sábado, 27 de setembro de 2014

NEGÓCIOS, SÃO NEGÓCIOS.

NEGÓCIO ACONTECEM SÓ NO BRASIL?... NÃO... ACONTECEM EM QUALQUER PARTE DO MUNDO, FUNCIONAM + OU - ASSIM:
BLUE EYES
VOCÊ SABE POR QUE OS SEUS OLHOS SÃO AZUIS?
Pessoas com olhos castanhos, verdes ou azuis sempre se perguntaram por que a cor dos olhos varia de um indivíduo para outro. Mas finalmente, a ciência encontrou a resposta para essa pergunta intrigante. Não há nenhuma dúvida que originalmente, o homem tinha olhos castanhos. Mas, há alguns 1000 (mil) ano atrás nasceu a primeira pessoa com olhos azuis. Essa pessoa trouxe uma mutação genética devido a um interruptor que desativou a capacidade de produzir olhos castanhos. Esta mutação afeta o gene OCA2 que codifica a Proteína P, que por sua vez regula a produção de melanina, o pigmento que dá cor à nossa pele, cabelo e olhos.
A mutação do gene reduz a produção de melanina na íris do olho que resulta na cor azul. De castanho para verde há uma grande variação na quantidade de melanina, no entanto, para quem tem os olhos azuis, a variação é muito pequena. Os cientistas da Universidade de Copenhague sugerem que pessoas com olhos azuis herdaram o mesmo interruptor exatamente no mesmo ponto de sua composição genética, sendo assim descendentes do primeiro ser humano com olhos azuis.
  • É um processo complexo que envolve vários genes até chegar ao resultado final. Do mesmo modo, há três elementos da íris que contribuem para dar cor aos olhos: a melanina do epitélio da íris, melanina da parte anterior da íris e a densidade do estroma da íris.
  • Além da melanina, outro pigmento que atua no processo é hipódromo.
  • Ainda há outros dois tipos de melanina envolvidos no processo que são a eumelanina que resulta no castanho escuro, e a feomelanina que resulta no castanho avermelhado.
  • Em todas as cores do olho, exceto para as condições anormais, o pigmento do epitélio da íris é sempre a eumelanina, aparecendo em grande quantidade.
  • Assim, a variação de cor dos olhos ocorre em princípio pelo pigmento da parte anterior da íris e de quanta luz o estroma é capaz de absorver de acordo com sua densidade.
E aí, qual a cor de seus olhos hein?
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·         Duvido você fazer isso!
UM OUTRO EXEMPLO DIFERENTE DE VER OS OLHOS DE PESSOA PARA PESSOA

Olhos coloridos: Porque algumas pessoas têm olhos azuis e outras não?

De todas as formas que compõem o rosto, sejam masculino ou feminino, os olhos é o que mais chama a atenção. Através do olhar é possível perceber sensações, prever reações, entender sentimentos e até mesmo transmiti-los. Um olhar diz muito mais do que imaginamos, talvez por isso os olhos chamem tanta atenção. Porém, além desse significado, os olhos são por si só, belos. Suas cores, formatos, desenhos. Nenhum é igual ao outro, diversas etnias possuem olhos diferentes, como os asiáticos, por exemplo. Uns são menores, outros maiores, uns possuem cílios volumosos, outros não, mas entre todas as diferenças, a que mais se destaca são as cores. Os olhos podem ter diferentes cores, em diferentes nuances e esse detalhe nunca passa despercebido.
Olhos de diferentes cores não só chamam a atenção, mas despertam a curiosidade. Muitas pessoas desejam saber por que o primo, o irmão ou o amigo possui olhos claros e outras pessoas, não. A alteração na cor dos olhos acontece devido a uma mutação nos genes, que altera a produção de melanina, quanto menos melanina a íris do olho possui mais clara ele será. A íris é a parte que dá cor aos olhos. Cores como castanho, cinza e verde possuem uma grande variação na quantidade de melanina.
Entretanto há uma curiosidade relacionada à cor azul. Por mais que a quantidade de melanina altere a cor dos olhos, especificamente a cor azul trata-se de uma mutação no gene OCA2 que produz a alteração na quantidade de melanina, porém essa variação é muito pequena. Um estudo realizado na Universidade de Copenhague, Dinamarca, afirma que essa mutação ocorreu há, aproximadamente, 10 mil anos atrás somente em uma pessoa e que, provavelmente, todas as pessoas que possuem olhos azuis têm, pelo menos, um ancestral em comum. Esse estudo foi feito com mais de 800 pessoas.
Além desse fenômeno, quando a distribuição de melanina não é extremamente uniforme, acontece a heterotrofia, que resulta em cores diferentes em cada um dos olhos. Há a heterotrofia que afeta toda a íris dos olhos, resultando em cada olho de uma cor; há quando um dos olhos, ou ambos, parece ter uma pincela de outra cor em sua íris e também há quando as cores se misturam dentro da íris, formando um degrade a partir do centro dos olhos. Esse fenômeno acontece, inclusive, com animais.
Os bebês podem nascer com olhos azuis e, aos poucos, se tornarem castanhos escuros ou mudarem de cor. Isso acontece porque os recém-nascidos ainda não têm a sua total quantidade de melanina. A cor dos olhos pode sofrer mudanças até os 2 anos de idade.
As mutações que resultam em cores diferentes são genéticas, por isso nem todos nascem com os olhos “coloridos”, realmente essa condição deixa os olhos encantadores e chamativos, porém cada olho possui um desenho especial, uma forma diferente, basta que cada pessoa saiba valorizar esse “detalhe” do rosto. - Para quem vê a vida de uma maneira diferente.
UMA PEQUENA HISTÓRIA MUITO INTERESSANTE - VEJA:
OLHOS DE OCEANO

Padre, bom dia, tudo bem com o senhor? Meu nome, talvez não seja tão importante quando a minha pequena história, mas nem sei por que estou aqui. Na verdade eu nem queria estar. Eu não sabia para onde ir, o que fazer como agir, que caminho tomar. Aconteceu tudo tão depressa, não deu tempo de me preparar para algo que me pegou tão de repente. Padre, eu vim aqui porque já não sabia o que fazer da minha vida, meu passado, meu presente, meu futuro, meu modo de agir e pensar mudaram, qual será o próximo passo? Não sei, por isso vim até aqui.
Desculpe-me, Padre, eu não sei nem por onde começar. Como uma devastadora e radical surpresa pudera acontecer nessa minha triste e pacata vida? Com um homem da minha idade? Padre, você não imagina o que isso pode representar para um homem de quarenta anos, que sempre viveu triste e solitário – PAUSA – Padre, eu sempre fui um homem que ninguém deu um centavo. Sempre cumpri minhas obrigações, fui um bom funcionário em todos os lugares que trabalhei, mas dentro de mim, a vida tinha outro sentido.
Eu não a via como as pessoas normas, do dia-a-dia veem. A vida pra mim sempre foi encarada como um percurso, que eu tinha que cumpri-lo obrigatoriamente, como num jogo de tabuleiro, onde você avança sempre uma casa com o intuito de chegar ao fim, e o fim, o senhor sabe qual é, não é mesmo, digníssimo Padre? Sim, é a morte. Porém eu não sabia que naquela curva do tabuleiro, nessa altura do jogo, quando cheguei nesta próxima casa, essa reviravolta aconteceria. A felicidade em minha vida era algo estranho em qualquer sentido, de qualquer forma que pudesse se materializar. Experimentar momentos, felizes e agradáveis, Padre? Eu não sabia, aliás, eu nunca soube o que foi isso - até então.
Eu sempre exigi demais de todo mundo, do mundo, de mim. Nunca foi fácil agradar-me, nunca consegui manter um relacionamento, quanto mais, morar com alguém? Esse gênio terrível, filho da puta, ariano desgraçado, detonava com qualquer perspectiva de felicidade que eu pudesse experimentar. É como quando aquele teu amigo, lá na infância, aquele teu amigo sacana que fazia de tudo pra te humilhar, mas que você, mesmo assim, ficava do lado dele, te oferecia um pirulito, e o direcionava em sua boca. Você morrendo de vontade, abria a boca e ia de encontro ao doce.
Quando sua língua mal e mal tocava na ponta do pirulito, quando você ia sentir se o sabor era de abacaxi, laranja, ou tutti-frutti, o sem-vergonha tirava o doce, saia correndo e ainda dizia que se você quisesse era pra comprar. Era exatamente assim, Padre, que o destino sempre fizera comigo. Toda vez que eu experimentava o gosto inicial da felicidade, quando eu ia descobrir de fato, que sabor ela tinha, o meu amigo destino tirava todo e qualquer doce que pudesse haver em meu redor.
Minha história pode ser conhecida também como Felicidade Passageira. Tudo o que eu gostei, ou mesmo que realmente amei, me foi tirado. Fui privado de conviver com quem ou com o que eu sempre amei. Uma sina. Um carma. E assim eu vivia. Toda felicidade que experimentava tinha que ser comprada. E a que eu mais comprava se vendia em carteiras, num posto de gasolina perto da minha casa. Eu chegava do trabalho do final da tarde e ia comprar uma carteira de felicidade, com vinte doses, que eu sabia que duraria até no dia seguinte no mesmo horário. E hoje, Padre?
Hoje eu continuo sendo o mesmo homem de vinte anos atrás, que sempre viveu frustrado, que sonhou em ter uma vida maravilhosa, que se imaginava nos romances do Erico Verissimo e, no entanto, não só sentia na pele, mas vivia como os personagens de Bukowski – perdedores, rotos, desviados, inconsequentes, transviados. Oh Padre, santíssimo homem. Sei que não deveria estar aqui, mas aqueles olhos azuis me forçaram.
Padre, eu nunca havia visto nada daquele jeito, eu trabalhava num dia normal, escondido dentro de mim mesmo, afugentando toda e qualquer perspectiva de felicidade gratuita. Infelizmente essa barreira havia se criado em mim inconscientemente, e então, eis que surge aquele par de olhos azuis. Azuis tão claros que me remeteram imediatamente às águas das Ilhas Phi Phi, na Tailândia.
Olhos que me puxaram para dentro de um oceano calmo e profundo e me mataram. Olhos que quando me olharam, assim trivialmente, como se não quisessem algo em troca, e de fato não queriam, me fizeram esquecer tudo que eu havia vivido até então. Apenas um olhar banal, como quem passa por você na rua e te olha apenas para desviar, pra não esbarrar em ti. Um olhar assim, despreocupado, inocente, que foi capaz de me fazer sentir as sensações de prazer, amor e felicidade que eu não sentia desde criança quando minha avó me pegava no colo e ficavam horas passando as mãos nos meus cabelos.
Aquele olhar aqueceu meu peito, esquentou o fundo do meu estômago. Juntou num só olhar a lembrança de duas pessoas que eu verdadeiramente amei e perdi para o destino. Padre, eu fecho meus olhos e vejo aqueles. Azuis, turquesa, claros, inocentes, transparentes. Padre, eu não sei o que fazer Padre. Aqueles olhos levaram consigo a minha vida e tudo o que eu fosse fazer dela daqui pra frente. Eu preciso da tua luz, santo homem.
O destino prega peças e ele selou com um beijo em meus lábios essa amarga situação. Padre, esses olhos azuis me remetem aos momentos mais felizes que eu vivi até hoje, mesmo aqueles, que eu nunca vivi, mas que sempre idealizei. Padre, esses olhos me pegaram pela mão e me mostraram o que é amar e, no entanto, isso é completamente impossível para mim. Pra mim!  Amar foge a regra geral que impus em minha vida. E isso já foi determinado há muitos anos. Padre, esses olhos azuis assinaram minha certidão de óbito. Padre, amar assim é impossível. Padre, eu me apaixonei por um menino de treze anos! 

ALICE NO PAÍS DAS NÃO-MARAVILHAS

OLHOS AZUIS
Olhos charmosamente insones e versões entre quase inocentes, românticos e até sexys. O chão havia sumido dos meus pés e eu caia. Eu não queria acreditar que meu fim seria assim. Sempre imaginei um tiro, um infarto, sei lá; no entanto, o ar esvaia-se do meu peito e dele saia também o maior dos gritos de horror. Não por medo da morte, mas sim da queda, da dor.
Meu medo era o de sentir os ossos esfacelando-se contra o chão. O crânio sendo partido, assim como, um abacate que cai do galho mais alto, os miolos espalhados ao redor, tal qual a massa verde e gordurosa que se espalha com a queda. Meu peito dava sinais de explodir. Imaginei o ataque cardíaco antes da queda.
Eu era tragado pelo buraco infinito e sabia que algo estava me comendo vivo, me engolindo. É um tanto curioso você remar, remar, enfrentar tempestades, enfrentar milhares de demônios todos os dias pra no fim morrer afogado. A água vai entrando pelas vias respiratórias e uma forte vontade de vomitar aparece.
Dona Morte bate à porta e você, solicito e bem educado convida-a para entrar, sentar e tomar um chá. Lentamente ela bebe todo o chá e junto com ele, seu sangue, seus órgãos, sua vida. E nesse momento, enquanto eu caia nesse imenso buraco, eu me assentava numa linda e imensa mesa branca, que estava arrumada para seis convidados. Sobre ela havia um delicado jogo de chá, branco com listras douradas.
Na ponta da mesa, tal qual o Chapeleiro Maluco da Alice, a morte me encarava. Não pense na morte como um esqueleto com uma capa sobre si e uma foice. Esqueça. A morte era uma jovem moça loira, cabelos sedosos e presos num coque bem no alto da cabeça. Tinha olhos azuis, boca carnuda, dentes alvos e retos, pele de cera. Parecia ter saído de um afresco renascentista. Muito pálida, com o olhar vivo e aguçado ela me encarava. Estava tomando seu chá e fumava. Sempre me olhando. E eu estava ali pensando que tudo não passava de um sonho. Os outros quatro lugares da mesa estavam ocupados por um coelho que seria branco se não estivesse sujo, com grandes olheiras e olhar trincado.
Ao seu lado estava sentado um palhaço com chapéu de Pierrô, com roupas extremamente coloridas e fitas também coloridas que pendiam de toda a roupa. Tinha um olhar sinistro, agressivo, que não condizia nenhum pouco com a maquiagem e a roupa alegre que usasse. Olhei para meu lado esquerdo e levei um susto.
Ao meu lado estava sentada uma senhora, de uns setenta anos talvez, completamente nus. Tinha os cabelos alvos como a neve e o corpo extremamente enrugado. Com cara de poucos amigos, talvez nem sequer um, ela passava manteiga numa torrada. Ao seu lado estava sentado um homem, de uns trinta anos, cabelo penteado pra trás.
Vestia um terno preto extremamente adequado ao seu corpo e medidas. Talvez feito sob medida só pra ele e mais ninguém. Todos muito envolvidos com seus pensamentos miravam a xícara a frente. Vez ou outra bebiam o chá. A única que estava atenta em mim e continuava me encarando era a moça loira que estava exatamente em minha frente.
A mesa estava ao ar livre, num jardim muito confuso, com flores que eu não conhecia. Eu olhava na direção da moça e atrás dela enxergava o céu. Estava turvo, cinza. As nuvens dançavam uma espécie de coreografia ritmada, unindo-se uma às outras, vez em quando se soltando. Eu sabia que em breve, muito em breve, uma forte tempestade cairia. Tornei olhar para a mesa e sobre ela, bem no centro, estavam espalhadas muitas cartas de baralho. Estavam ali todos os naipes. Espada, copas, paus, ouros. O curioso é que ninguém parecia se dar conta do que acontecia.
As cartas se moviam como se fossem manipuladas com a ajuda de espíritos. Iam de um canto para o outro da mesa. As minhas mãos estavam estendidas sobre a mesa quando uma borboleta pousou sobre elas. Muito colorida e de aspecto surreal ela deixou cair um pequeno rolinho de papel. Feito isso, voou. Desenrolei o papel e vi pequenas letras juntas que formavam uma frase.
Aproximei o papel dos olhos e li: VOCÊ VAI MORRER! Ótimo! Eu ia morrer. Quem sabe eles que estavam ao redor da mesa achavam que iriam me prejudicar, ou me assustar com isso? Será que eles não sabiam que eu de fato queria morrer pra sumir desse mundo podre, cheio de regras, conveniências, padrões, cheio de gente que não deixa os seus semelhantes viverem em paz? Matando-me, me fazendo morrer, ou induzindo a morte, estavam mesmo era me fazendo um favor, uma vez, que eu era cagão demais para me suicidar. Quem deles daria o golpe de misericórdia? O coelho chapado? A velha sem-vergonha? Ou o galã de cinema? Quem sabe o palhaço? Eu não saberia dizer. Revirei meus bolsos, queria um cigarro.
Eu estava começando a gostar da situação, principalmente, porque me sentia parte de um novo filme do Tim Burton. Era hora de eu tomar as rédeas da situação e conduzir o jogo, mesmo que eu me fodesse, o que de fato, iria acontecer. Prendi o cigarro nos lábios e procurei pelo isqueiro. Não achei. A velha ao meu lado fuçou no meio das tetas murchas e enrugadas e de lá tirou o avio. Estranhei a atitude, mas prontamente acendi o cigarro. Dei uma funda tragueada e de minha boca saiu uma escura fumaça. Imediatamente fui acometido por um acesso de tosse e junto com ela expeli um pó preto, numa quantidade que cabia na palma da mão. Não senti dor.
Continuei fumando. Notei que um ruído se repetia por algum tempo já. Procurei ouvir com mais atenção pra saber de onde vinha. Atrás do imenso coelho, uma menina de uns dez anos, vestida com um vestido de renda branco, luvas até o cotovelo, trabalhava em um tear. Seguia sempre os mesmos movimentos sem olhar para os lados. Quando notou que estava sendo observada, ela parou o serviço e olhou diretamente pra mim.
Estava com os cabelos todos bagunçados, seus olhos pequenos estavam rodeados por olheiras gigantes. Ela sorriu e não mostrou nenhum dente na boca, apenas uma língua fina, amarelada e gengivas pálidas. Disse uma frase que não consegui compreender. Repetiu e então eu entendi: VOCÊ VAI MORRER. Como eu poderia lutar contra isso, uma vez, que tudo se encaminhava para esse fim? O que teria demais em morrer? Isso não acontece todos os dias milhares de vezes? Não se torna um processo natural da existência?
Na verdade morremos todos os dias, morremos quando vemos os sonhos escorrendo de nossas mãos, morremos quando nos sentimos impotentes diante de uma situação que teríamos perfeitas condições de resolver, morremos quando somos direcionados à alguma coisa que não condiz com a nossa vontade. Morremos quando vemos injustiça, morremos quando a esperança é apenas uma miragem. Morremos quando num momento temos tudo, e no segundo seguinte não temos mais porra nenhuma. Morremos porque a vida é também um monte de merda que nos fode dia a dia. Parei de divagar quando um forte vento soprou em nossa direção e espalhou todas as cartas de baralho ao redor da mesa.
A menina saiu do tear e serviu novamente a xícara de todos, inclusive a minha. Era um líquido verde, quase cristalino, que permitia enxergar o fundo da xícara. Dei mais uma tragada e bebi o chá de um gole só. Arrotei. Foi a melhor bebida que havia tomado em toda minha vida. Larguei o toco do cigarro dentro da xícara. Levantei. Trovões e relâmpagos de todas as cores agora invadiam o ambiente. Gordos morcegos transparentes, cheios de sangue, voam ao nosso redor. Senti um perfume doce, enjoativo, entrar pelas minhas narinas.
O vômito foi imediato. Vomitei o que parecia ser um doce de morango, era pegajoso, consistente, doce, como o perfume. Quando acabei e me ergui, a menina estava próxima do vômito e com o dedo indicador provava o liquido que eu havia vomitado. Todos continuavam sentados, imóveis, mas bebendo o chá. A moça loira à minha frente, ainda não tinha desgrudado os olhos de mim.
A chuva começava cair e ninguém parecia se importar com isso. A impressão é que todos cumpriam um papel, seguíamos um roteiro dum filme, onde as ações eram todas premeditadas, ensaiadas, cadenciadas. A água escorria sobre o meu rosto e empapava minha roupa. Tentei bebê-la na esperança de amenizar o gosto de morango azedo da boca. O que me pareceu um raio, acertou em cheio o centro da mesa, dividindo-a em duas. Abaixo dela estava um delicado e nada modesto caixão. Forrado com um tecido macio, alças de ouro e com design moderno. Soube desde o primeiro momento que aquele seria o meu caixão.
O palhaço saiu de onde estava se colocou atrás de mim, o coelho se posicionou ao lado. O homem de terno saiu do seu lugar e veio até mim. Segurou-me a cabeça, pegou-me pela nuca e me beijou calorosamente. A barba dele roçava meu rosto, me machucando. Parou de me beijar e ergueu minha cabeça, fazendo com que minha boca ficasse aberta. Ao longe uma música clássica tocava. Violinos, sim eram violinos.
O palhaço soprou um pó colorido sobre meu rosto e depois cuspiu dentro da minha boca uma espécie de gel gosmento que engoli no mesmo instante. Direcionou meu rosto para o coelho que fumava um baseado. Tragueou profundamente e soprou a fumaça diretamente dentro do meu pulmão. A velha ergueu-se, tirou a dentadura e deixou-a sobre a mesa. Veio até mim. Abriu meu zíper e me chupou. Quando acabou, os quatro me ergueram.
O palhaço e o moço-bonito me pegaram nos braços e a velha e o coelho nos pés. Sons de helicóptero sobrevoando tomavam conta no ar. Parecia que uma esquadrilha de helicópteros estava sobre nós. No entanto não víamos sequer um. Deitaram-me no caixão. Soltaram-me. E eu não resisti, nem por um segundo.
Eu havia cansado de viver. Eu era demente ao extremo, não era compatível com o mundo. Eu queria demais, ou não queria nada. Pessoas como eu, que admiram o errado, que se atrai pela psicose, que amam os espíritos, que convivem com o sobrenatural, que não veem graça no mundo atual, simplesmente não combinam com ele.
A moça loira levantou-se, foi até o caixão. Trazia consigo um copo transbordando de um líquido vermelho. Sangue. Bebeu o equivalente a metade. Chegou até mim, ergueu minha cabeça e me fez beber o resto. Tomei. Um gosto agridoce misturado com ferrugem. Com o maior dos cuidados ela deitou novamente minha cabeça. Vi que tinha um acessório pontiagudo no dedo indicador e assim aproximava-o do meu pescoço.
Senti aquele troço afiado rasgar minha pele. Senti minha veia sendo furada e dela jorrar um farto jato de sangue. A dor era imensurável. Apoiou o copo abaixo do corte e eu vi meu sangue se acumular dentro do recipiente. Ela aproximou-se do meu rosto, lambeu a ferida no pescoço e com a boca lambuzada de sangue me beijou. Afastou-se de mim e apareceu com o que parecia ser um rolo. E era. Desenrolou um pedaço do que me aparentava ser um plástico filme, só que mais resiste, e aproximou de mim.
Encostou o plástico sobre o meu rosto e me sufocou. Eu tentava me debater, mas oito mãos me seguravam. Eu estava sendo morto. Imediatamente me vi novamente na queda livre. Todos eles, o lugar, o jogo de chá, tudo sumiu. Eu caia esperando pelo momento que me espatifaria do chão. Quando eu menos esperava o encontro aconteceu. Fui de cheio ao chão. E então morri. Morri, mas todos os dias eu ressuscito às seis da manhã, junto todas as partes do meu corpo despedaçadas pela queda, encaixo elas umas nas outras e saio para trabalhar.

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