isso, uma questão séria no Brasil não é escola pública versus escola privada, e sim escola boa versus escola ruim. Escolas boas existem em ambos os campos. Mas, objetivamente, a escola privada no Brasil é absolutamente minoritária.
Pioneiro: Então o senhor é um defensor da escola pública?
Cortella: Claro. Porque é uma instituição republicana, coloca várias camadas sociais em contato, agrega docentes que têm uma dedicação intensa, oferece uma condição maior humanitária. Pioneiro: Enquanto isso, a valorização do professor em escola municipal é maior que em âmbito estadual, por exemplo.
Cortella: Sim. Isso acontece porque estamos lidando com dimensões de gestão diferente. Uma coisa é lidar com todos os municípios do Rio Grande do Sul e outra coisa é lidar com uma cidade. Estado é algo abstrato, cidade não. Comunidade Caxias do Sul é concreta, o Rio Grande do Sul é apenas um traço no mapa.
Pioneiro: E além da má remuneração, ocorre ainda a falta de respeito com os professores... Cortella: Isso acontece tanto porque nós, professores, somos os únicos adultos que encaram o jovem hoje. As crianças têm autonomia, fazem a comida sozinha usando o micro-ondas, não falam mais com os pais. Os pais são reféns das crianças: ela decide onde vai almoçar, o que a família assistirá na televisão. A primeira pessoa que ela encontra no dia que pergunta: 'onde está teu caderno? E o uniforme? Pode desligar o celular?', é o professor.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário