terça-feira, 30 de setembro de 2014

JOVENS TALENTOS

JOVENS TALENTOS: COMO IDENTIFICAR E DESENVOLVER?
Na manhã de 07 de Maio de 2014, o Insper sediou o encontro “Jovens Talentos: como identificar e desenvolver?”. O evento teve a participação de organizações cuja razão de ser é proporcionar acesso à educação de qualidade a jovens de grande potencial, alunos da rede pública que se deparam com as barreiras da falta de recursos, da condição social, e até do conhecimento dos meios para conseguir bolsas ou participar de alguma atividade que os permita mostrar-se, destacar-se, aspirar a mais e melhores oportunidades.
Mais do que uma explanação técnica sobre objetivos, métodos e estatísticas, o evento contou com a troca de experiências, ampliando a forma de ver, pensar e estruturar o pensamento sobre o desafio de inclusão e de criação de oportunidades para cada vez mais indivíduos talentosos, a partir de casos de sucesso. São muitas as histórias de superação, de garra, de disciplina e resiliência. E a outra boa notícia é que já estão sendo disponibilizadas metodologias para sistematizar e compartilhar as informações sobre estes jovens – onde estão como é seu desempenho acadêmico, em que disciplinas se destacam e qual o potencial que demonstram. E, para além das questões formais de identificar e viabilizar esses jovens, outra reflexão importante permeou todo o encontro: o peso das habilidades não cognitivas na trajetória de desenvolvimento, tema que se desdobra para o âmbito familiar, da primeira infância e das questões sócio comportamentais propriamente ditas.
Do método à solução
Na abertura do encontro, Marcos Lisboa, Diretor Vice-presidente do Insper, elencou os grandes temas da discussão – o desafio da inclusão e diversidade em uma educação de qualidade, a mecânica de identificação, atração e viabilização de oportunidades para jovens talentos, a sistematização das informações e de experiências obtidas pelas instituições engajadas na busca e no desenvolvimento desses estudantes, o impacto deste movimento em toda a cadeia de ensino – e, em especial, na rede pública e nas políticas públicas de educação.
Em seguida, o evento contou com a apresentação do Prof. Mario Jorge Dias Carneiro, Coordenador do Comitê Acadêmico da OBMEP – Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, iniciativa que visa estimular o estudo da Matemática e revelar talentos na disciplina. Nessa exposição, o professor apresentou como as olimpíadas mobilizam docentes e alunos para a evolução do aprendizado, compartilhando como funcionam as etapas da competição e estudos sobre o impacto dessa iniciativa para o desenvolvimento de alunos e professores. Também apresentou cases de alunos que foram admitidos em instituições de ensino superior de ponta.
Finalizada esta primeira apresentação, iniciou-se o debate mediado por Hélio Schwartsman, colunista do jornal Folha de S.Paulo, que teve como tônica a identificação de jovens talentosos num contexto de baixa renda, rede pública e dificuldades de acesso à educação de qualidade. Participaram da discussão, Ricardo Sales e Cassius Leal, membros do Conselho da Primeira Chance, ONG que investe na inclusão social de alunos de baixa renda da rede pública, identificando-os, provendo acesso às instituições de ensino e também suporte financeiro, e Inês Boaventura França, gerente de projetos educacionais doIsmart, instituição que desenvolve programas de bolsas de estudo para apoiar o desenvolvimento acadêmico de jovens talentos no ensino médio.
A viabilidade e a importância de escalar dessas iniciativas e metodologias são irrefutáveis. E assim demonstraram os casos de sucesso compartilhados pelos participantes, não apenas do ponto de vista da trajetória dos jovens atendidos, mas também no que envolve as formas de sistematizar e disponibilizar as informações colhidas no desenvolvimento dos programas e do processo de identificação de talentos. Emerge desses casos a importância de convergir iniciativas e resultados de forma a atuar em maior escala e com mais efetividade nessa cadeia.
Aqui não se trata apenas das questões sobre a qualidade de ensino nas escolas públicas e privadas, mas também da capacidade de engajar e mobilizar outros atores fundamentais deste cenário – gestores das escolas, pais, professores, agentes da comunidade. A experiência da Primeira Chance permitiu criar uma ferramenta, um sistema de informações que viabiliza a localização e acesso ao perfil de todos os alunos mapeados em programas como a OBMEP, além de mostrar como estes indivíduos se destacaram e foram premiados em cada programa.
Outro ponto de destaque: o olhar para além do desempenho acadêmico, entendendo o talento também como um produto de habilidades não cognitivas, da motivação, da resiliência, da disciplina, da dedicação e da coragem de quebrar barreiras. No trabalho do Ismart a identificação dessas habilidades é parte essencial das entrevistas do processo de seleção de perfis diferenciados. A mensuração desses comportamentos desejáveis possibilita dar suporte aos desafios futuros na trajetória desses jovens, uma vez que representam, sem sombra de dúvida, ferramentas para o sucesso e a vida.
Fica evidente também a importância de uma rede de parcerias para viabilizar o sucesso destas iniciativas. Falamos aqui das escolas que acolhem alunos bolsistas e permitem o acesso a um horizonte profissional virtuoso, do ensino médio até o superior, e de pessoas que aportem um pensamento profissional a um trabalho de cunho social que passa por todos os desafios de mobilização, engajamento e sensibilização para as dificuldades e necessidades dos jovens atendidos.
Porque, para além da inclusão no sistema de ensino, trata-se aqui de viabilizar o ingresso a um novo panorama social, dando apoio financeiro, logístico e até psicológico. Mais uma vez salta aos olhos a convergência de objetivos e pensamentos expressos no trabalho de OBMEP, Primeira Chance e Ismart, que agem especificamente nos campos da motivação e da instrumentação para o aprendizado. Em última análise, as três organizações bebem da mesma fonte como ponto de partida para chegar aos seus objetivos e, por isso, podem se beneficiar imensamente do compartilhamento de suas descobertas e resultados.
Sinergia entre privado e público
No segundo bloco, mediado por Ernesto Martins Faria, coordenador de projetos da Fundação Lemann e aluno bolsista integral graduado no Insper, o foco deslocou-se para a qualidade do ensino fundamental e médio. O fio condutor foi o papel dos programas e das iniciativas das grandes corporações junto às escolas privadas, viabilizando o acesso a elas, ou atuando por meio do apoio às escolas públicas.
Estas iniciativas falam, por exemplo, da oferta de escolas e estrutura de apoio a jovens de baixa renda atendidos pelo sistema público, e também da atuação junto a gestores, professores, famílias, comunidade e o próprio governo no sentido de capacitar, engajar, “subir a barra” do que é oferecido e planejado. Novamente, trata-se de amplificar o olhar para uma visão sistêmica de todo o ciclo de vida estudantil de um jovem, da educação infantil ao curso superior, tratando não só da escola, mas das condições socioeconômicas que são mandatórias para o seu crescimento. E, não menos importante, esta visão sistêmica traz provocações e questionamentos constantes sobre o desafio de melhorar a qualidade do ensino na rede pública de forma que o repertório aí adquirido permita aos jovens acesso a instituições que lhes possibilitem, de fato, desenvolver-se e prosperar.
O painel teve a participação de Denise Aguiar Alvarez, diretora da Fundação Bradesco, cujo trabalho para a inclusão e desenvolvimento social leva escolas com uma proposta pedagógica direcionada para o ensino de qualidade a todas as regiões do país, oferecendo da educação infantil a cursos profissionalizantes. A EMBRAER foi representada por Mariana Luz, superintendente do Instituto Embraer de Educação e Pesquisa (IEEP).
Esta instituição investe em escolas de ensino médio de excelência, que recebem estudantes vindos da rede pública, oferecendo todo o suporte e também um programa de bolsas para manutenção do aluno. O painel contou por fim com a participação de Mirela de Carvalho, gerente de gestão do conhecimento no Instituto Unibanco, cujo foco é a melhoria da qualidade do ensino público e da aprendizagem por meio de programas que endereçam também questões relativas à gestão e eficiência da rede pública, orientação curricular, evasão escolar e desenvolvimento das relações que estruturam os estudantes.
Além de proporcionar acesso e qualidade no ensino formal, os programas da iniciativa privada investem na formação da cidadania e em prover orientação profissional de forma que os alunos possam potencializar seus talentos específicos. Estão também profundamente inseridos no contexto das comunidades em que atuam, conscientes dos problemas e necessidades, promovendo projetos de voluntariado, incentivando parcerias, convidando ao engajamento e à discussão de políticas públicas e de mecanismos de gestão.
Fica patente um traço distintivo e comum a essas três organizações: o olhar 360 graus para o contexto do estudante, suas oportunidades e também todos os obstáculos que ele deve transpor. Trata-se de extrapolar a dimensão da escola, instrumentando esses indivíduos para que possam ascender romper o preconceito e as dificuldades de inserção em um novo contexto social, não raro bastante distanciado de sua origem e de sua família. E aqui estamos falando de orientar para a vida, para a profissão, para a alta performance em um escopo ampliado. Trata-se ainda de promover a conscientização e o engajamento do entorno – diretores, professores e gestores nas escolas, parceiros identificados nas comunidades e tantos outros agentes –, de promover uma visão empreendedora de mundo, de extrair o melhor potencial de escolas, programas, ações do poder público.
Saldo para reflexão
Muitos questionamentos emergem da discussão: como identificar, potencializar e desenvolver as habilidades não cognitivas, tão importantes. Como sistematizar o trabalho do professor da Universidade de Chicago,James Heckman? Como ampliar as ações de forma a ter um sistema educacional cada vez mais inclusivo e diverso? Como desmistificar temas e desafios inerentes à vida escolar, transformando mitos em aliados para a vida – como é o caso da matemática, no escopo da OBMEP?
Em que medida as olimpíadas podem ser utilizadas para melhorar o aprendizado dos alunos nas escolas públicas e não apenas a seleção de talentos? Qual a contribuição das escolas privadas junto a esses jovens que estão fora do radar da excelência educacional, no sentido de prover uma oportunidade, de atuar como mentores em suas vidas? No outro extremo da cadeia, como aproximar público e privado, fomentando a discussão sobre qualidade de ensino, processos e metodologias, inserindo-se de forma ativa para fortalecer as políticas públicas? Este encontro nos permitiu um mergulho profundo no tema complexo que é fazer convergir educação de qualidade, os desafios trazidos pelo ambiente e pela condição socioeconômica, o acesso às oportunidades, às possibilidades reais de evolução profissional.
Reforçou também a importância das parcerias e ações complementares para acompanhar e prover estes jovens estudantes ao longo do percurso – da educação infantil ao ensino superior.
O Insper insere-se neste contexto com orgulho: tem hoje bolsistas ativos vindos da Fundação Bradesco, da Primeira Chance, do Ismart e do Colégio Engenheiro Juarez Wanderley, da Embraer – e já são 11 os alumni que vieram deste último. Acreditamos que estes jovens, para além de materializar a excelência da escola em ensino e pesquisa, tornaram-se indivíduos conscientes, engajados, capazes de fato de contribuir para o debate e para a construção de uma consciência social e cidadã no seu dia a dia, em suas atividades profissionais. Integrar pontos de vista faz parte da razão de ser do Insper e de sua forma de atuar e pensar educação por meio de uma visão sistêmica, madura, participativa e atuante de fato.
Elaborado por Victoria Murat
Acesse o conteúdo completo das apresentações feitas pelos debatedores:
Para saber mais:
A AIESEC possibilita para organizações parceiras o entrosamento com jovens de alto potencial dos países onde está presente, bem como a mobilidade destes jovens para empresas no exterior por meio dos Talentos Globais – o programa de estágio internacional.
O programa é voltado para jovens que querem ter um papel ativo na construção da sociedade em empresas que buscam perfis empreendedores, visão global e comportamento proativo entre seus colaboradores. As principais oportunidades são nas áreas de Negócios Internacionais, Tecnologia da Informação, Gestão, Turismo e Engenharia.
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MARCAS DOS SONHOS
O QUE É?
O programa MARCA DOS SONHOS da AIESEC no Brasil é o carro chefe da organização para empresas que buscam posicionar sua marca entre o público de jovens líderes. Trabalhamos com a missão de impactar positivamente na sociedade através do desafio de transformar jovens estudantes universitários comuns em líderes e cidadãos do mundo, que se desafiam para mudar realidades locais e consequentemente globais. E ao ser um parceiro da AIESEC, o contato com estes talentos, de todos os cantos do país, se torna ainda mais estreito.
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O plano semestral de Employer Branding posiciona sua empresa junto à rede de membros e alumni da AIESEC construindo um plano de comunicação voltado para jovens, em que a marca da sua empresa é trabalhada de forma atrativa entre a rede da AIESEC no Brasil.

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