JOVENS TALENTOS: COMO IDENTIFICAR E DESENVOLVER?
Na manhã de 07 de Maio de 2014, o
Insper sediou o encontro “Jovens Talentos: como identificar e desenvolver?”. O evento teve a participação de organizações cuja razão de ser é
proporcionar acesso à educação de qualidade a jovens de grande potencial,
alunos da rede pública que se deparam com as barreiras da falta de recursos, da
condição social, e até do conhecimento dos meios para conseguir bolsas ou
participar de alguma atividade que os permita mostrar-se, destacar-se, aspirar a
mais e melhores oportunidades.
Mais do que uma explanação técnica sobre objetivos, métodos e
estatísticas, o evento contou com a troca de experiências, ampliando a forma de
ver, pensar e estruturar o pensamento sobre o desafio de inclusão e de criação
de oportunidades para cada vez mais indivíduos talentosos, a partir de casos de
sucesso. São muitas as histórias de superação, de garra, de disciplina e
resiliência. E a outra boa notícia é que já estão sendo disponibilizadas
metodologias para sistematizar e compartilhar as informações sobre estes jovens
– onde estão como é seu desempenho acadêmico, em que disciplinas se destacam e
qual o potencial que demonstram. E, para além das questões formais de
identificar e viabilizar esses jovens, outra reflexão importante permeou todo o
encontro: o peso das habilidades não cognitivas na trajetória de
desenvolvimento, tema que se desdobra para o âmbito familiar, da primeira
infância e das questões sócio comportamentais propriamente ditas.
Do método à solução
Na abertura do encontro, Marcos Lisboa, Diretor Vice-presidente do
Insper, elencou os grandes temas da discussão – o desafio da inclusão e
diversidade em uma educação de qualidade, a mecânica de identificação, atração
e viabilização de oportunidades para jovens talentos, a sistematização das
informações e de experiências obtidas pelas instituições engajadas na busca e
no desenvolvimento desses estudantes, o impacto deste movimento em toda a
cadeia de ensino – e, em especial, na rede pública e nas políticas públicas de
educação.
Em seguida, o evento contou com a apresentação do Prof. Mario Jorge Dias
Carneiro, Coordenador do Comitê Acadêmico da OBMEP – Olimpíada
Brasileira de Matemática das Escolas Públicas, iniciativa que visa estimular o
estudo da Matemática e revelar talentos na disciplina. Nessa exposição, o
professor apresentou como as olimpíadas mobilizam docentes e alunos para a
evolução do aprendizado, compartilhando como funcionam as etapas da competição
e estudos sobre o impacto dessa iniciativa para o desenvolvimento de alunos e
professores. Também apresentou cases de alunos que foram admitidos em
instituições de ensino superior de ponta.
Finalizada esta primeira apresentação, iniciou-se o debate mediado por
Hélio Schwartsman, colunista do jornal Folha de S.Paulo, que teve como tônica a
identificação de jovens talentosos num contexto de baixa renda, rede pública e
dificuldades de acesso à educação de qualidade. Participaram da discussão,
Ricardo Sales e Cassius Leal, membros do Conselho da Primeira Chance, ONG
que investe na inclusão social de alunos de baixa renda da rede pública, identificando-os,
provendo acesso às instituições de ensino e também suporte financeiro, e Inês
Boaventura França, gerente de projetos educacionais doIsmart, instituição
que desenvolve programas de bolsas de estudo para apoiar o desenvolvimento
acadêmico de jovens talentos no ensino médio.
A viabilidade e a importância de escalar dessas iniciativas e
metodologias são irrefutáveis. E assim demonstraram os casos de sucesso
compartilhados pelos participantes, não apenas do ponto de vista da trajetória
dos jovens atendidos, mas também no que envolve as formas de sistematizar e
disponibilizar as informações colhidas no desenvolvimento dos programas e do
processo de identificação de talentos. Emerge desses casos a importância de
convergir iniciativas e resultados de forma a atuar em maior escala e com mais
efetividade nessa cadeia.
Aqui não se trata apenas das questões sobre a qualidade de ensino nas
escolas públicas e privadas, mas também da capacidade de engajar e mobilizar
outros atores fundamentais deste cenário – gestores das escolas, pais,
professores, agentes da comunidade. A experiência da Primeira Chance permitiu
criar uma ferramenta, um sistema de informações que viabiliza a localização e
acesso ao perfil de todos os alunos mapeados em programas como a OBMEP, além de
mostrar como estes indivíduos se destacaram e foram premiados em cada programa.
Outro ponto de destaque: o olhar para além do desempenho acadêmico,
entendendo o talento também como um produto de habilidades não cognitivas, da
motivação, da resiliência, da disciplina, da dedicação e da coragem de quebrar
barreiras. No trabalho do Ismart a identificação dessas habilidades é parte
essencial das entrevistas do processo de seleção de perfis diferenciados. A
mensuração desses comportamentos desejáveis possibilita dar suporte aos
desafios futuros na trajetória desses jovens, uma vez que representam, sem
sombra de dúvida, ferramentas para o sucesso e a vida.
Fica evidente também a importância de uma rede de parcerias para
viabilizar o sucesso destas iniciativas. Falamos aqui das escolas que acolhem
alunos bolsistas e permitem o acesso a um horizonte profissional virtuoso, do
ensino médio até o superior, e de pessoas que aportem um pensamento
profissional a um trabalho de cunho social que passa por todos os desafios de
mobilização, engajamento e sensibilização para as dificuldades e necessidades
dos jovens atendidos.
Porque, para além da inclusão no sistema de ensino, trata-se aqui de
viabilizar o ingresso a um novo panorama social, dando apoio financeiro,
logístico e até psicológico. Mais uma vez salta aos olhos a
convergência de objetivos e pensamentos expressos no trabalho de OBMEP,
Primeira Chance e Ismart, que agem especificamente nos campos da motivação e da
instrumentação para o aprendizado. Em última análise, as três organizações
bebem da mesma fonte como ponto de partida para chegar aos seus objetivos e,
por isso, podem se beneficiar imensamente do compartilhamento de suas
descobertas e resultados.
Sinergia entre privado e público
No segundo bloco, mediado por Ernesto Martins Faria, coordenador de
projetos da Fundação Lemann e
aluno bolsista integral graduado no Insper, o foco deslocou-se para a qualidade
do ensino fundamental e médio. O fio condutor foi o papel dos programas e das
iniciativas das grandes corporações junto às escolas privadas, viabilizando o
acesso a elas, ou atuando por meio do apoio às escolas públicas.
Estas iniciativas falam, por exemplo, da oferta de escolas e estrutura
de apoio a jovens de baixa renda atendidos pelo sistema público, e também da
atuação junto a gestores, professores, famílias, comunidade e o próprio governo
no sentido de capacitar, engajar, “subir a barra” do que é oferecido e
planejado. Novamente, trata-se de amplificar o olhar para uma visão sistêmica
de todo o ciclo de vida estudantil de um jovem, da educação infantil ao curso
superior, tratando não só da escola, mas das condições socioeconômicas que são
mandatórias para o seu crescimento. E, não menos importante, esta visão
sistêmica traz provocações e questionamentos constantes sobre o desafio de
melhorar a qualidade do ensino na rede pública de forma que o repertório aí adquirido
permita aos jovens acesso a instituições que lhes possibilitem, de fato,
desenvolver-se e prosperar.
O painel teve a participação de Denise Aguiar Alvarez, diretora da Fundação Bradesco,
cujo trabalho para a inclusão e desenvolvimento social leva escolas com uma
proposta pedagógica direcionada para o ensino de qualidade a todas as regiões
do país, oferecendo da educação infantil a cursos profissionalizantes. A
EMBRAER foi representada por Mariana Luz, superintendente do Instituto Embraer
de Educação e Pesquisa (IEEP).
Esta instituição investe em escolas de ensino médio de excelência, que
recebem estudantes vindos da rede pública, oferecendo todo o suporte e também
um programa de bolsas para manutenção do aluno. O painel contou por fim com a
participação de Mirela de Carvalho, gerente de gestão do conhecimento no Instituto Unibanco, cujo foco é a melhoria da qualidade do
ensino público e da aprendizagem por meio de programas que endereçam também
questões relativas à gestão e eficiência da rede pública, orientação
curricular, evasão escolar e desenvolvimento das relações que estruturam os
estudantes.
Além de proporcionar acesso e qualidade no ensino formal, os programas
da iniciativa privada investem na formação da cidadania e em prover orientação
profissional de forma que os alunos possam potencializar seus talentos
específicos. Estão também profundamente inseridos no contexto das comunidades
em que atuam, conscientes dos problemas e necessidades, promovendo projetos de
voluntariado, incentivando parcerias, convidando ao engajamento e à discussão
de políticas públicas e de mecanismos de gestão.
Fica patente um traço distintivo e comum a essas três organizações: o
olhar 360 graus para o contexto do estudante, suas oportunidades e também todos
os obstáculos que ele deve transpor. Trata-se de extrapolar a dimensão da
escola, instrumentando esses indivíduos para que possam ascender romper o
preconceito e as dificuldades de inserção em um novo contexto social, não raro
bastante distanciado de sua origem e de sua família. E aqui estamos falando de
orientar para a vida, para a profissão, para a alta performance em um escopo
ampliado. Trata-se ainda de promover a conscientização e o engajamento do
entorno – diretores, professores e gestores nas escolas, parceiros
identificados nas comunidades e tantos outros agentes –, de promover uma visão
empreendedora de mundo, de extrair o melhor potencial de escolas, programas,
ações do poder público.
Saldo para reflexão
Muitos questionamentos emergem da discussão: como identificar,
potencializar e desenvolver as habilidades não cognitivas, tão importantes.
Como sistematizar o trabalho do professor da Universidade de Chicago,James Heckman? Como ampliar as ações de forma a ter um
sistema educacional cada vez mais inclusivo e diverso? Como desmistificar temas
e desafios inerentes à vida escolar, transformando mitos em aliados para a vida
– como é o caso da matemática, no escopo da OBMEP?
Em que medida as olimpíadas podem ser utilizadas para melhorar o
aprendizado dos alunos nas escolas públicas e não apenas a seleção de talentos?
Qual a contribuição das escolas privadas junto a esses jovens que estão fora do
radar da excelência educacional, no sentido de prover uma oportunidade, de
atuar como mentores em suas vidas? No outro extremo da cadeia, como aproximar
público e privado, fomentando a discussão sobre qualidade de ensino, processos
e metodologias, inserindo-se de forma ativa para fortalecer as políticas públicas? Este encontro nos permitiu um mergulho profundo no tema complexo que é
fazer convergir educação de qualidade, os desafios trazidos pelo ambiente e
pela condição socioeconômica, o acesso às oportunidades, às possibilidades
reais de evolução profissional.
Reforçou também a importância das parcerias e ações complementares para
acompanhar e prover estes jovens estudantes ao longo do percurso – da educação
infantil ao ensino superior.
O Insper insere-se neste contexto com orgulho: tem hoje bolsistas ativos
vindos da Fundação Bradesco, da Primeira Chance, do Ismart e do Colégio
Engenheiro Juarez Wanderley, da Embraer – e já são 11 os alumni que vieram
deste último. Acreditamos que estes jovens, para além de materializar a
excelência da escola em ensino e pesquisa, tornaram-se indivíduos conscientes,
engajados, capazes de fato de contribuir para o debate e para a construção de
uma consciência social e cidadã no seu dia a dia, em suas atividades
profissionais. Integrar pontos de vista faz parte da razão de ser do Insper e
de sua forma de atuar e pensar educação por meio de uma visão sistêmica,
madura, participativa e atuante de fato.
Elaborado por Victoria Murat
Acesse o conteúdo completo das apresentações feitas pelos debatedores:
Para saber mais:
- Leia a coluna de Elio Gaspari sobre o projeto da Primeira Chance
- O case de Sobral: como uma pequena cidade do Ceará tornou-se referência em Educação
- O case de Sobral: como uma pequena cidade do Ceará tornou-se referência em Educação
- Fóruns Estadão Brasil 2018: projeto com parceria educacional do Insper
debateu Educação.
VEJA O VÍDEO - ISTO É, JOVENS TALENTOS
A AIESEC possibilita para
organizações parceiras o entrosamento com jovens de alto potencial dos países
onde está presente, bem como a mobilidade destes jovens para empresas no
exterior por meio dos Talentos Globais – o programa de estágio internacional.
O programa é voltado para jovens que
querem ter um papel ativo na construção da sociedade em empresas que buscam
perfis empreendedores, visão global e comportamento proativo entre seus
colaboradores. As principais oportunidades são nas áreas de Negócios
Internacionais, Tecnologia da Informação, Gestão, Turismo e Engenharia.
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Educacional – Brasil Global, Engenharia, Marketing, Tecnologia de
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O QUE É?
O programa MARCA DOS SONHOS da AIESEC no Brasil é o
carro chefe da organização para empresas que buscam posicionar sua marca entre
o público de jovens líderes. Trabalhamos com a missão de impactar positivamente
na sociedade através do desafio de transformar jovens estudantes universitários
comuns em líderes e cidadãos do mundo, que se desafiam para mudar realidades
locais e consequentemente globais. E ao ser um parceiro da AIESEC, o contato
com estes talentos, de todos os cantos do país, se torna ainda mais estreito.
INTERAJA COM O PÚBLICO DA AIESEC
O
plano semestral de Employer Branding posiciona sua empresa junto à rede de
membros e alumni da AIESEC construindo um plano de comunicação voltado para
jovens, em que a marca da sua empresa é trabalhada de forma atrativa entre a
rede da AIESEC no Brasil.