NEGÓCIO ACONTECEM SÓ NO BRASIL?... NÃO... ACONTECEM EM QUALQUER PARTE DO MUNDO, FUNCIONAM + OU - ASSIM:
BLUE EYES
VOCÊ SABE POR QUE OS SEUS OLHOS SÃO AZUIS?
Pessoas com olhos castanhos, verdes ou azuis sempre se perguntaram por
que a cor dos olhos varia de um indivíduo para outro. Mas finalmente, a ciência
encontrou a resposta para essa pergunta intrigante. Não há nenhuma dúvida
que originalmente, o homem tinha olhos castanhos. Mas, há alguns 1000 (mil) ano
atrás nasceu a primeira pessoa com olhos azuis. Essa pessoa trouxe uma mutação
genética devido a um interruptor que desativou a capacidade de produzir olhos
castanhos. Esta mutação afeta o gene OCA2 que codifica a Proteína P, que por
sua vez regula a produção de melanina, o pigmento que dá cor à nossa pele, cabelo e
olhos.
A mutação do gene reduz a produção de
melanina na íris do olho que resulta na cor azul. De castanho para verde há uma
grande variação na quantidade de melanina, no entanto, para quem tem os olhos
azuis, a variação é muito pequena. Os cientistas da Universidade de
Copenhague sugerem que pessoas com olhos azuis herdaram o mesmo interruptor
exatamente no mesmo ponto de sua composição genética, sendo assim descendentes
do primeiro ser humano com olhos azuis.
- É um processo complexo que envolve vários
genes até chegar ao resultado final. Do mesmo modo, há
três elementos da íris que contribuem para dar cor aos olhos: a melanina
do epitélio da íris, melanina da parte anterior da íris e a
densidade do estroma da íris.
- Além da melanina, outro pigmento que atua no
processo é hipódromo.
- Ainda há outros dois tipos de melanina
envolvidos no processo que são a eumelanina que resulta no castanho
escuro, e a feomelanina que resulta no castanho avermelhado.
- Em todas as cores do olho, exceto para as
condições anormais, o pigmento do epitélio da íris é sempre a eumelanina,
aparecendo em grande quantidade.
- Assim,
a variação de cor dos olhos ocorre em princípio pelo pigmento da parte
anterior da íris e de quanta luz o estroma é capaz de absorver de acordo
com sua densidade.
E aí, qual a cor de seus olhos hein?
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UM OUTRO EXEMPLO DIFERENTE DE VER OS OLHOS DE PESSOA PARA PESSOA
Olhos coloridos: Porque algumas pessoas têm olhos azuis e outras não?
De
todas as formas que compõem o rosto, sejam masculino ou feminino, os olhos é o
que mais chama a atenção. Através do olhar é possível perceber sensações,
prever reações, entender sentimentos e até mesmo transmiti-los. Um olhar diz
muito mais do que imaginamos, talvez por isso os olhos chamem tanta atenção. Porém,
além desse significado, os olhos são por si só, belos. Suas cores, formatos,
desenhos. Nenhum é igual ao outro, diversas etnias possuem olhos diferentes,
como os asiáticos, por exemplo. Uns são menores, outros maiores, uns possuem
cílios volumosos, outros não, mas entre todas as diferenças, a que mais se
destaca são as cores. Os olhos podem ter diferentes cores, em diferentes
nuances e esse detalhe nunca passa despercebido.
Olhos
de diferentes cores não só chamam a atenção, mas despertam a curiosidade. Muitas
pessoas desejam saber por que o primo, o irmão ou o amigo possui olhos claros e
outras pessoas, não. A alteração na cor dos olhos acontece devido a uma mutação
nos genes, que altera a produção de melanina, quanto menos melanina a íris do
olho possui mais clara ele será. A íris é a parte que dá cor aos olhos. Cores como castanho, cinza
e verde possuem uma grande variação na quantidade de melanina.
Entretanto
há uma curiosidade relacionada à cor azul. Por mais que a quantidade de
melanina altere a cor dos olhos, especificamente a cor azul trata-se de uma
mutação no gene OCA2 que produz a alteração na quantidade de melanina, porém
essa variação é muito pequena. Um estudo realizado na Universidade de
Copenhague, Dinamarca, afirma que essa mutação ocorreu há, aproximadamente, 10
mil anos atrás somente em uma pessoa e que, provavelmente, todas as pessoas que
possuem olhos azuis têm, pelo menos, um ancestral em comum. Esse estudo foi
feito com mais de 800 pessoas.
Além
desse fenômeno, quando a distribuição de melanina não é extremamente uniforme,
acontece a heterotrofia, que resulta em cores diferentes em cada um dos olhos.
Há a heterotrofia que afeta toda a íris dos olhos, resultando em cada olho de
uma cor; há quando um dos olhos, ou ambos, parece ter uma pincela de outra cor
em sua íris e também há quando as cores se misturam dentro da íris, formando um
degrade a partir do centro dos olhos. Esse fenômeno acontece, inclusive, com
animais.
Os bebês podem nascer com olhos azuis e, aos poucos, se
tornarem castanhos escuros ou mudarem de cor. Isso acontece porque os
recém-nascidos ainda não têm a sua total quantidade de melanina. A cor dos
olhos pode sofrer mudanças até os 2 anos de idade.
As
mutações que resultam em cores diferentes são genéticas, por isso nem todos
nascem com os olhos “coloridos”, realmente essa condição deixa os olhos
encantadores e chamativos, porém cada olho possui um desenho especial, uma
forma diferente, basta que cada pessoa saiba valorizar esse “detalhe” do rosto.
- Para quem vê a vida de uma maneira diferente.
UMA PEQUENA HISTÓRIA MUITO INTERESSANTE - VEJA:
OLHOS DE OCEANO
Padre, bom dia, tudo bem com o senhor? Meu
nome, talvez não seja tão importante quando a minha pequena história, mas nem
sei por que estou aqui. Na verdade eu nem queria estar. Eu não sabia para onde
ir, o que fazer como agir, que caminho tomar. Aconteceu tudo tão depressa, não
deu tempo de me preparar para algo que me pegou tão de repente. Padre, eu vim
aqui porque já não sabia o que fazer da minha vida, meu passado, meu presente,
meu futuro, meu modo de agir e pensar mudaram, qual será o próximo passo? Não
sei, por isso vim até aqui.
Desculpe-me, Padre, eu não sei nem por onde
começar. Como uma devastadora e radical surpresa pudera acontecer nessa minha
triste e pacata vida? Com um homem da minha idade? Padre, você não imagina o
que isso pode representar para um homem de quarenta anos, que sempre viveu
triste e solitário – PAUSA – Padre, eu sempre fui um homem que ninguém deu um
centavo. Sempre cumpri minhas obrigações, fui um bom funcionário em todos os
lugares que trabalhei, mas dentro de mim, a vida tinha outro sentido.
Eu não a via como as pessoas normas, do
dia-a-dia veem. A vida pra mim sempre foi encarada como um percurso, que eu
tinha que cumpri-lo obrigatoriamente, como num jogo de tabuleiro, onde você
avança sempre uma casa com o intuito de chegar ao fim, e o fim, o senhor sabe
qual é, não é mesmo, digníssimo Padre? Sim, é a morte. Porém eu não sabia que
naquela curva do tabuleiro, nessa altura do jogo, quando cheguei nesta próxima
casa, essa reviravolta aconteceria. A felicidade em minha vida era algo
estranho em qualquer sentido, de qualquer forma que pudesse se materializar.
Experimentar momentos, felizes e agradáveis, Padre? Eu não sabia, aliás, eu
nunca soube o que foi isso - até então.
Eu sempre exigi demais de todo mundo, do mundo,
de mim. Nunca foi fácil agradar-me, nunca consegui manter um relacionamento,
quanto mais, morar com alguém? Esse gênio terrível, filho da puta, ariano
desgraçado, detonava com qualquer perspectiva de felicidade que eu pudesse
experimentar. É como quando aquele teu amigo, lá na infância, aquele teu amigo
sacana que fazia de tudo pra te humilhar, mas que você, mesmo assim, ficava do
lado dele, te oferecia um pirulito, e o direcionava em sua boca. Você morrendo
de vontade, abria a boca e ia de encontro ao doce.
Quando sua língua mal e mal tocava na ponta do
pirulito, quando você ia sentir se o sabor era de abacaxi, laranja, ou
tutti-frutti, o sem-vergonha tirava o doce, saia correndo e ainda dizia que se
você quisesse era pra comprar. Era exatamente assim, Padre, que o destino
sempre fizera comigo. Toda vez que eu experimentava o gosto inicial da felicidade,
quando eu ia descobrir de fato, que sabor ela tinha, o meu amigo destino tirava
todo e qualquer doce que pudesse haver em meu redor.
Minha história pode ser conhecida também como
Felicidade Passageira. Tudo o que eu gostei, ou mesmo que realmente amei, me
foi tirado. Fui privado de conviver com quem ou com o que eu sempre amei. Uma
sina. Um carma. E assim eu vivia. Toda felicidade que experimentava tinha que
ser comprada. E a que eu mais comprava se vendia em carteiras, num posto de
gasolina perto da minha casa. Eu chegava do trabalho do final da tarde e ia
comprar uma carteira de felicidade, com vinte doses, que eu sabia que duraria
até no dia seguinte no mesmo horário. E hoje, Padre?
Hoje eu continuo sendo o mesmo homem de vinte
anos atrás, que sempre viveu frustrado, que sonhou em ter uma vida maravilhosa,
que se imaginava nos romances do Erico Verissimo e, no entanto, não só sentia
na pele, mas vivia como os personagens de Bukowski – perdedores, rotos,
desviados, inconsequentes, transviados. Oh Padre, santíssimo homem. Sei que não
deveria estar aqui, mas aqueles olhos azuis me forçaram.
Padre, eu nunca havia visto nada daquele jeito,
eu trabalhava num dia normal, escondido dentro de mim mesmo, afugentando toda e
qualquer perspectiva de felicidade gratuita. Infelizmente essa barreira havia
se criado em mim inconscientemente, e então, eis que surge aquele par de olhos
azuis. Azuis tão claros que me remeteram imediatamente às águas das Ilhas Phi
Phi, na Tailândia.
Olhos que me puxaram para dentro de um oceano
calmo e profundo e me mataram. Olhos que quando me olharam, assim trivialmente,
como se não quisessem algo em troca, e de fato não queriam, me fizeram esquecer
tudo que eu havia vivido até então. Apenas um olhar banal, como quem passa por
você na rua e te olha apenas para desviar, pra não esbarrar em ti. Um olhar
assim, despreocupado, inocente, que foi capaz de me fazer sentir as sensações
de prazer, amor e felicidade que eu não sentia desde criança quando minha avó
me pegava no colo e ficavam horas passando as mãos nos meus cabelos.
Aquele olhar aqueceu meu peito, esquentou o
fundo do meu estômago. Juntou num só olhar a lembrança de duas pessoas que eu
verdadeiramente amei e perdi para o destino. Padre, eu fecho meus olhos e vejo
aqueles. Azuis, turquesa, claros, inocentes, transparentes. Padre, eu não sei o
que fazer Padre. Aqueles olhos levaram consigo a minha vida e tudo o que eu
fosse fazer dela daqui pra frente. Eu preciso da tua luz, santo homem.
O destino prega peças e ele selou com um beijo
em meus lábios essa amarga situação. Padre, esses olhos azuis me remetem aos
momentos mais felizes que eu vivi até hoje, mesmo aqueles, que eu nunca vivi,
mas que sempre idealizei. Padre, esses olhos me pegaram pela mão e me mostraram
o que é amar e, no entanto, isso é completamente impossível para mim. Pra mim!
Amar foge a regra geral que impus em minha vida. E isso já foi
determinado há muitos anos. Padre, esses olhos azuis assinaram minha certidão
de óbito. Padre, amar assim é impossível. Padre, eu me apaixonei por um menino
de treze anos!
ALICE NO PAÍS DAS NÃO-MARAVILHAS
OLHOS AZUIS
Olhos
charmosamente insones e versões entre quase inocentes, românticos e até sexys. O
chão havia sumido dos meus pés e eu caia. Eu não queria acreditar que meu fim
seria assim. Sempre imaginei um tiro, um infarto, sei lá; no entanto, o ar
esvaia-se do meu peito e dele saia também o maior dos gritos de horror. Não por
medo da morte, mas sim da queda, da dor.
Meu medo era o
de sentir os ossos esfacelando-se contra o chão. O crânio sendo partido, assim
como, um abacate que cai do galho mais alto, os miolos espalhados ao redor, tal
qual a massa verde e gordurosa que se espalha com a queda. Meu peito dava
sinais de explodir. Imaginei o ataque cardíaco antes da queda.
Eu era tragado
pelo buraco infinito e sabia que algo estava me comendo vivo, me engolindo. É
um tanto curioso você remar, remar, enfrentar tempestades, enfrentar milhares
de demônios todos os dias pra no fim morrer afogado. A água vai entrando pelas
vias respiratórias e uma forte vontade de vomitar aparece.
Dona Morte
bate à porta e você, solicito e bem educado convida-a para entrar, sentar e
tomar um chá. Lentamente ela bebe todo o chá e junto com ele, seu sangue, seus
órgãos, sua vida. E nesse momento, enquanto eu caia nesse imenso buraco, eu me
assentava numa linda e imensa mesa branca, que estava arrumada para seis
convidados. Sobre ela havia um delicado jogo de chá, branco com listras
douradas.
Na ponta da
mesa, tal qual o Chapeleiro Maluco da Alice, a morte me encarava. Não pense na
morte como um esqueleto com uma capa sobre si e uma foice. Esqueça. A morte era
uma jovem moça loira, cabelos sedosos e presos num coque bem no alto da cabeça.
Tinha olhos azuis, boca carnuda, dentes alvos e retos, pele de cera. Parecia
ter saído de um afresco renascentista. Muito pálida, com o olhar vivo e aguçado
ela me encarava. Estava tomando seu chá e fumava. Sempre me olhando. E eu
estava ali pensando que tudo não passava de um sonho. Os outros quatro lugares
da mesa estavam ocupados por um coelho que seria branco se não estivesse sujo,
com grandes olheiras e olhar trincado.
Ao seu lado
estava sentado um palhaço com chapéu de Pierrô, com roupas extremamente
coloridas e fitas também coloridas que pendiam de toda a roupa. Tinha um olhar
sinistro, agressivo, que não condizia nenhum pouco com a maquiagem e a roupa
alegre que usasse. Olhei para meu lado esquerdo e levei um susto.
Ao meu lado
estava sentada uma senhora, de uns setenta anos talvez, completamente nus.
Tinha os cabelos alvos como a neve e o corpo extremamente enrugado. Com cara de
poucos amigos, talvez nem sequer um, ela passava manteiga numa torrada. Ao seu
lado estava sentado um homem, de uns trinta anos, cabelo penteado pra trás.
Vestia um
terno preto extremamente adequado ao seu corpo e medidas. Talvez feito sob medida
só pra ele e mais ninguém. Todos muito envolvidos com seus pensamentos miravam
a xícara a frente. Vez ou outra bebiam o chá. A única que estava atenta em mim
e continuava me encarando era a moça loira que estava exatamente em minha
frente.
A mesa estava
ao ar livre, num jardim muito confuso, com flores que eu não conhecia. Eu
olhava na direção da moça e atrás dela enxergava o céu. Estava turvo, cinza. As
nuvens dançavam uma espécie de coreografia ritmada, unindo-se uma às outras,
vez em quando se soltando. Eu sabia que em breve, muito em breve, uma forte
tempestade cairia. Tornei olhar para a mesa e sobre ela, bem no centro, estavam
espalhadas muitas cartas de baralho. Estavam ali todos os naipes. Espada,
copas, paus, ouros. O curioso é que ninguém parecia se dar conta do que
acontecia.
As cartas se
moviam como se fossem manipuladas com a ajuda de espíritos. Iam de um canto
para o outro da mesa. As minhas mãos estavam estendidas sobre a mesa quando uma
borboleta pousou sobre elas. Muito colorida e de aspecto surreal ela deixou
cair um pequeno rolinho de papel. Feito isso, voou. Desenrolei o papel e vi
pequenas letras juntas que formavam uma frase.
Aproximei o
papel dos olhos e li: VOCÊ VAI MORRER! Ótimo! Eu ia morrer. Quem sabe eles que
estavam ao redor da mesa achavam que iriam me prejudicar, ou me assustar com
isso? Será que eles não sabiam que eu de fato queria morrer pra sumir desse
mundo podre, cheio de regras, conveniências, padrões, cheio de gente que não
deixa os seus semelhantes viverem em paz? Matando-me, me fazendo morrer, ou
induzindo a morte, estavam mesmo era me fazendo um favor, uma vez, que eu era
cagão demais para me suicidar. Quem deles daria o golpe de misericórdia? O
coelho chapado? A velha sem-vergonha? Ou o galã de cinema? Quem sabe o palhaço?
Eu não saberia dizer. Revirei meus bolsos, queria um cigarro.
Eu estava
começando a gostar da situação, principalmente, porque me sentia parte de um
novo filme do Tim Burton. Era hora de eu tomar as rédeas da situação e conduzir
o jogo, mesmo que eu me fodesse, o que de fato, iria acontecer. Prendi o
cigarro nos lábios e procurei pelo isqueiro. Não achei. A velha ao meu lado
fuçou no meio das tetas murchas e enrugadas e de lá tirou o avio. Estranhei a
atitude, mas prontamente acendi o cigarro. Dei uma funda tragueada e de minha
boca saiu uma escura fumaça. Imediatamente fui acometido por um acesso de tosse
e junto com ela expeli um pó preto, numa quantidade que cabia na palma da mão.
Não senti dor.
Continuei
fumando. Notei que um ruído se repetia por algum tempo já. Procurei ouvir com
mais atenção pra saber de onde vinha. Atrás do imenso coelho, uma menina de uns
dez anos, vestida com um vestido de renda branco, luvas até o cotovelo,
trabalhava em um tear. Seguia sempre os mesmos movimentos sem olhar para os
lados. Quando notou que estava sendo observada, ela parou o serviço e olhou
diretamente pra mim.
Estava com os
cabelos todos bagunçados, seus olhos pequenos estavam rodeados por olheiras
gigantes. Ela sorriu e não mostrou nenhum dente na boca, apenas uma língua
fina, amarelada e gengivas pálidas. Disse uma frase que não consegui
compreender. Repetiu e então eu entendi: VOCÊ VAI MORRER. Como eu poderia lutar
contra isso, uma vez, que tudo se encaminhava para esse fim? O que teria demais
em morrer? Isso não acontece todos os dias milhares de vezes? Não se torna um
processo natural da existência?
Na verdade
morremos todos os dias, morremos quando vemos os sonhos escorrendo de nossas
mãos, morremos quando nos sentimos impotentes diante de uma situação que
teríamos perfeitas condições de resolver, morremos quando somos direcionados à
alguma coisa que não condiz com a nossa vontade. Morremos quando vemos
injustiça, morremos quando a esperança é apenas uma miragem. Morremos quando
num momento temos tudo, e no segundo seguinte não temos mais porra nenhuma.
Morremos porque a vida é também um monte de merda que nos fode dia a dia. Parei
de divagar quando um forte vento soprou em nossa direção e espalhou todas as
cartas de baralho ao redor da mesa.
A menina saiu
do tear e serviu novamente a xícara de todos, inclusive a minha. Era um líquido
verde, quase cristalino, que permitia enxergar o fundo da xícara. Dei mais uma
tragada e bebi o chá de um gole só. Arrotei. Foi a melhor bebida que havia
tomado em toda minha vida. Larguei o toco do cigarro dentro da xícara.
Levantei. Trovões e relâmpagos de todas as cores agora invadiam o ambiente.
Gordos morcegos transparentes, cheios de sangue, voam ao nosso redor. Senti um
perfume doce, enjoativo, entrar pelas minhas narinas.
O vômito foi
imediato. Vomitei o que parecia ser um doce de morango, era pegajoso,
consistente, doce, como o perfume. Quando acabei e me ergui, a menina estava
próxima do vômito e com o dedo indicador provava o liquido que eu havia
vomitado. Todos continuavam sentados, imóveis, mas bebendo o chá. A moça loira
à minha frente, ainda não tinha desgrudado os olhos de mim.
A chuva
começava cair e ninguém parecia se importar com isso. A impressão é que todos
cumpriam um papel, seguíamos um roteiro dum filme, onde as ações eram todas
premeditadas, ensaiadas, cadenciadas. A água escorria sobre o meu rosto e
empapava minha roupa. Tentei bebê-la na esperança de amenizar o gosto de
morango azedo da boca. O que me pareceu um raio, acertou em cheio o centro da
mesa, dividindo-a em duas. Abaixo dela estava um delicado e nada modesto
caixão. Forrado com um tecido macio, alças de ouro e com design moderno. Soube
desde o primeiro momento que aquele seria o meu caixão.
O palhaço saiu
de onde estava se colocou atrás de mim, o coelho se posicionou ao lado. O homem
de terno saiu do seu lugar e veio até mim. Segurou-me a cabeça, pegou-me pela
nuca e me beijou calorosamente. A barba dele roçava meu rosto, me machucando.
Parou de me beijar e ergueu minha cabeça, fazendo com que minha boca ficasse
aberta. Ao longe uma música clássica tocava. Violinos, sim eram violinos.
O palhaço
soprou um pó colorido sobre meu rosto e depois cuspiu dentro da minha boca uma
espécie de gel gosmento que engoli no mesmo instante. Direcionou meu rosto para
o coelho que fumava um baseado. Tragueou profundamente e soprou a fumaça
diretamente dentro do meu pulmão. A velha ergueu-se, tirou a dentadura e
deixou-a sobre a mesa. Veio até mim. Abriu meu zíper e me chupou. Quando
acabou, os quatro me ergueram.
O palhaço e o
moço-bonito me pegaram nos braços e a velha e o coelho nos pés. Sons de
helicóptero sobrevoando tomavam conta no ar. Parecia que uma esquadrilha de
helicópteros estava sobre nós. No entanto não víamos sequer um. Deitaram-me no
caixão. Soltaram-me. E eu não resisti, nem por um segundo.
Eu havia
cansado de viver. Eu era demente ao extremo, não era compatível com o mundo. Eu
queria demais, ou não queria nada. Pessoas como eu, que admiram o errado, que
se atrai pela psicose, que amam os espíritos, que convivem com o sobrenatural,
que não veem graça no mundo atual, simplesmente não combinam com ele.
A moça loira
levantou-se, foi até o caixão. Trazia consigo um copo transbordando de um
líquido vermelho. Sangue. Bebeu o equivalente a metade. Chegou até mim, ergueu
minha cabeça e me fez beber o resto. Tomei. Um gosto agridoce misturado com
ferrugem. Com o maior dos cuidados ela deitou novamente minha cabeça. Vi que
tinha um acessório pontiagudo no dedo indicador e assim aproximava-o do meu
pescoço.
Senti aquele
troço afiado rasgar minha pele. Senti minha veia sendo furada e dela jorrar um
farto jato de sangue. A dor era imensurável. Apoiou o copo abaixo do corte e eu
vi meu sangue se acumular dentro do recipiente. Ela aproximou-se do meu rosto,
lambeu a ferida no pescoço e com a boca lambuzada de sangue me beijou.
Afastou-se de mim e apareceu com o que parecia ser um rolo. E era. Desenrolou
um pedaço do que me aparentava ser um plástico filme, só que mais resiste, e
aproximou de mim.
Encostou o
plástico sobre o meu rosto e me sufocou. Eu tentava me debater, mas oito mãos
me seguravam. Eu estava sendo morto. Imediatamente me vi novamente na queda
livre. Todos eles, o lugar, o jogo de chá, tudo sumiu. Eu caia esperando pelo
momento que me espatifaria do chão. Quando eu menos esperava o encontro
aconteceu. Fui de cheio ao chão. E então morri. Morri, mas todos os dias eu
ressuscito às seis da manhã, junto todas as partes do meu corpo despedaçadas
pela queda, encaixo elas umas nas outras e saio para trabalhar.
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