SAB, 04/02/2012 - 15:48 - ATUALIZADO EM 28/11/2012
- 14:28
Por
Waldyr Kopezky
Vou contar uma historinha que já contei aqui, algum tempo atrás - mas
sempre é bom relembrar: Em 1994, encerrava-se um ciclo de dez anos que a UNESCO
havia determinado para seu programa de auxílio para a erradicação mundial do
analfabetismo. Desde 1984 (e pelos dez anos seguintes), o Brasil recebeu uma
boa quantia anual do órgão das Nações Unidas para investir na sua rede de
ensino público e torná-la mais eficaz, qualificando seus profissionais,
modernizando sua estrutura e atraindo mais crianças para as salas de aula. Vários
países ao redor do mundo também tiveram este estímulo por parte da UNESCO.
Porém, a partir de 1994 o programa passaria para sua fase dois - a de
condicionar os repasses de dinheiro à apresentação pelos governos de dados
estatísticos que comprovadamente mostrassem um avanço nos sistemas de ensino
público do país - aumento de crianças na primeira série, médias de notas
adequadas, diminuição na porcentagem de repetências, evasão de alunos e por aí
vai.
O recém-eleito governo de FHC (e não por culpa
dele, neste momento) não tinha em mãos resultados que mostrassem melhoras e
bons números, em quase nenhum índice educacional - e corria o risco de ver a
"torneira" da UNESCO fechar-se para o Brasil. Além disso, toda a rede
de ensino público estava passando por mudanças profundas, fruto do novo
processo de reorganização de responsabilidades das esferas de governo (Municipal do Estado Federal) determinadas na recente Constituição Federal de 1988 e nas
ainda mais recentes constituições estaduais (já aprovadas ou ainda em processo de
formulação). O que fazer, então?
Numa reunião da presidência com vários membros do governo federal e dos
estados, Mário Covas (gov. de SP) propôs uma solução mágica (coisa de político,
mesmo!) para o iminente fim dos recursos internacionais - mas que se
revelaria uma catástrofe completa com o passar dos anos: a Progressão
Continuada! Pegava-se um sistema de ensino consagrado, de um educador
respeitadíssimo (Paulo Freire), com um conceito inovador e humanista (o
Construtivismo) e implantava-se isso na rede pública. Ninguém iria se opor a
isso - fossem educadores, gestores da área educacional ou políticos.
E foi feito. Com isso implementado, os índices de aprovação foram às
alturas, os de repetência quase zeraram e as avaliações (notas) tiveram também
um crescimento exponencial - o relatório anual do MEC à UNESCO apresentado sob
o novo sistema mostrava resultados excepcionais, e o órgão viu nele a
justificativa para prosseguir com o envio anual ao País da verba de auxílio
contra o analfabetismo. Bom, né? Não. Foi um horror:
A implementação do sistema construtivista (excelente, conceitualmente)
quebrou com um regime e um modus operandi de décadas que
condicionava a aprovação a um esforço do aluno para atingir um nível nas provas
regulares, mensurado por níveis (zero a dez, A a D, o que fosse); agora, os
critérios eram subjetivos (insuficiente, regular, bom e muito
bom) que eram dados não mais pelo índice de acertos em exames periódicos
(que foram abolidos, pouco a pouco) mas também numa avaliação mais ampla do
educador, que levava em consideração ainda outros dados muito menos mensuráveis
(participação em aula, interesse, envolvimento, comparecimento, socialização,
etc.).
Pior: tal mudança teria de ter sido feita com a preparação prévia dos
educadores para este novo sistema - que abolia não só os critérios, mas também
as ferramentas de pressão e persuasão dos professores para incutir em seus
alunos a necessidade do estudo regular e sistemático (bem como do
necessário estímulo) para a superação das dificuldades e limites impostos pela
instituição para a a passagem de ano. Todo mundo passava - não importava se
havia aprendido ou não. Com o passar dos anos, tanto educadores quanto
educandos começaram a nutrir pelo novo processo de ensino (e seus péssimos
resultados efetivos) um desencanto que logo tornou-se indiferença e desdém.
O resultado dessa decisão foi que uma geração inteira de jovens foi
irremediavelmente perdida para a nossa sociedade moderna; milhares de alunos
passaram de ano sistematicamente sem saber sequer ler direito (houve uma
matéria há pouco tempo na IstoÉ mostrando alunos da 8ª série em SP que não
conseguiam ler as manchetes de um jornal) ou fazer uma simples conta de
dividir.
Do ponto de vista político, tal cenário era um ganho: tinham agora uma
multidão de cidadãos iletrados que baseavam sua informação essencialmente em
sistemas audiovisuais facilmente manipuláveis (rádio e TV), sem capacidade ou
bagagem suficientes para discernir a realidade da informação apresentada ou as
circunstâncias mais sutis da nova sociedade democrática recém-formada.
Do ponto de vista social, isso era uma tragédia: essa multidão estava
completamente fora do mercado formal de trabalho, constituindo-se num grupo que
- mesmo estando próximo dos grandes centros e com o acesso aos aparelhos
públicos de ensino e novas tecnologias (coisa que gerações predecessoras não
tiveram acesso) - este não reunia qualificações para ascender para além das
classes D e E da sociedade, condicionados a viver em agrupamentos humanos
pífios (favelas) de condições sub-humanas, da mesma forma que seus pais e avós
migrantes.
Gente, falei tudo isso para dizer que o sistema determinado pela
Constituição de 1988 não tem retorno, tanto para a Educação quanto para a Saúde
públicas. Pelo que foi perdido, vai levar um tempo para ser reconstituído. Abs.
DESABAFOS
Marcos Colombo
Tive uma filha e um filho que estudavam neste
sistema. Com o passar do tempo, percebi que os dois não aprenderam nada na ESCOLA,
apenas iam para a escola, mas a falta de professores era diária, a não
aplicação de matérias essenciais era comum, como psicologia, matemática,
português, Inglês, e o pior, ainda criaram as cotas para Universidades Públicas
para justificar o péssimo ensino dado nas escolas públicas para aqueles que
quisessem ingressar em uma universidade pública, porque com o ensino público
dado nas escolas, é impossível ou praticamente impossível de se ter aprovação
em universidades públicas como USP. A menos que, se utiliza de cotas absurdas
que só denigrem ainda mais a imagem do ser humano, seja ele negro, pardo,
indígena ou branco. Após saírem da escola fizeram cursos particulares e tiveram
que aprender tudo que.
Assim se
construiu o analfabetismo coletivo, desde FHC, o plano diabólico de embrutecer milhares e
por séculos. Massa de manobra fácil, ANALFABETOS FUNCIONAIS, tudo planejado com
cortinas de fumaça, para ofuscar a verdadeira finalidade. Este foi o primeiro
tiro para o genocídio da população brasileira, mataram sem dó ou piedade de a
educação de um país que devia ser um exemplo para um futuro próspero. Um país
sem educação 'e um tiro no CÉREBRO!
O paciente sobrevive, mas com suas faculdades
mentais roubadas, extraídas, sugadas, vegetando dias e noites. Não precisa ser
intelectual, ter Ph.D., PARA ENTENDER que um país só adquire prosperidade em
todos os setores, seja na educação, saúde, segurança, se tivermos ensino de
qualidade para todos. QUANTO MAIOR A EDUCAÇÃO DE SEU POVO, menos
Renato h. Pinto - Momento
O texto é claro e definitivo o Brasil passa por
tudo isto por conta do FHC que precisava de um a fonte de renda extra e criou
esta monstruosidade que vemos hoje, aluno de faculdade que não sabem ler ou
escrever, gerando profissionais também iletrados e responsáveis pela condução
do país claro que nosso destino está fadado ao insucesso.
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