sexta-feira, 30 de setembro de 2016

CONTI OUTRA

CONTI outra, por Josie Conti

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CONTI OUTRA

Amor Antigo

Diego Engenho Novo - 2 fev. 2016

Há alguns anos reencontrei Túlio no Rio. Ele havia descoberto algo que queria me mostrar. Ali, no bairro do Peixoto, chegamos à porta de um antigo prédio – Suba! Ela está nos esperando – estava – Você veio aqui para ouvir a história, não é? - Perguntou a velha senhora de sorriso lento e doce.

Contou-me que, em seus últimos anos de vida, Pedro, seu marido, passou a cumprir um ritual. Acordava assoviando, tomava banho demorado, fazia a barba, se perfumava e saía. Dia após dia, todos os dias. Ela, que não era das mais ciumentas, começou a desconfiar e decidiu seguir o safardana. Lerdo, caminhou até uma praça, onde esperou por alguém que não veio. Escreveu ali mesmo um bilhete demorado, que deitou sobre o banco. Uma carta para outra.
– Leia você mesmo – disse Anália mostrando-me uma caixa de madeira ao lado do sofá. “Querida, desculpe-me trazê-la tão longe. Venho aqui todos os dias para te encontrar, porque, depois de tantos anos naquela casa, eu nos vejo em cada detalhe, mas tenho medo de não estar mais te enxergando direito. Mesmo com minha visão curta, ainda percebo você acordando todas as manhãs, um pouco antes de mim, para se arrumar no espelho.
Você sabe que a minha memória está indo embora, como as montanhas sob a neblina. Mas ainda me lembro da primeira vez que senti o seu cheiro de outono e do seu riso, ficando mais baixo, ano após ano. Eu sei também que você mentiu quando nos conhecemos ao dizer que havia lido Drummond. Você nunca o leu, mas eu posso ler para você com a visão e os anos que me restam. É por você que eu espero, Anália, desde sempre. Com amor, Pedro”.
Pedro ainda leu para Anália por sete anos. Seu poema preferido de Drummond dizia “‘Se em toda parte o tempo desmorona aquilo que foi grande e deslumbrante, o antigo amor, porém, nunca fenece e a cada dia surge mais amante”. O amor antigo carrega aquela paz sublime como uma canção conhecida, da qual se conhece todas as variações e notas, mas com a qual sempre se emociona e se ré-encanta novamente. Anália ensinou-me isso. Agora, é ela quem espera por ele.

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Que idade você tem?
CONTI outra - Por Flávia Côrtes 4 jan. 2015  
Já me disseram muitas vezes que eu não aparento a idade que tenho. Normalmente, respondo só com um sorriso. Mas, às vezes, o interlocutor insiste e o jeito é dar crédito à genética, que me deu uma pele boa, ao riso que me acompanha ou ao pouco sol que tomei nessa vida.
É a face mais fácil da resposta e eu a uso sem pudor, por preguiça de explicar. A verdade inteira fica guardada com as mesmas convicções que me fazem não desistir de escolher sorvetes pela cor, de gostar de ler poesia em voz alta e só escrever quando as palavras começam a rodar em volta de mim.
Tem dia que acordo neném e nem ligo… me enrolo em feto e deixo a manhã me ninar. Tem hora que me permito velha e vejo cética…. Aí, antes que doa, rodo o olho no azul e deixo a luz entrar pela retina, direto, até a alma. Suspiro e solto a menina. Criança, sorrio confiante e crio. Em um minuto, mulher, resolvo, faço, organizo, desorganizo, desfaço, sinto… Dispersa, intercalo a menina com a mulher, sem precisar, sem querer, sem poder… sem saber ou simplesmente por ser.
Sou eu que tenho a idade. Não é a idade que me tem. Nota da Conti outra: O texto acima foi publicado neste site com a autorização da autora.

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Por que é tão importante a avó materna para uma criança
CONTI outra - Por Estefanía Esteban 30 set. 2016
Os avós cumprem uma função essencial na família. Mas, dentre todos existe um cuja influência sobressai: a avó materna. Pode ser que o seu filho se dê melhor ou pior com sua avó materna. Que a veja menos ou mais. Que sinta mais ou menos afinidade a ela. Mas, o que talvez você não saiba é a importante carga genética que deixa aos seus netos. A gente te explica a teoria ensaísta do chileno Alejandro Jodorowsky.
Por que a avó materna é a mais importante
A avó materna é a encarregada de transferir a maior parte da carga genética dentre todos os avós. E a genética pula uma geração. Por isso, muitas crianças não se parecem com seus pais, mas sim com seus avós. E, ainda que fisicamente o seu filho não se pareça à sua avó materna, nunca poderá negar que lhe deixou em herança muitas outras coisas, como determinado problema com os ossos, um tic, um sinal, esse timbre de voz…
Segundo Jodorosky, a explicação é bem simples: quando uma mulher engravida de uma menina, a menina já tem formados desde antes de nascer os ovócitos de onde sairão milhares e milhares de óvulos ao longo da sua vida adulta. Esses ovócitos, por sua vez, têm grande carga genética da sua mãe, e da sua avó!
Os meninos também herdam no seu DNA as vivências emocionais da avó materna
O ensaísta chileno vai mais além ainda e assegura que no DNA que as avós maternas transferem aos seus netos, não apenas encontram traços físicos, alguma possível doença hereditária ou os gestos, mas também o temperamento ou inclusive as vivências que teve quando estava grávida de sua filha.
Ou seja, que se a avó materna tenha passado por uma situação difícil na sua gravidez, ou tenha sofrido uma depressão durante a gestação isso pode influenciar nos filhos de sua filha. Leve em conta que os óvulos aportam além da carga genética, a informação mitocondrial (enquanto que o espermatozoide carece dela). Essa informação só se herda das mães (ou avós), e implica num ‘plus’ de carga genética.
Contra essa teoria de Alejandro Jodorowsky estão, no entanto, os estudos mais recentes, que asseguram que a carga genética que o homem transfere, ainda que seja menor, ela tem mais peso e determinação, sobretudo no caso de determinadas doenças hereditárias como o diabetes tipo 2, a obesidade ou a esquizofrenia.
A genética no final das contas não deixará de ser um emaranhado, uma loteria, uma série de cartas à mercê da sorte.

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O Déficit de Atenção está no comportamento da nossa sociedade e não nas nossas crianças
April 24, 2016 - Marcela Picanço
Esse texto foi retirado do blog CONTI outra (http://www.contioutra.com) e foi escrito por Marcela Picanço.
"Quantas crianças ainda terão que tomar um remédio para se sentirem enquadradas, pois a educação não nos dá a oportunidade de sermos brilhantes? Alguns dados apontam que nos últimos anos os casos de Déficit de Atenção triplicaram entre nossas crianças. Eu estou entre uma dessas crianças. Com uns treze anos comecei a tomar um remédio com tarja preta chamado Ritalina, que para mim, de fato fazia uma diferença enorme.
Quando eu era criança fui chamada várias vezes de hiperativa, desconcentrada. Meus professores adoravam falar como eu e ao mesmo tempo, me dispersava rápido. - Engraçado, continuo assim, mas hoje tento usar isso ao meu favor. O remédio vai soltando doses ao longo do dia e pode durar até 8 horas. Tomava antes de ir para escola e ficar ligada na aula. Nunca fui boa em matemática, física, química, mas me esforçava o bastante para não ficar de recuperação. Lembro que eu achava que o remédio fazia uma diferença significativa na hora de fazer uma prova.
Eu realmente me transformava, durante 8 horas, em uma pessoa mais focada. O déficit de atenção é mais comum do que se imagina. Assim que entrei na faculdade resolvi largar o remédio. Fui percebendo, ao longo dos anos, que eu não precisava dele para escrever uma boa redação, ou para ler um livro que eu gostava, nem para fazer prova de história. Não precisei do remédio para decorar um dos meus primeiros textos de teatro. Eu nem tomava o remédio para ir para aula de teatro e eu era uma pessoa igualmente focada nessas aulas.
Foi aí que minha mãe resolveu perguntar à minha médica por que eu ficava concentrada nas coisas que eu gostava de fazer. Ela disse que isso era normal. Nas áreas que eu tinha mais habilidade, os sintomas não apareciam de modo que me atrapalhassem. Que doença engraçada, né? Mal do século, eu diria. A nossa sociedade está criando doenças para quem estiver fora do padrão de comportamento esperado.
Então, vi que o problema não estava em mim e nem na maioria das crianças que precisa tomar um remédio para entrar num padrão social. O problema está no nosso ensino totalmente precário, que se preocupa mais se o aluno vai passar em medicina do que se ele será um bom cidadão. É claro que em alguns casos específicos, o uso da Ritalina é de extrema importância e eficácia, mas acredito que, na maioria das vezes, o Déficit de atenção poderia ser tratado de outras formas.
Estudei minha vida toda numa escola diferente, que se importava com a cabeça dos seus alunos e valorizava o que eles tinham de melhor, incentivando a arte, o esporte e a ciência. Lembro que as notas eram dividias em 40% de provas e os outros 60% eram de comportamento. Se você soubesse lidar bem com um grupo, participasse da aula, fosse educado e responsável, já era o suficiente, creio eu, de passar de ano. E ninguém deixava de estudar, afinal queríamos ter notas boas.
Depois fui para uma escola que tinham tantos alunos que os professores não conseguiam gravar o nome nem dá metade deles. Nunca mais falamos em preconceito ou direitos humanos. Nunca mais falamos sobre ler livros sem ser por obrigação. Depois, mais tarde, os professores reclamavam que líamos pouco, mas como, se tínhamos tão pouco incentivo? Lembro que na minha outra escola ganhei gosto pela leitura quando eu ainda era bem pequena. Devorava livros e mais livros, afinal a gente tinha uma aula só de leitura.
Me mudei para essa nova escola porque eu precisava passar no vestibular, mas eu não via sentido nenhum em nada daquilo. Fui me sentindo cada vez mais idiota porque eu não conseguia ir bem em nenhuma matéria de exatas, mas falaram que para passar no vestibular era preciso saber mais exatas do que humanas. Aumentei a dose do remédio Ritalina para poder ficar pelo menos na média.
Fico pensando quantas crianças vão ter que se sentir burras e diferentes e tomar um remédio tarja preta para ficar na média na escola, ficar na média da vida, para não ser sempre medíocre, porque a educação não nos dá a oportunidade de sermos brilhantes. No ensino médio os adolescentes são constantemente comparados, como em uma empresa, para que haja desde cedo um espirito de competição. Infelizmente essa competição é completamente injusta, pois as pessoas têm habilidades diferentes. Como já disse Albert Einstein “Todo mundo é um gênio, mas se você julgar um peixe por sua capacidade de subir em árvores, ele passará sua vida inteira acreditando ser estúpido” e é exatamente isso que nosso ensino faz.
A qualidade de uma escola é medida pelo número de aprovações que seus alunos têm no vestibular e não pela pessoa que ela está formando para o mundo. Como queremos ter profissionais mais dedicados se, desde pequenos, somos ensinados que se importar com o outro não é o que importa, mas sim ser sempre melhor que todo mundo? Infelizmente, nossa educação forma pessoas cada vez mais quadradas, que pensam dentro de uma caixinha. Não se permitem ir atrás das informações e nem na melhor forma de resolver problemas. As aulas de artes são totalmente técnicas e insuportáveis. Não nos dão oportunidade de sermos realmente quem queremos ser e crescemos adultos chatos, controladores e depressivos.
Infelizmente nosso comportamento é resultado da educação que tivemos e isso só vai mudar quando todas as áreas foram igualmente valorizadas nas escolas e entre os alunos. Cada vez teremos mais crianças com déficit de atenção. Principalmente agora com a tecnologia, que todas elas podem ter acesso rápido a tudo. Por que elas ficariam prestando atenção em uma aula chata? Por que elas ficariam prestando atenção em algo que elas podem aprender em um segundo procurando no Google?
O nosso sistema educacional precisa mudar rapidamente, pois não podemos achar que o ensino pode continuar o mesmo de 20 anos atrás, onde não existia tanta informação com facilidade. As crianças estão perdendo o interesse na escola. Elas estão vendo o mundo de possibilidades que existe ao redor delas, vendo tudo que elas podem criar e transformar e os colégios continuam insistindo naquele velho formato. Todas as pessoas têm uma genialidade, mas o mundo insiste, por algum motivo que sejamos medíocres, dentro de um padrão. Não valorizam o aluno bagunceiro, nem o que vive no mundo da lua. Esses que no futuro provavelmente serão os adultos mais criativos.
A nossa educação mata a nossa criatividade. Na escola não temos nenhuma oportunidade de nos mostrar e nem de crescer intelectualmente, pois quanto mais velhos ficamos, taxam de ridículo aquilo que fazemos de diferente, mas que se for estimulado, poderia ser genial. É triste a situação em que vivemos, mas já foram inauguradas escolas com uma proposta totalmente diferente de ensino, onde as matérias não são separadas, mas são aprendidas juntas, como se fosse uma só.
Os alunos também não são separados por turmas de acordo com a idade, mas sim por habilidades que os alunos apresentam. Espero que esse realmente seja o futuro do nosso ensino e que não criemos mais doenças de fazer as crianças se sentirem anormais. “Somos todas folhas da mesma árvore”, esse era o lema da minha primeira escola. Ainda bem que aprendi assim."

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Não há nada mais erótico do que uma boa conversa
“Não há nada mais erótico do que uma boa conversa.” E isso pode soar estranho, porque estamos saturados de conversas rasas, com pessoas rasas, falando sempre as mesmas coisas, sem o menor interesse e chegando a lugar nenhum. Mas, uma boa conversa, um diálogo de verdade, é o que há de mais erótico em uma relação, porque são as palavras que mostram os poros do rosto da vida e isso é muito mais belo e excitante do que enxergar o tempo inteiro maquiagens em rostos que transpiram falsidade.
Uma boa conversa é aquela em que não temos medo de dizer nada. Tudo pode ser dito, colocado na mesa, debatido, rebatido, formulado, reformulado. As palavras são lançadas como o fluxo do nosso pensamento, mostrando o que realmente pensamos sobre as coisas, sem hipocrisia ou fingimento; a nossa bagunça interior representada por palavras que sempre querem dizer alguma coisa, mas nem sempre encontram a organização semântica necessária; mostrando a alma despida e escancarada, pronta para ser tocada.
E porque a alma está escancarada, fala-se sobre tudo, desde os assuntos mais triviais aos mais existencialistas. Conversa-se sobre a preguiça que sentimos ao acordar cedo, a quantidade de açúcar que gostamos no café, sobre música, cinema e política, sobre o pé na bunda mais engraçado que já levamos, o momento de maior constrangimento, o primeiro amor, discute-se a existência de deus, a felicidade, o amor, para que lugar se vai após a morte, sobre o que queremos da vida e o que já estamos de saco cheio.
As frustrações, os medos, as angústias, as imperfeições, os pecados silenciosos, deixados em oculto. Ou seja, uma boa conversa é aquela em que as almas se encostam e beijam-se, procurando não se separar e encontrar pontos que as tornem mais conectadas e apaixonadas.
Por estarmos imersos em relacionamentos tão superficiais, talvez seja difícil acreditar que existam relacionamentos humanos em que a conversa exerce o enlace erótico entre as pessoas, de modo a torná-las insistentemente desejosas por mais do outro. Entretanto, é justamente pela falta de comunicação que estamos carentes de pessoas interessantes, capazes de nos “prender” por horas, como se fossem minutos, tão somente pela troca de palavras que imergem em todos os cantos do nosso ser.
Na maior parte dos relacionamentos, sejam entre amantes, amigos, familiares, etc., o que vai afastando as pessoas e, consequentemente, permitindo desabar a ponte que as une e no seu lugar fazendo emergir barreiras, reside na maneira como lidamos com o mundo que forma o outro. Ou seja, é preciso viajar no mundo deste, comprar a sua loucura, a sua dor, os seus sonhos, para que deixemos de pensar apenas em nós mesmos, para que possamos sair do nosso mundo e interagir com o mundo do outro, e, assim, compreendê-lo.
Sendo assim, a comunicação é imprescindível para que duas almas se mantenham juntas e apaixonadas, já que, quando deixamos de ter interesse no universo que compreende uma alma distinta da nossa, tornamo-la pequena e, então, o outro se fecha para nós, bem como, a paixão se esvai, porque já não existe eroticidade nas palavras, as quais, não raras vezes, deixam, inclusive, de ser ditas.
Se há algo de divino no mundo, sem dúvida alguma se manifesta no espaço colocado entre duas almas que anseiam para se tocar e isso só é possível quando permitimos que estas dialoguem com verdade e beleza, pois somente, dessa forma, tem-se a eroticidade necessária para transformar duas almas distintas vagando pelo nada em duas almas conectadas, compartilhando a vida em suas grandiosas imperfeições e nos seus pequenos milagres, já que mesmo depois do gozo do corpo, as palavras sempre permitem a continuidade do gozo na alma.
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A fofoca morre quando chega aos ouvidos da pessoa inteligente
O mecanismo sempre costuma funcionar da mesma forma: há um hipócrita que cria uma fofoca para que o fofoqueiro a espalhe e o ingênuo acredite sem resistência. A epidemia dos rumores só termina quando finalmente chega aos ouvidos da pessoa inteligente, que tem esse coração vacinado que não atende nem responde ao que não tem sentido.
No livro publicado pelo psicólogo social Gordon Allport, “A psicologia dos rumores”, ele explica algo realmente curioso: as fofocas servem para diversos grupos de pessoas criarem coesão entre si e para se posicionarem perante alguém. Por sua vez, essas atitudes lhes são prazerosas, liberam endorfinas e ajudam a combater o estresse.
A língua não tem ossos, no entanto, é forte o suficiente para machucar e envenenar através de fofocas e rumores. Um vírus letal que só desaparece quando chega aos ouvidos da pessoa inteligente.
Em muitos casos, a fofoca se transforma em um mecanismo de controle social que dá uma espécie de poder a quem a pratica. A pessoa se posiciona no centro das atenções desse grupo sempre receptivo a qualquer fofoca, a qualquer informação tendenciosa como forma de sair de suas rotinas e aproveitar esse estímulo novo como uma distração.
Assim como se costuma dizer, os fofoqueiros não sabem ser felizes. Eles estão muito ocupados camuflando suas amarguras em tarefas inúteis e supérfluas com as quais validam inutilmente sua autoestima.
A psicologia da fofoca implacável
A psicologia da fofoca e dos rumores é perfeitamente relevante hoje. Considere, por exemplo, o quão rápido um rumor bem fundado ou infundado chega a “contagiar” o mundo das redes sociais. A internet já é como um autêntico cérebro, onde os dados funcionam como neurônios interconectados para nos alimentar com informações que nem sempre são verdadeiras, nem respeitosas com os demais.
Enquanto isso, os especialistas em marketing e publicidade sempre costumam citar o caso do refresco “Tropical Fantasy” como exemplo da “fofoca fatal e implacável”. Colocado no mercado em 1990, o refresco obteve sucesso quase imediato nos Estados Unidos, até que de repente surgiu um rumor assustador e absurdo.
Dizia-se que estes refrescos baratos haviam sido criados pelo Ku Klux Klan - foi uma organização racista secreta que nasceu no final do século 19 nos Estados Unidos. Ela foi fundada em 1866, no Tennessee, como um clube social que reunia veteranos confederados, ou seja, soldados que haviam lutado pelos estados do Sul, o lado derrotado, na Guerra Civil Americana (1861-1865) para uma finalidade muito concreta. Seu baixo custo permitia que grande parte da população afro-americana de baixos recursos tivesse acesso a eles. Por sua vez, sua fórmula escondia um propósito obscuro: prejudicar a qualidade do sêmen dos afro-americanos para que não pudessem mais ter filhos.
Ninguém sabe por que ou quem incendiou a chama deste rumor, mas o impacto foi desastroso. A marca “Tropical Fantasy” levou anos para se recuperar, até o ponto de que ainda nos dias de hoje, não deixam de incluir pessoas negras desfrutando da bebida em suas propagandas.
Não importa o quão delirante, infundado ou malicioso foi a fofoca em si, pois conseguiu atacar a sensibilidade de um coletivo que desde então desenvolveu uma resistência ao consumo deste produto, apenas com base em um rumor infundado. Mesmo sabendo que não era verdade, a impressão emocional perdura. Este é o exemplo claro de uma das fofocas que foram mais difundidas.
Como se defender de fofocas e rumores
Queiramos ou não, a nossa sociedade está construída à base de relações de poder onde as fofocas e rumores são verdadeiras armas. As verdades manipuladas são úteis para muitas pessoas, pois conseguem se posicionar com elas e obtêm benefícios muito concretos.
Assim, é necessário que sejamos sempre os ouvidos inteligentes que agem como barreira, que freiam a maldade, o que não faz sentido, a informação falsa e a centelha deste incêndio que sempre almeja levar alguém com ela.
Por isso, e para compreender um pouco melhor estes processos psicológicos tão comuns nos nossos contextos sociais, propomos que você leve em conta estes pilares que sustentam a complexa psicologia da fofoca, do fofoqueiro e do ingênuo que acredita.
A sabedoria popular sempre nos disse que para quebrar uma sequência, basta remover um elo. Se o rumor e a fofoca agem como autênticos vírus no nosso ambiente laboral, familiar ou no nosso círculo de conhecidos, é necessário se cercar de pessoas de confiança para que elas ajam como diques de contenção. Que usem seus ouvidos inteligentes para desarmar o que não faz sentido.
As fofocas são difundidas quando há alguém que deseja adquirir notoriedade às nossas custas. Diante dessas atitudes, podemos agir de duas formas: ou fazendo de ouvidos surdos diante do absurdo ou agindo com assertividade, colocando limites e deixando as coisas claras.
Temos que ter consciência de que em toda organização, comunidade de vizinhos ou em grupos de companheiros ou amigos, vai haver um “rumorólogo” oficial. Um amante das fofocas.
Temos que ser sempre íntegros, transparentes e não alimentar este tipo de atitude de espalhar o vírus do rumor ou da fofoca. Mas é importante saber que não é nada fácil desmascarar um rumor, as palavras nem sempre são suficientes, são necessários fatos contundentes para desmascarar e demonstrar a mentira desta fofoca.
As más línguas vão sempre nos acompanhar de uma forma ou de outra, então o melhor a fazer é sempre evitar ser uma delas e recordar que as fofocas são para as pessoas inferiores, e a informação para os ouvidos sábio
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Conversar, filosofar e fazer amor… tudo com a mesma pessoa: a trilogia perfeita
Poder ficar em silêncio na presença de alguém é dessas bonitezas da vida que só a mais delicada intimidade pode trazer. Aquele átimo de tempo suspenso, em que a respiração do outro nos acalma, o calor ou a frescura da sua pele nos apaziguá e a presença é inteira, doce, querida. A quietude amorosa entre dois amantes é a comunhão das almas depois do encontro dos corpos.
Há, de fato, momentos em que as palavras são desnecessárias, descabidas, intrometidas, até. Mas… ahhhhh como é bonito ver nos olhos de alguém um interesse vivo e autêntico pelo que temos a dizer. Como é preciosa a sorte de encontrar alguém que veja naquilo que dizemos algo que ilumine, inquiete, provoque, derrube certezas, desperte. É preciso que haja amor nos silêncios e também nos barulhos.
Somos todos barulhentos, afinal. Mesmo os mais silenciosos, quietos e introvertidos, têm dentro de si milhares de ruídos a serem interpretados. Às vezes, acordamos cheios de inquietações profundas, outras vezes são palavrinhas leves e sorrateiras que querem sair de nós e ganhar o mundo. E ainda que sejamos apaixonados pela quietude, quando temos algo a dizer, sonhamos com a companhia de alguém que nos ouça, de alguém que nos ajude a pensar em voz alta, de alguém que nos ajude a traduzir as inúmeras línguas que habitam a nossa “Torre de Babel” particular.
E as palavras, essas criaturinhas inquietas e dúbias, antes de serem palavras já foram seres mais alados e voláteis que elas próprias. Antes de serem palavras, essas meninas travessas já foram pensamentos. Pensamentos são ainda mais fugazes que as palavras, podem nos abandonar sem aviso, caso não recebam de nós alguma genuína atenção. Os pensamentos voam, como voa o tempo quando estamos nos braços de alguém que nos ame e a quem amemos de volta.
Encontrar nesse vasto e confuso mundo alguém que se apaixone por filosofar com a gente é tão raro quanto lindo. Dar ao pensamento as merecidas asas e deixar que as asas nossas toquem de leve as asas alheias, a fim de dar vida aos devaneios e interpretações das coisas profundas e tolas, é uma magia tão poderosa, mas tão poderosa, que uma vez experimentada não nos permite voltar a algo menos intenso ou mais óbvio.
Compartilhar desejos e fantasias, tão físicas quanto emocionais, é tão forte quanto cálido. Oferecer ao corpo a possibilidade de partilhar o afeto que aquece e o prazer que arrepia, a fim de dar vida a sensações esquecidas, é da esfera das coisas místicas, e loucas, e belas, que tendo feito parte uma única vez de nossa existência, faz acordar na gente a alegria que nos desperta de um sono sem sonhos.
Conversar, filosofar e fazer amor… tudo com a mesma pessoa, é uma trilogia perfeita. É daqueles presentes embrulhados em caixas inesperadas, envoltas em papel colorido e brilhante. Eu tenho direito a isso, você tem direito a isso, a moça caminhando sozinha na praia, o homem sentado sozinho no meio do caminho… todos nós temos direito a isso. É preciso acreditar na possibilidade desse sonho bonito se converter em realidade. É preciso estar desperto para reconhecer de olhos fechados que, isso sim, é uma relação afetiva de verdade.
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