Jornalismo com Entretenimento – Vampiro
de papel
A grande polêmica, combinação
de jornalismo com entretenimento. Caracterizada
como objeto de lazer, a televisão, desde a sua criação, tem como finalidade
entreter o público... Suas abordagens vão além da diversão, passam pela
informação, chegando até aquilo que é de interesse para as emissoras: o lucro e
a audiência. Caracterizada como objeto de lazer, a televisão, desde a sua criação,
tem como finalidade entreter o público. Mas, cabe frisar que a TV não tem
somente esta função. Suas abordagens vão além da diversão, passam pela informação,
chegando até aquilo que é de interesse para as emissoras: o
lucro e a audiência.
Devido à larga escala de programas veiculados em
diferentes canais, o telespectador tem o privilégio de poder escolher o que
deseja assistir na hora que queira, dentro de um país SUBDESENVOLVIDO - O
BRAZIL de pessoas (HUMANOS) escravizados. Esse leque de conteúdos
televisivos só é possível porque as emissoras ofertam conteúdos em horários em
que é possível conciliar o tempo livre com o trabalho.
A empresa Inter Science Informação
e Tecnologia Aplicada realizou aqui no Brazil em 1997, uma pesquisa
que revelou que 61% das pessoas entrevistadas passavam boa parte do seu tempo
livre dentro de suas residências (SOUSA, 1998, p. 22).
Segundo Dejavite [Fábia Angélica Dejavite é
jornalista e doutora em Comunicação e Artes pela Universidade de São Paulo]
(2006), a mídia é o alvo dessas pessoas que procuram lazer, cultura e diversão
nas horas livres. Pois além da diversão, a televisão em especial consegue
oferecer conteúdo para todos os públicos. Ao analisar uma matéria publicada em
maio de 2005 pela revista Época, Dejavite afirma
que a televisão tem o poder sob a vida sociocultural das pessoas:
“A mídia é uma das escolhas preferidas de
entretenimento caseiro e a televisão, um dos principais meios de divertimento.
A maioria dos brasileiros, isto é, 97%, assiste tevê. Cada um gasta em média
4h50min por dia na frente da telinha. A reportagem revelou que o índice de
leitura vem aumentando no país: 38% gostam de ler livros e 47% leem revistas
com regularidade. Não houve menção ao jornal impresso” (DEJAVITE, 2006, p. 32).
Com base nesses dados, podemos observar que o
entretenimento é considerado, na maioria das vezes, como “carta na manga” das
emissoras, para conseguir resgatar a audiência que a concorrência tem
conquistado. Conforme Harris Watts (apud SOUZA, 2004): “O entretenimento é
necessário para toda e qualquer ideia de produção, sem exceções. Todo programa
deve entreter, senão não haverá audiência. Entreter não significa somente vamos
sorrir e cantar. Pode ser interessar, surpreender, divertir, chocar, estimular,
ou desafiar a audiência, mas despertando sua vontade de assistir. Isso é
entretenimento” (WATTS apud SOUZA, 2004, p. 39).
A categoria de entretenimento possui
uma ampla variação de gêneros, entre eles, estão os programas de auditório,
desenho animado, talk show (É um gênero de programa
televisivo ou radialíssimo, em que uma pessoa ou um grupo de pessoas se junta e
discute vários tópicos que são sugeridos e moderados por um ou mais
apresentadores... Normalmente os convidados são pessoas que têm experiência em relação
ao assunto que está sendo tratado no programa) , novelas, reality show, musical, variedades, esportivo, game show etc.
A palavra entretenimento vem do francês entreternir que significa, inicialmente, apoiar;
manter junto; unir. Com o passar do tempo, na televisão, o sentido da palavra
acabou ganhando novos significados: distrair e divertir. Embora existam
diferentes categorias, os programas devem entreter e podem também, aliar seus
conteúdos com a informação. Assim, o espetáculo da diversão do entretenimento,
passa a oferecer emoção e prazer aliados com conteúdo informativos.
INFOtenimento: (É informação
+ entretenimento no jornalismo)
No Brasil, a predominância do fenômeno do
infotenimento é comum. As emissoras conseguiram adequar os formatos de diversos
programas, ligando a informação com o entretenimento, surgindo então, o termo
híbrido que hoje conhecemos como infotenimento ou infotainment.
Assim, “a notícia torna-se espetáculo e faz parte de uma espécie de show de informações” (SOUZA, 2004, p. 130).
A Rede Globo, por exemplo, oferece em sua
programação, diversos programas da categoria infotainment (informação
e entretenimento). Entre eles, estão o Fantástico, Globo Repórter e Bem Estar. A Record, por
sua vez, disponibiliza na sua grade o Fala Brasil, Domingo Espetacular e Hoje em Dia. Um dos
grandes líderes em audiência, exibido pela Band é o CQC (Custe o que Custar).
“O programa semanal recorre a estratégias
humorísticas para construir relatos sobre acontecimentos do campo cultural,
econômico, social e, principalmente, político. Entre as principais marcas estão
às reportagens performáticas, o jogo de sentidos criado por manipulações vídeo
gráficas, o modo irônico como discute os fatos cobertos pela grande imprensa, a
sátira feita a personalidades públicas e a paródia das produções e processos
televisivos, num jogo de permanente intertextualidade” (GOMES; GUTMANN; SANTOS,
2008, p. 6).
O termo infotainment é
recente na televisão, se comparado com os que mencionamos no tópico anterior, o
mesmo surgiu na década de 80 e conseguiu se destacar no final dos anos de 1990,
devido a forte utilização pelos pesquisadores da área da Comunicação, no qual
definiam o termo como todo conteúdo editorial que fornece informação e diversão
ao receptor e, ao mesmo tempo, constitui uma “prestação de serviço” (DEJAVITE,
2006, p. 71).
A variação de conteúdos oferecidos pelos programas
de infotainment é ampla, aborda desde conteúdos de moda e
saúde até a situação política e econômica de um país. O que caracteriza esse
tipo de conteúdo é a forma como os mediadores transmitem a notícia e a estética
do cenário no qual estão presentes. Assuntos que do ponto de vista da
sociedade, são considerados severos e sistemáticos ao se tratar e levantar
opiniões, no infotainment essas notícias são
dadas de forma simplificada e atraentes para melhor compreensão do
telespectador.
Gomes (2009) atribui o advento do infotainment a dois fatores associados entre si: a
consolidação do neoliberalismo e a expansão das possibilidades tecnológicas da
produção, distribuição e consumo da cultura midiática. Embora, ambos os fatores
não estejam ligados diretamente com o infotainment, foi
através deles que o fenômeno conseguiu se desenvolver. Há quem afirme que o
grande marco do infotainment na televisão foi a
Guerra do Golfo (1990-1991), quando as emissoras norte-americanas transmitiram
em 1991, as destruições que o ataque aéreo causou ao Iraque, matando civis,
militares e outras centenas de pessoas.
A televisão naquela época exibia as cenas dos
destroços, bombardeios e as mortes que a guerra ocasionou. Na maioria das
vezes, a transmissão era ao vivo. O infotainment estava
presente até mesmo no primeiro conflito transmitido pelas emissoras de
televisão, a Guerra do Vietnã em 1954. Apesar de o fenômeno ter aparecido neste
cenário – que não tinha nada de diversão –, a forma como as imagens eram
veiculadas foi o que destacou a presença do infotainment.
As imagens exibidas pela televisão, segundo Alves
(2013), eram “idênticas às de um filme, o próprio Vietname [sic] parecia um cenário de um filme, mas real, que mostrava
tudo o que se passava” (ALVES, 2013, p. 8). O contexto visual veiculado nesta
época, não era censurado, todas as imagens captadas eram transmitidas, um
exemplo, foi a execução de um vietnamita na rua com tiros na cabeça, fazendo
com que os jornais circulassem por todo o mundo, as imagens (Anexo C) desse
episódio que chocou a população.
A Guerra do Golfo, ao contrário da Guerra do
Vietnã, teve boa parte das suas cenas sem ser veiculada, isso porque o então
presidente norte americano, George Bush, limitou a presença dos veículos de
comunicação, adotando o sistema “pool de imprensa” [pool de imprensa é
quando se reúne representantes de diversos veículos de comunicação para cobrir
um evento. O sistema “pool de imprensa” é usado quando um ambiente não comporta
todos os jornalistas para fazer a cobertura]:
“[…] no qual Bush escolhia os meios de comunicação
que poderiam estar presentes na cobertura do conflito, submetidos a orientação
militar. Ao contrário da Guerra do Vietname [sic], as imagens que a
televisão capturava transmitiam a sensação de uma guerra limpa, sem mortos, sem
violência, sem perseguições” (ALVES, 2013, p. 9).
Em síntese, o infotainment na
televisão conseguiu se expandir em várias vertentes, chegando até mesmo no
jornalismo, no qual quebrou paradigmas que afirmavam que uma notícia só poderia
ser repassada com seriedade, afim de que o telespectador conseguisse vê
credibilidade no discurso do mediador. Unir informação com entretenimento nunca
rendeu tanta audiência e lucro para as emissoras, como nos últimos tempos.
Jornalismo e entretenimento
Compete ao jornalismo moderno o papel de deixar a
sociedade informada e ao mesmo tempo apta a levantar opiniões sobre os fatos
que a cercam. O entretenimento prima por despertar a atenção do público através
da exploração dos recursos midiáticos levando o telespectador a nutrir seu
imaginário de forma prazerosa. Tudo isso, agrega valor à informação, pois induz
as pessoas a quererem consumir cada vez mais esse tipo de conteúdo aliado com o
entretenimento.
No jornalismo, o infotainment surgiu
antes mesmo da aparição na televisão, quando os jornais impressos tentavam
atrair os leitores com conteúdo que fossem distrair e ao mesmo tempo informar.
A publicidade por sua vez, contribuiu para ampliação desse público, que começou
a consumir esses tipos de conteúdo, devido à criatividade usada nos elementos
visuais que compunham os jornais. “A imprensa introduziu esta técnica por volta
dos anos 30, no século 19, de forma a adquirir mais audiência. A publicidade
era e é o principal sustento do jornal e, como tal, foi necessário adoptar
elementos mais atrativos. Era fundamental o jornal adaptar-se às
mudanças sociais e tornar-se uma das opções de lazer, começando a incluir na
paginação secções como o teatro, livraria, arte, literatura, crimes e
sociedade” (ALVES, 2013, p. 7).
Com o surgimento das chamadas penny press e yellow press no
século 19 (É imprensa
de um penny) nos EUA: jornais com enormes tiragens, vendidos a um preço baixo,
com linha sensacionalista, extremamente popular; faziam de tudo para conseguir
público), a presença do entretenimento na informação ficou mais nítida. Penny press eram jornais baratos, vendidos por uma
quantia mínima considerada pela classe média, no qual facilitava o acesso às
notícias do dia-a-dia de forma mais econômica.
O outro tipo de jornalismo daquela época era o
chamado de yellow press, que focava em disponibilizar poucas
informações nas suas páginas, mesmo assim, conseguia vender vários exemplares
devido aos títulos apelativos nas matérias veiculadas. Dejavite (2006) afirma
que “esse tipo de conteúdo satisfaz nossas curiosidades, estimulam nossas
aspirações, possibilitam extravasar nossas frustrações e nutrem nossa
imaginação” (DEJAVITE, 2006, p. 73).
Falar em entretenimento dentro do jornalismo tem
gerado controversas entre pesquisadores e profissionais da área de comunicação.
Há quem diga que unir o entretenimento com a informação distorce os valores
éticos que o jornalismo prima. Outros afirmam que o elo da notícia com o
entretenimento proporciona a elevação da audiência dentro dos jornais, pois
satisfazem as necessidades culturais do público, aliadas com a diversão.
Gomes (2004) acredita que o jornalismo assume o
compromisso de prestação de serviço para seu público, gerando mecanismos que
proporcionam cada indivíduo escolher e compreender o processo político que o
envolve. Desta forma, o autor considera que a intervenção do entretenimento
nesta área é contraditória, pois não se assimila a natureza da informação.
“O fato é que os parâmetros de seleção, de
organização e de apresentação da informação tendem a responder aos mesmos
princípios que há algum tempo vêm sendo identificados como estruturadores da
comunicação de massas: o entretenimento, como base de referência, a ruptura, a
diversão e a dramaticidade como seus subsistemas. Há de se perguntar como isso se
tornou possível, já que pelo menos aparentemente, a natureza da informação se
demonstra incompatível com uma codificação em chave lúdica” (GOMES, 2004, p.
313).
A forma de espetacularizar a notícia - (Na TV, fonte única
de informação para a maioria absoluta da população brasileira, o principal
produto é o entretenimento e a sua prática contamina todas as demais esferas da
programação não deixando escapar nem o jornalismo. Estão aí as raízes da
espetacularização das notícias)
Esse tipo de conteúdo, para o autor, faz com que os
veículos de comunicação induzam cada vez mais, o receptor a observar menos a
informação a ser passada. A prioridade neste caso seria a utilização de textos
mais curtos, ritmos e posturas mais informais, dando enfoque à estética da imagem.
“Este princípio é apenas o indício de que reina uma lógica da diversão, em cujo
extremo de realização é presidido pela afirmação que nada mais deve ser
solicitado ao destinatário da informação do que um consumo distraído” (GOMES,
2004, p. 315).
Seguindo no mesmo contexto de Wilson Gomes, existem
outros teóricos que afirmam que o fenômeno do hibridismo infotainment, não se associa com as práticas do jornalismo
“sério”, aquele que em suas editorias aborda sobre assuntos da economia e
política de um país, repelindo-se de tudo que aparentemente não é de interesse
do público.
Para o sociólogo Pierre Bourdieu, o entretenimento
dentro na notícia ocasiona déficit de atenção no indivíduo. A sua crítica está
associada à espetacularização da notícia, quando se trata de política. “A busca
do divertimento inclina, sem que haja necessidade de pretendê-lo
explicitamente, a desviar a atenção para um espetáculo todas as vezes que a
vida política faz surgir uma questão importante, mas de aparência tediosa, ou,
mais sutilmente, a reduzir o que se chama de atualidade a uma rapsódia de
acontecimentos divertidos, frequentemente situados a meio caminho entre as
notícias de variedades e o show, a uma sucessão sem pé nem cabeça de
acontecimentos” (BOURDIEU, 1997, p. 139).
Manter a credibilidade do trabalho dos
profissionais de comunicação é um dos itens que Traquina (2004) defende em
separar o entretenimento da informação. De acordo com o autor: “[…] as empresas
jornalísticas e os jornalistas não podem esquecer as regras elementares do
trabalho, como, por exemplo, a verificação da informação, ou o respeito total
pela fronteira entre ‘fato’ e ‘ficção’. A crescente presença das notícias
de infotainment e o crescente apagamento das fronteiras
da informação e do entretenimento com a ascensão dos comunicadores são
tendências que apontam para a importância da identidade profissional dos
jornalistas” (TRAQUINA, 2004, p. 208).
Diante de tantas opiniões que apontam que o
entretenimento não pode ser associado com a informação dentro do jornalismo,
existem estudiosos que primam pela aliança entre ambos, como ferramenta para o
fortalecimento da informação jornalística e por consequência o aumento pelo
consumo de notícias. Dejavite (2006) afirma que qualquer matéria, seja ela,
focada em assuntos mais sérios ou de menor interesse para certo público, pode
informar e entreter ao mesmo tempo. “O limite ético que separa jornalismo e
entretenimento não existe” (DEJAVITE, 2006, p. 72). Sob o ponto de vista dos
aspectos visuais que caracterizam também, o fenômeno do infotainment, Gutmann (2008) defende que:
“Não é possível desconsiderar, por exemplo, que
quando se apresenta na linguagem audiovisual, o discurso jornalístico requer
estratégias de apelo sonoro e visual próprias da TV, vistas como traduções de uma
suposta primazia do prazer e dos sentidos. Esse pressuposto evoca a necessidade
de repensar a tão enraizada oposição valorativa entre informação e
entretenimento de modo a problematizar a própria concepção do jornalismo
moderno, amparada nos ideais iluministas do homem livre e racional” (GUTMANN,
2008, p. 3).
A partir desta outra abordagem, podemos assegurar
que o entretenimento não se configura em aspectos negativos ao jornalismo, mas
como um elemento que atende e satisfaz o receptor da melhor maneira. É possível
considerar também, que o infotainment não
impede a capacidade de críticas e questionamentos sobre a diversão na notícia.
Para Dejavite (2006), esse outro lado do jornalismo ela caracteriza como
notícia light, ou seja, todo conteúdo que distraia, informe e
traga uma informação sobre o assunto publicado.
Dejavite (2006) traça três características básicas para a notícia light:
1) capacidade de distração –
ocupa o tempo livre, para não aborrecer;
2) espetacularização –
estimula e satisfaz aspirações, curiosidades, ajuste de contas, possibilidades
de extravasar as frustrações, nutre a imaginação;
3) alimentação das conversas –
facilita as relações sociais, oferecendo temas de conversação do dia-a-dia,
como boatos e notícias sobre celebridades” (TARRUELLA; GIL, 1997 apud DEJAVITE, 2006, p. 70).
Essa simplicidade no texto jornalístico, não só nos
impressos como também no audiovisual, se destaca devido à recriação dos fatos,
fazendo com que os receptores se tornem mais participativos e atraídos pelo
conteúdo. “Essa mistura de gêneros no jornalismo surge como uma das mais novas
especialidades, denominadas jornalismo de INFOtenimento” (DEJAVITE, 2006, p.
71).
No telejornalismo esse fenômeno é mais evidente
devido à junção de imagens, sons e texto. Se a notícia é dada como espetáculo
no telejornalismo, logo todo o cenário ou ambiente de gravação é visto também
como parte desse espetáculo. Seja essa forma de espetacular a notícia que
acarrete a grande audiência no telejornal com esse formato.
Jornalismo ou
entretenimento?
Alguns programas com grande audiência podem passar por este
questionamento. O CQC (Custe O Que Custar), exibido às segundas-feiras na TV
Bandeirantes, “confunde” boa parte dos telespectadores, que se dividem entre
dois gêneros: jornalismo e entretenimento. O programa, que tem versões no
Chile, Argentina, Espanha e Itália, chegou ao Brasil no início de 2008. Desde o
começo, as pessoas gostaram, caracterizando-o como “jornalismo com bom humor”.
O problema é que o CQC não é um produto jornalístico, e sim humorístico.
O formato, as pautas, os trajes dos apresentadores, enfim, todo o programa se
assemelha muito a um telejornal; porém, a cobertura do CQC prioriza o humor.
Trata-se, portanto, de um programa humorístico, que se utiliza de “fórmulas”
jornalísticas – entrevistas, reportagens, linguajar. Apesar de alguns
integrantes serem formados em jornalismo, eles atuam como comediantes no
programa.
Nas reportagens, a produção utiliza recursos digitais que “brincam” com
os entrevistados, colocando chapéus, aplausos, narizes de palhaço, entre outros
itens. Outro programa que confunde o telespectador é o Globo Esporte. Exibido
de segunda a sábado, às 12h45min, o GE sempre foi jornalístico. Desde 1978, o
programa, inicialmente apresentado por Léo Batista, nunca mudou os padrões,
mantendo-se fiel à cobertura esportiva. A partir de 2009, com o novo
apresentador e editor-chefe, Tiago Leifert, o programa ganhou uma nova “cara”.
Hoje, o programa é entretenimento, uma vez que as piadas e brincadeiras
tornaram-se comuns.
As mudanças não foram rapidamente aceitas pela audiência do programa e
as críticas iam do apresentador até o jeito de se fazer o programa. Antes os
âncoras ficavam sentados em uma bancada como em qualquer outro jornal, agora o
programa é feito em pé e o traje é mais informal.
O Globo Esporte continua informando os telespectadores, com reportagens
e entrevistas. Mas o que transformou o até então produto jornalístico em
entretenimento foi o humor. À partir do instante em que as brincadeiras
tonaram-se frequentes, o programa deixou de ser jornalístico. No dia 1º de
abril de 2011 (Dia da Mentira), o programa foi exibido de forma diferente, com
o apresentador sentado e vestindo terno – o estilo de traje da maioria dos
apresentadores de telejornal.
Mesmo assim, percebeu-se o humor e a ironia na forma pela qual o âncora
apresentava o programa, referente ao dia exibido e à brincadeira com o time
Corinthians. A atração “São Paulo Acontece”, exibida pela Band às 13h, de
segunda à sexta, também pode ser citada para exemplificar o tema.
O programa começou voltado para matérias com as quais o apresentador
José Luiz Datena está acostumado: a cobertura de crimes pela polícia, acidentes
nas rodovias, etc. Porém, com a grande audiência obtida pelo “Jogo Aberto”, que
o antecede e é apresentado por Renata Fan, o modelo editorial foi mudado,
passando-se a usar reportagens veiculadas e comentaristas do programa anterior.
O entretenimento se tornou mais forte na atração do que o jornalismo,
pois as matérias são cortadas ao meio, faz-se brincadeiras de todo o tipo e os
jornalistas interrompem uns aos outros em qualquer momento. Quando o foco do
programa deixa de ser informativo, o jornalismo acaba ficando de lado para dar
lugar somente ao interesse de seus produtores: a audiência.